Bombeiro de Campo Mourão relata cenário desolador no Rio Grande do Sul

O subtenente De Souza e o cabo Barbon, do Corpo de Bombeiros de Campo Mourão, retornaram da força tarefa de salvamento e resgate de pessoas e animais no Rio Grande do Sul, atingido por fortes enchentes das chuvas, que caem no estado desde o dia 25 de abril.

De volta a Campo Mourão, após 10 dias de operação no estado gaúcho, o militar disse que o cenário por lá é desolador. “Um cenário de guerra”, resumiu. Em toda sua carreira de bombeiro disse nunca ter visto algo parecido.

De Souza e cabo Barbon saíram de Campo Mourão no dia 8 de maio, compondo um grupo de 37 bombeiros militares. Todos especialistas em resgate e salvamento, inclusive em meio aquático. Os dois participaram da força tarefa do Paraná na cidade de Canoas, no bairro de Fátima, ou Estação de Fátima, como também é conhecido o local. “Ali estabelecemos nossa base e região de atuação. A prioridade era o resgate de pessoas e animais vivos, mas em algumas intercorrências, resgatamos também vítimas em óbito”, lamentou.

O bombeiro relatou que viu bairros inteiros embaixo d’água. “Uma situação bem caótica. Difícil até de descrever pela dimensão que foi. Cenas chocantes de pessoas afetadas direta e indiretamente. Mas por outro lado, a solidariedade também da população em geral e do próprio Corpo de Bombeiros de lá. Imagino que qualquer outra região não estaria preparada para uma ocorrência dessa magnitude”, relatou De Souza, ao dizer que para ele foi ‘uma satisfação’ poder ajudar o povo gaúcho.

De Souza ressaltou que a prioridade das equipes era o resgate de vítimas e animais vivos, mas que nos dias finais de operação resgataram também quatro pessoas mortas ainda presas dentro de suas casas. Vítimas que não conseguiram sair antes da chegada das águas, morrendo afogadas. “Uma situação muito triste”, lamentou. Ele disse que ao retornarem do Rio Grande do Sul, o Governo do Paraná encaminhou mais uma equipe a outra região para continuar as buscas.

Subtenente De Souza com outros Bombeiros da Força Tarefa durante o resgate de animais

O bombeiro falou que os atingidos parecem ainda ‘anestesiados’ com a situação. Ou seja, seguem sem saber para onde ir ou o que fazer já que perderam tudo o que tinham. Em alguns casos, incluindo familiares. “Muitas pessoas não têm mais nada. Estão em abrigos, muitas vezes separados da família. Pessoas que perderam entes queridos. Muitos ainda continuam desaparecidos com suas famílias sem saber se estão vivos ou morreram em meio a tragédia”, disse De Souza.

O subtenente acredita agora que a principal prioridade do estado gaúcho, após o término das buscas por desaparecidos e resgate das vítimas, será planejar um trabalho de reconstrução das cidades com segurança aos moradores. “A partir de agora, qualquer chuva voltará a causar alagamentos. As autoridades daquele estado e das cidades terão de repensar a reconstrução dos municípios de forma segura”, alertou.

Cuidados

O bombeiro informou que as equipes do Paraná passaram por tratamento profilático antes e depois das ações de buscas para evitar contaminações. Além disso, estão recebendo acompanhamento psicológico pelo Estado.

Vale destacar que no ano passado, De Souza já esteve no Vale do Taquari, também no Rio Grande do Sul, onde participou de buscas por atingidos por enchentes. Ele disse, no entanto, que desta vez a tragédia climática foi muito maior. “Em toda minha carreira de Bombeiro é a primeira vez que vejo uma ocorrência desta magnitude”, reafirmou, ao manifestar solidariedade ao povo gaúcho.