Ações conjuntas são propostas para atender pessoas em situação de rua
Um trabalho conjunto, envolvendo a Secretaria Municipal de Assistência Social (Seaso), a Casa de Passagem São Bento José Labre, a Catedral São José e a Polícia Militar Campo Mourão, iniciou na manhã desta segunda-feira (19), propondo ações para atender pessoas em situação de rua, sobretudo que têm se alojado na praça São José.
A Seaso vem recebendo queixas e manifestações de preocupação por parte da população mourãoense em relação às pessoas que se encontram em situação desumana, dormindo e, até mesmo, cozinhando na praça São José. Por isso, a intervenção para além dos trabalhos que já são realizados pela Assistência Social do município tem sido necessária, neste momento, principalmente porque algumas pessoas estão “privatizando” o espaço público da cidade.
“Eles estão cozinhando, então, coloca o risco de provocar um foco de incêndio, estão trazendo colchões. É uma questão delicada, porque é privatizar um espaço púbico”, falou a secretária da Seaso, Márcia Calderan, destacando que não há proibição de eles ficarem nesses locais, desde que não causem riscos a terceiros. Diante disso, uma reunião com toda a rede de atendimento foi realizada para buscar medidas e propor as ações que serão intensificadas.
Participaram profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps II e Caps AD – álcool e drogas), o Frei Simplício, representante da Casa de Passagem, o padre André Arnaldo Rodrigues Camilo, da Catedral São José, uma equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e uma equipe da Polícia Militar, que também dará apoio às ações propostas. “Nós acreditamos que, com todos esses serviços, vamos conseguir um bom êxito”, enfatizou Márcia.
A secretária explicou como os serviços serão realizados. “A nossa intenção é primeiro conhecer quem está ficando aqui na praça. A maioria já é atendido no Creas, então, nós vamos reencaminhá-los para tratamento no Caps AD, no Caps II e para que durmam na Casa de Passagem”, disse. Ela reforçou que não faltam vagas nesses serviços atualmente. Na Casa de Passagem, por exemplo, são oferecidos pernoite, jantar e café da manhã.
“Mas infelizmente, por conta às vezes de vício, álcool ou drogas, eles não querem [atendimento]”, lamentou Márcia. Por isso, conforme a representante da Assistência Social, também é realizado um trabalho conjunto com a saúde, propondo às pessoas que estão nessa condição primeiramente o tratamento, para depois ser possível dar continuidade aos atendimentos com os serviços oferecidos pela Seaso para ajudar essa população a sair dessa situação.
Ainda conforme Márcia, em geral, as recusas nos atendimentos oferecidos partem da questão emocional e pelo fato de que muitas são pessoas doentes. “Esse público precisa de ajuda, primeiro nessa questão emocional, nos vínculos familiares, no tratamento, e depois sim nessa saída das ruas”, disse.
A secretária ressaltou que todas as pessoas têm direitos. Nesse caso, para serem encaminhadas para abrigo ou algum tipo de tratamento, elas precisam querer. “Mesmo quando a gente vai para uma abordagem, nós oferecemos o atendimento, a gente não obriga nem impõe”, reforçou.
Embora haja variações frequentes, hoje, há mais de 30 pessoas em situação de rua em Campo Mourão, segundo a secretária. Somente com o trabalho do Creas Pop, Márcia informou que nove pessoas já foram retiradas das ruas recentemente. “Mas essa reconstrução de projeto de vida é muito difícil, porque inicialmente eles têm uma recusa”, afirmou.