Presidentes de associações de bairros não acham interessados na sucessão

Quase metade das 63 associações de moradores legalmente constituídas em Campo Mourão está com diretorias com mandatos vencidos, algumas há anos. Dessas, a maioria dos presidentes quer entregar os cargos, mas não conseguem encontrar interessados em assumir o comando dessas entidades. Vale lembrar que o cargo não é remunerado.

“Mais de 20 associações estão com mandatos vencidos. Tem presidente que até mudou do bairro e nem o vice quer assumir. Me entregou a documentação, temos conversado com as lideranças, mas não tá fácil encontrar interessado”, disse o presidente da União dos Presidentes das Associações (Uprescam), Lineo Quadros, 

Para ele, a falta de tempo das pessoas em função de atividade profissional e o próprio desinteresse dos moradores nos assuntos do bairro são os principais fatores que desestimulam candidaturas à presidência. “Muita gente gosta de trabalhar pela comunidade, mas encontra dificuldades de ordem pessoal. Além disso, as associações não são mais tão respeitadas pelo poder público como eram antigamente”, avalia Lineo, ao acrescentar que a prefeitura tem o próprio cronograma de trabalho para os bairros e não costuma levar em conta pedidos das associações. 

Em contraponto, há associações atuantes, como é o caso do Jardim Araucária, da qual Lineo faz parte. “No nosso bairro temos uma sintonia entre vizinhos como no tocante a segurança, para um cuidar da casa do outro. E também fazemos eventos para angariar recursos aplicados em melhorias no bairro”, exemplificou. Entretanto, as associações que podem ser consideradas atuantes no que se refere a representação e ações envolvendo a comunidade não passam de 10.

Lineo explica que a partir do momento que a associação é constituída se torna uma pessoa jurídica e isso gera responsabilidades. Uma delas é a necessidade de prestar contas. Por sinal, vence no próximo dia 28 de fevereiro o prazo para as prestações de contas das associações à Receita Federal. “Mesmo que não tenha movimentação financeira tem que prestar contas, sob pena de multa de R$ 200,00”, informa o presidente da Uprescam. Atualmente, 54 associações estão legalizadas com CNPJ e dessas, 12 estão inadimplentes com a prestação de contas.

Essas questões burocráticas, segundo ele, também desestimulam o interesse em assumir a diretoria. “É um serviço voluntário em que especialmente o presidente tem despesas”, pondera Quadros. Além de locomoção e documentos, cada mudança de diretoria deve ser registrada em cartório, o que custa atualmente R$ 78,00.