Vítimas do voo 2283 da Voeass, Hiales e Daniela viveram pouco. Mas intensamente

Moreira Sales, 4 de agosto de 2024. Naquela tarde, Ercília recebe uma mensagem em seu celular. Era o filho Hiales, que morava em Ubiratã. Ele pedia dois temperos caseiros, um frasco de pimentas e um pequeno saco de mandioca. Tudo feito pela mãe, a partir de receitas de 40 anos, por ela elaboradas. Os produtos foram entregues a ele um dia depois, numa festa de aniversário da avó, em Umuarama. O que Ercília não podia imaginar é que este seria o último pedido do filho. Dias depois, 9 de agosto, Hiales e a esposa, Daniela, entrariam no voo 2283 da Voepass com destino a São Paulo. Mas a viagem foi interrompida. Por motivos ainda não elucidados, o avião caiu, matando 62 pessoas. E transformando a vida da família num emaranhado de vazio e escuridão.

Hiales Carpiné Fodra, 33, era o caçula de três irmãos. Nasceu em 1990, em Umuarama. Mas cresceu em Moreira Sales, onde os pais, Ariosvaldo e Ercília, continuam morando. Até adolescente, era um menino quieto, de poucas palavras. Reservado e observador. Mas sempre, com espírito empreendedor. Ariosvaldo, ou apenas Ari, como é conhecido, não entendia porque o filho era assim, ainda mais vindo de raízes italianas, onde a língua não tem papas.

Aos 12, Hiales pediu ao pai que fizesse uma pipa. Atencioso, prestou atenção na montagem. Dias depois, já confeccionava as próprias pipas, agora, com hastes de bambu. Mas não era ao seu desfrute, não. Era para vender. Começava aí, um caminho de sucesso, sem voltas, com ênfase ao trabalho. Há quem diga que, onde Hiales botava a mão, a coisa se transformava em ouro.

Possivelmente, o divisor de águas entre a timidez e a sua desenvoltura comunicativa, tenha acontecido na universidade. Sempre estudando em escolas públicas, passou no vestibular para agronomia em 2007, em Umuarama. E foi neste período, de cinco anos, quando o diamante foi lapidado. Hiales deixou a timidez e passou a ser um outro Hiales. Um Hiales transformador, ousado e, a bem da verdade, um líder. Não é exagero dizer que, em sua breve vida, traçou e planejou tudo o que quis. E as coisas vinham se desenrolando como o previsto. O que ele não sabia é que, contra o destino, nada se faz.

Com muitos amigos em sua breve passagem terrena, Hiales era bastante considerado. Não apenas pelo lado amigável, mas pelos conselhos profissionais que sugeria. Ao seguir a mesma carreira, na agronomia, um dos tantos amigos revelou: “Ele sempre dizia que eu teria que ser o primeiro em tudo. Eu segui o conselho. E deu tudo certo”. Para outro amigo, Hiales entendia sobre vitórias. “Sempre ouvi elogios sobre ele. Principalmente, por ser proativo, idealista, íntegro, honesto, batalhador e extremamente comprometido. Era um profissional muito respeitado”, afirmou.

Formação

No último semestre da faculdade, Hiales foi selecionado para estagiar em uma multinacional. A faculdade de agronomia foi concluída em 2012. E, logo após deixar os bancos universitários, estava contratado pela mesma empresa. O emprego era em Balsas, no Maranhão. E pra lá ele foi. Começava neste momento o planejamento de tudo o que almejava. E até mesmo, coisas que não apareciam no seu roteiro. Mas que viriam agregar à sua vida. Aliás, com muito amor. Foi então que Daniela Schulz cruzou o seu caminho. “Me lembro dele ter me ligado. Disse que conheceu uma baita loiraça. Falou que já ia grudar nela antes que outro se aproximasse. Então, nunca mais a largou. Foi amor a primeira vista”, lembrou Rugles, o irmão de Hiales.

