Família denuncia desaparecimento de ossada de cemitério; prefeitura emite nota sobre caso
O desaparecimento da ossada de um homem, sepultado em 2006, no cemitério municipal de Barbosa Ferraz, se tornou pivô de polêmica na cidade. Os restos mortais são de Waldemir Martins dos Reis. A família quer explicações da prefeitura. O caso foi parar na polícia e Ministério Público (MP). Na manhã desta quinta-feira (21), uma nota assinada pelo prefeito do município, Edenilson Miliossi, foi encaminhada à imprensa comentando o caso. Ele disse que a prefeitura está prestando todas as informações solicitadas pelas autoridades.
O caso
Familiares denunciam um caso de violação de túmulo e desaparecimento da ossada de Waldemir Martins dos Reis. Segundo os familiares, os restos mortais de Reis foram retirados do cemitério sem autorização. O filho de Waldemir, Diego Martins dos Reis, foi quem descobriu a situação, durante uma visita ao túmulo do pai, em janeiro deste ano.
Ele procurou a polícia e fez um registro da ocorrência. No boletim, Diego relatou que visita o túmulo sempre que vai à cidade, mas que há dois anos não ia ao município. Ele é caminhoneiro. Reside em Curitiba. Segundo Reis, ao chegar ao cemitério, no início deste ano, pediu ajuda ao coveiro para localizar o túmulo do pai, mas não foi encontrado. Segundo o boletim, ao chegarem ao túmulo, o coveiro teria dito que não seria mais aquele. O filho, porém, reconheceu a sepultura, em cimento bruto e sem identificação.
Diego então deixou o cemitério e seguiu à prefeitura em busca de esclarecimentos. Porém não teve explicações, sendo orientado, conforme consta no boletim de ocorrência, a ‘buscar seus direitos’. Ele então voltou ao cemitério. Novamente em conversa com o coveiro foi informado que outra pessoa foi enterrada no local e que restos mortais anteriores tinham sido removidos.
A família de Waldemir Martins dos Reis, filho de família pioneira da cidade (e irmão do falecido empresário – Lojão Azul – e suplente de vereador Arlindo Martins Filho em duas gestões), possui Título de Aforamento Perpétuo do lote no cemitério municipal, emitido 2016. O filho disse que o sepultamento do pai aconteceu em julho de 2006 e que o Título de Aforamento Perpétuo do lote na quadra nº 38 – em posse da família – foi emitido pela prefeitura em 2016.
Na visita à prefeitura, logo após a descoberta das irregularidades, Diego foi informado na recepção que nenhuma documentação sobre o terreno no cemitério foi localizada pela administração municipal. Também de acordo com o boletim da ocorrência, o coveiro teria adiantado que a remoção dos restos mortais para o novo sepultamento teria ocorrido no período de dois anos que o denunciante ficou sem ir a Barbosa Ferraz.
Ele não foi informado sobre o nome do novo ocupante da sepultura ou a destinação da ossada do seu pai. O boletim da Polícia Civil qualifica a natureza da ocorrência como ‘destruição, subtração ou ocultação de cadáver’, além de crime contra sentimento religioso e contra respeito aos mortos’.
Passados cerca de 50 dias do registro da ocorrência na Polícia Civil e da denúncia junto à prefeitura, a família de Waldemir Martins dos Reis ainda espera por explicações. “Queremos não apenas que a prefeitura nos devolva os restos mortais de Waldemir Martins dos Reis. A família exige provas legais de que são realmente dele. Trata-se de uma questão de respeito”, desabafa a irmã de Waldemir, Valnice Aparecida dos Reis.
Outro lado
Sobre o caso, a prefeitura de Barbosa Ferraz divulgou uma nota de esclarecimento. O prefeito da cidade, Edenilson Miliosssi, disse que a prefeitura está prestando todas as informações solicitadas pelas autoridades. “Estamos procurando entender o que está acontecendo. Entendemos a decepção da família, mas estamos empenhados para resolver a situação e descobrir o que houve”, afirmou.
Íntegra da nota
“O filho do senhor Waldemir Martins dos Reis, Diego Martins dos Reis, esteve no Setor de Tributação solicitando informação da localização do túmulo do seu pai, ocasião em que a servidora responsável pelo setor de cemitério lhe informou que a localização dos túmulos é de responsabilidade da família, vez que se trata de um sepultamento antigo. Nos registros da data do óbito que foi lhe passada a mesma não encontrou nenhuma informação sobre o sepultamento deste, como também no documento por ele apresentado só consta o número da quadra e não da sepultura (assim como estão todos títulos de aforamentos feitos naquela época). No período da tarde o mesmo retornou e informou que esteve no cemitério e lá foi-lhe passado a informação. Segundo ele, no túmulo que ele entendia ser do seu pai (já que no primeiro momento o mesmo veio até a prefeitura solicitando a informação de onde o seu pai havia sido sepultado), havia outra pessoa sepultada. Diante disso, ele registrou Boletim de Ocorrência. O município está prestando todas as informações solicitadas pelas autoridades”.