Aos 70 anos, dona Margarida não deixou de votar nas eleições 2024

Dona Margarida Castaldo tem 70 anos e vive no Lar de Idosos São Joaquim e Sant’Anna, em Campo Mourão. Nada a impediu de exercer o seu direito ao voto nas eleições municipais deste ano, nem mesmo a não obrigatoriedade de votar, em função da idade. “Eu sempre votei. É um direito meu votar, é exercer minha cidadania e enquanto estiver viva irei votar”, disse Margarida.

A decisão de exercer esse direito enquanto cidadã não é de hoje. Ela disse à TRIBUNA que é eleitora desde os 16 anos de idade, também antes de o voto ser obrigatório. “Sempre trabalhei na eleição e tenho consciência da importância de fazer uma boa escolha”, ressaltou. Nas eleições deste ano, o sentimento que Margarida tem é de ter ajudado a decidir o futuro da sua cidade.

“Começou pela escolha do meu candidato, pois com isso me renova a esperança em mudanças boas na cidade, na educação, na segurança”, afirmou, ao acrescentar que, para tomar a decisão, ela acompanhou as propostas dos concorrentes pela televisão e rádio, além de já conhecer os candidatos escolhidos por ela há muito tempo. Além disso, disse que se pautou nos critérios honestidade e educação para tomar a sua decisão.

População idosa: importância do voto

Conforme o Artigo 14, Inciso II, da Constituição Federal, o voto é facultativo para pessoas maiores de 70 anos. Apesar de parte da população acima dessa idade abster-se de votar, seja por algum impedimento, como questões de saúde, seja por decisão própria, a neuropsicopedagoga e gerontóloga Claudeni Bonelli, responsável pelas atividades desenvolvidas com os atendidos no Lar de Idosos de Campo Mourão, destacou alguns pontos sobre a importância de esse público continuar exercendo esse direito enquanto puder. “A participação dos idosos é importante tanto do ponto de vista emocional quanto cognitivo”, enfatizou.

Do ponto de vista emocional, o que prevalece é o sentimento de pertencimento. “Pertence à sociedade, está contribuindo com ela, isso aumenta a autoestima, a satisfação pessoal, também dá uma sensação de empoderamento, porque votar é ter um certo controle das decisões da própria vida, do ambiente social que está inserido”, explicou.

Em termos cognitivos, ao realizar essa ação, os idosos começam a exercitar o pensamento tempos antes de votar especificamente. “Quando o idoso está se preparando para votar, ele começa a ouvir sobre os candidatos, acompanhar nas redes sociais, na TV, no jornal, no rádio. Então, isso tudo estimula o cérebro e mantém as funções cognitivas ativas”, destacou a profissional.

Claudeni elucidou, ainda, que, a tomada de decisão também envolve uma análise crítica, julgamentos, aspectos que são importantes para a saúde mental. “Também através do voto, ajuda o idoso a sentir parte do processo democrático, promovendo entendimento sobre política, sociedade”, lembrou, ao acrescentar que esse ato contribui para os idosos terem autonomia e independência.