Agora, namorando Daniela, em 2013 foi transferido a Bom Jesus, no Piauí. Lá, trabalhando na mesma empresa, passou a ganhar mais, já que havia sido promovido a Representante Técnico de Vendas (RTV), trabalhando com defensivos agrícolas. Permaneceu ali até 2015, quando recebeu proposta de uma concorrente. Arrumou as coisas e se mudou com a companheira à Ubiratã, no Paraná. Além de uma boa proposta, a oportunidade o colocava mais uma vez, perto da casa de seus pais. E ele jamais abandonou o aconchego, o carinho e os temperos da casa. Hiales era um excelente filho. Cuidadoso e zeloso com os genitores.

Até 2019, Hiales fez o que tinha que fazer. Trabalhou duro, rompendo e destruindo todas as metas impostas pela empresa. Mas não há nada que dure para sempre. Se vendo bastante pressionado, começou a ter, digamos, um comprometimento de sua qualidade de vida. Hiales era engajado e dedicado demais aos resultados. Os próprios familiares diziam, como lembra o irmão, que, por vezes, ele precisava “tirar o pé”.

Foi então que, almejando outro desejo de infância, estudou incansavelmente ao concurso da Polícia Rodoviária Federal. Trabalhava de dia e estudava a noite, por longos três meses. Não largou o osso da empresa até ter certeza de sua aprovação. E sempre planejado, se inscreveu à PRF no Acre, onde analisou e concluiu que, estatisticamente as chances de passar seriam maiores. Foi um tiro certeiro. Passou. Mais uma vez, planos executados e consolidados.

Genético do avô

Muito provavelmente, a cabeça focada no futuro, foi herdada geneticamente do avô paterno, Irineu. Ari conta que o pai tinha faro aos negócios. Descendente de italianos, deixou o interior de São Paulo, ainda nos anos 50, para arriscar a vida nas terras vermelhas do Paraná. Primeiro adquiriu um sítio em Ibiporã. Mas visualizando áreas mais produtivas e, melhores condições financeiras à sua família, desafiou o destino e comprou outra propriedade, em Moreira Sales.

Pagou 60% da propriedade, devendo outros 40%. Para quitar a dívida, colheria o café de Ibiporã e da própria área adquirida. Estava tudo certo, até a geada de 1966 acabar com todos os seus planos. Perdeu tudo. “Desesperado, ele resolveu apostar na mamona. Era a única alternativa para sair da dívida. Plantou e, quando foi colher, o preço havia mais que dobrado. Ele não só pagou a conta, como ainda sobrou dinheiro”, lembrou Ari. Em tempo, Ari mantém parte da mesma área deixada pelo pai até hoje.

O que, definitivamente, Hiales não puxou o avô, foi no futebol. Apesar dos dois terem sido bons jogadores – Irineu foi profissional do XV de Jaú – o neto torcia ao Palmeiras, enquanto o avô, ao Corinthians. De modo geral, cada um com os seus “problemas”.

Policial e casado

Dois anos antes de se tornar um policial, Hiales decidiu consolidar sua grande paixão. E pediu a mão de Daniela em casamento. A cerimônia aconteceu em Moreira Sales, em 2017. O amor entre os dois era algo de outras vidas. Agora casado, os planos aumentaram. Na carreira como federal, ele pensava na aposentadoria integral, deixando a “turminha” que nem existia ainda, garantida no futuro. E falando nela, o planejamento era o casal se transformar em três, em 2025.

No Acre, os dois moraram nos anos de 2020 e 2021. Tempos de pandemia. Época em que Hiales atuou “na pista”, com se diz entre os policiais. Mais tarde, acabou integrado à equipe de inteligência da corporação. Mas longe da família, conseguiu em 2022, ser transferido à Guarapuava. O casal morou novamente em Ubiratã, até 2023, quando ele foi transferido para Naviraí, no Mato Grosso do Sul.

Mas, digamos que, a “veia empreendedora” do Hiales não parou de pulsar. E diante de uma oportunidade de empreender, assumiu uma representação comercial de outra gigante do agro. E diante disso, pediu licença da polícia. Apesar da atuação como policial, Hiales veio do agro, e jamais tirou o olhar desse mundo. Seu desempenho inicial no ramo abriu caminhos para assinar o contrato. E lá, pra variar, obteve excelentes resultados, agora sendo remunerado mediante comissionamento.

