Pela 1ª vez, Goioerê deixará de fazer a festa do prato típico

Pela primeira vez desde que foi criada, em 2003, a Festa do Leitão Maturado não será realizada este ano em Goioerê. A decisão é do prefeito Pedro Coelho, anunciada durante reunião com as entidades envolvidas na organização. O prefeito queria unir a festa com a ExpoGoio, que é promovida pela Sociedade Rural do município, mas as entidades que comercializam os convites não concordaram.

Segundo a imprensa de Goioerê, a prefeitura ainda não anunciou oficialmente o cancelamento do evento, mas pelo resultado da reunião, a decisão já é certa. A unificação dos dois eventos já foi uma tentativa do prefeito no ano passado pelo fato do evento ser deficitário. 

A Festa do Leitão Maturado já chegou a ser considerada um dos maiores eventos gastronômicos do Paraná. Em 2012 foi organizada para 10 mil pessoas. A festa começou a reduzir de tamanho em 2018, quando houve o adiamento e o evento foi realizado em novembro, com um público pequeno em relação a anos anteriores. No ano passado foi reduzida ainda mais para diminuir despesas. 

Tendência regional

A região de Campo Mourão (Comcam) se tornou conhecida pelo fato da maioria dos 25 municípios terem pratos típicos como principais eventos do ano. Porém, a crise financeira, aliada à dificuldade de organizar eventos como esses, fez com que boa parte das prefeituras abrisse mão dessas festas. 

Em alguns municípios, entidades assumiram a organização. Mas onde isso não ocorreu, a festa simplesmente deixou de ser realizada. Foi o caso de Luiziana, que em 2019 deixou de servir o prato típico Boi na Brasa. “O cenário econômico está bastante complicado, não só a prefeitura sente isso, mas todo o comércio e empresários”, justificou o  prefeito Mauro Slongo, ao comentar sobre a dificuldade de fechar patrocínios para o evento.

Em Campo Mourão, onde o “Carneiro no Buraco” ficou famosa até no calendário nacional, no ano passado teve a exótica iguaria servida por duas entidades apenas em um almoço para um número reduzido de pessoas. O prefeito Tauillo Tezelli disse que a prefeitura não tem condições de bancar os custos do evento, que em 2018 gerou um déficit de mais de R$ 300 mil aos cofres públicos. 

“Além disso, se a prefeitura faz, tudo tem que ser licitado e vários departamentos praticamente param para cuidar só da festa. E isso não faz sentido, porque a prefeitura não tem estrutura para organizar festa, ela existe para cuidar dos serviços públicos que atendam toda a população”, analisa o prefeito. Este ano, a prefeitura reuniu as entidades para pedir apoio para realização de um almoço, em um único dia.

Assim como em Campo Mourão, no ano passado os pratos típicos de Mamborê (Leitoa Mateira) e Peabiru (Carneiro ao Vinho), foram servidos por entidades, apenas com o apoio das prefeituras. Em Rancho Alegre do Oeste não teve a Festa da Tilápia no Tacho, nem a Expo Rancho, principais eventos da cidade. “Se insistíssemos poderíamos comprometer o equilíbrio fiscal do município”, justificou a prefeita Suely Pereira. 

Em Fênix, o prato típico “Peixe na Cerâmica” também foi servido apenas num almoço para servidores públicos e convidados. O evento nem chegou a ser divulgado e fez parte da programação dos 59 anos de emancipação da cidade. 

O prefeito de Barbosa Ferraz, Edenilson Miliossi, que é o presidente da Comcam, chegou a cogitar cancelar a festa do “Porco Garantido” no ano passado. “Só mantivemos porque é uma forma de receber os visitantes e a renda ajuda a Apae e o Lar dos Idosos. Mas pensamos seriamente em não fazer porque a festa não se paga e o resultado líquido é pequeno comparado a todo trabalho de organização”, ressaltou.

Segundo ele, o município teve um custo de cerca de R$ 70 mil com a festa, além de trabalho voluntário de servidores municipais e das entidades. “Cancelar é uma decisão difícil para os prefeitos, mas chega uma hora que não tem jeito. Tenho ouvido vários colegas dizendo que não vão fazer mais”, acrescenta Miliossi.