Atuando no agro, ele continuou investindo em si. Estava cursando uma pós-graduação em Psicologia do Marketing, pelo Instituto de Ciências da Mente (ICIM), além de ter passado um período nos Estados Unidos, no final de 2023, aperfeiçoando seu inglês.

Hiales se especializou, se desenvolveu e entregou resultados. No entanto, o melhor contrato de sua breve vida veio este ano. Ao assinar novamente com uma multinacional, com um portfólio líder no mercado de sementes, realizou o últimos dos possíveis planos. Em um áudio enviado a seu irmão ele confidenciou: “Estou realmente muito feliz. Estou em uma vaga muito boa… o clima de estar de volta, quando você sente que está voltando pra casa, que é sua identidade, seu alinhamento. Reencontrar o pessoal de outros tempos e ver o pessoal genuinamente feliz por eu estar voltando e estar integrando o time…”

E, como o negócio dependia apenas dele, dinheiro passou a vir na mesma proporção em que se empenhava e produzia. “Meu irmão sempre se garantiu no que fazia. Se algo dependesse apenas da vontade e esforço dele, então, era negócio certo”, disse Rugles. Tão obcecado por tudo o que planejava, Hiales tatuou no corpo a mensagem: “Trabalhe. Sirva. Seja forte. Não encha o saco”. Frase do psicanalista Ítalo Marcili, que Hiales teve contato por meio de seu curso no ICIM.

Hiales também apoiou Daniela a empreender. Ao mesmo tempo em que atuava nas vendas, ele e a esposa iniciaram os planos de montar uma academia somente para mulheres, em Cascavel, a qual seria uma das maiores academias da região. Antes, porém, Daniela queria fazer uma espécie de vitrine através de suas conquistas no fisiculturismo. Em abril deste ano, em Portugal, ainda como atleta amadora, ficou em primeiro lugar no campeonato que a habilitou como profissional.

Daniela competia na categoria Wellness, divisão do fisiculturismo feminino que visa a um corpo atlético e esteticamente agradável, com menos musculatura do que as categorias mais pesadas. O próximo passo agora, era participar de duas competições nos Estados Unidos, como profissional. Assim como Daniela apoiou e seguiu Hiales em seus projetos, ele mergulhou com ela no universo do fisiculturismo. Mas o voo para os EUA, saindo de Cascavel, no dia 9 de agosto, as 11h50 deste ano, era o 2283, da Voepass.

Daniela

Daniela tinha 30 anos. Nasceu em 1994, na cidade de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul. Ela trouxe consigo a tradição do local ser uma espécie de berço de mulheres bonitas. Há anos, deixou o Sul para trabalhar ao lado do irmão, Luciano, em Balsas, no Maranhão. Lá, cursava Ciências Contábeis. A vida se transformou ainda em 2013, quando o destino levou até ela, o “galã” Hiales. Juntos, um casal imbatível.

Após o casamento, em 2017, Daniela atuou como bancária. Mas ao se mudar ao Acre, em 2020, continuou trabalhando com finanças, de forma remota, como instrutora de um curso preparatório de certificações. E foi nesta época, quando começou a desenvolver trabalhos nas redes sociais como modelo para perfis empresariais.

Em 2022, em Ubiratã, Daniela decidiu investir em uma loja de moda fitness. Acabou pegando a onda, iniciando uma rotina de treinamentos. Tão dedicada, em 2023 passou a competir no fisiculturismo. Venceu campeonatos regionais. E em abril de 2024, se qualificou como PRO CARD, um nível profissional dentro do fisiculturismo, ao participar de uma competição em Portugal.

Passou a ser patrocinada e intensificou seus treinos para competições maiores. Hiales cuidava do preparo de suas marmitas balanceadas. Na viagem, interrompida pela tragédia, Hiales e Daniela estavam a caminho dos Estados Unidos, onde ela participaria de uma competição em Tupelo, Mississippi, no dia 17 de agosto. Além de outra em Phoenix, Arizona, em 24 de agosto. Eles viajaram mais cedo para que Daniela pudesse se preparar, e também para comemorarem o aniversário de 34 anos de Hiales, no dia 16. Conhecer o Grand Canyon estava nos planos do casal. Daniela também estava em ascensão em sua carreira, já sendo também uma influencer respeitada em sua região.

Um amigo revelou que Daniela era uma jovem cheia de vida. Era alegre, brincalhona e com uma energia que irradiava positividade. “Sua ausência deixou um vazio enorme. Sentido por todos os atletas que a conheciam. As homenagens que surgiram de toda a parte apenas reforça o quanto ele era amada e respeitada”.

Antes de entrarem naquele avião, o casal já havia iniciado as obras da construção da academia, em Cascavel. Deixaram o carro no estacionamento da academia, e partiram para o aeroporto. Daniela deixou a mãe Marli e os irmãos Márcia, Eder, Luciano e Carina. Tanto Hiales, como Daniela, eram os caçulas de suas famílias.

Planos do casal era montar uma academia na volta dos Estados Unidos

O dia do acidente

Naquele 9 de agosto, ainda pela manhã, Ercília enviou uma mensagem a Hiales: “Passando para abençoar vocês e dizer que eu os amo muito. Deus abençoe a viagem de vocês”. Embora não tenha respondido à mãe, ele a visualizou. “Ele sempre dizia pra eu ficar tranquila quando viajava de avião. Falava que voar era bem mais seguro que carro”, lembrou ela.

Já Ari estava em seu sítio. Não se trata de uma grande propriedade, não. Ela é pequena. Mas o suficiente para suas criações e hortaliças, as mesmas que integram os temperos feitos pela esposa, Ercília. Mas, por volta das 14h, um cunhado liga. E pergunta aonde ele está e se está sozinho. “Naquele momento fiquei preocupado. Ainda mais quando me mandaram o vídeo do avião caindo”, lembrou Ari.

O pai achou que o filho já estava em terras americanas. E chegou a enviar o vídeo a Hiales. “Mandei o vídeo do avião caindo pra que ele visse. Mas ele não recebeu. A preocupação aumentou depois que o mesmo cunhado falou pra que eu ficasse calmo, e que tudo era especulação. Eu não sabia se ele estava naquele voo. Foi quando liguei ao meu outro filho. E ele confirmou que sim, Hiales estava lá”.

Com as pernas bambas e, desesperado, Ari dirigiu até a cidade. Foi até a escola em que Ercília lecionava e a apanhou. Juntos, os dois se dirigiram até a igreja de Moreira Sales. Ao sair do carro, o celular tocou. Era um funcionário do Voepass. Ele pedia informações de Hiales. “Eu só perguntei a ele se meu filho estava naquele avião. Foi quando finalmente ele confirmou. Depois disso o chão parece ter sumido”, disse.

Ari Fodra é um sujeito de plena paz. Tem uma imagem extremamente fraterna. Fala baixinho, pausadamente. E conta histórias como ninguém. É um servidor municipal aposentado. Já foi vice prefeito por duas gestões. Mas é na família em que encontra suas verdadeiras virtudes. Ao lado da professora Ercília, teve três filhos, Rugles, Laís e Hiales. E pelos três, moveu montanhas. Juntos, os dois não só educaram como proveram faculdade a todos eles. E mais do que isso: lições de valores, honestidade e carinho.

Tragédia imensurável

Sabendo da tragédia, Rugles foi a São Paulo. Lá chegou no dia 10. E no Anfiteatro do Instituto Oscar Freire, participou de uma entrevista com a Polícia Científica. O objetivo era fornecer todas as informações possíveis sobre as características físicas do irmão. Como a família de Daniela só chegaria à noite, Rugles conduziu o processo de identificação da esposa do irmão também, com auxílio dos familiares do Rio Grande do Sul. No mesmo dia, ele soube que o casal ocupava os assentos 1A e 1B. A região mais preservada da aeronave.

No domingo, 11, Rugles recebeu a ligação que confirmou a identificação dos corpos. Hiales foi o primeiro a ser retirado da aeronave. Daniela, a quinta. Ambos seguiram para o IML já identificados. A partir daí, iniciou-se a liberação, assim como o translado dos corpos até Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, terra natal de Daniela. Na segunda-feira, 12, os familiares seguiram em um mesmo voo, operado pela Latam, de Guarulhos para Chapecó. De Chapecó até Santa Rosa, foram mais 316 quilômetros de carro. Hiales e Daniela foram velados das 14h às 18h. Policiais rodoviários federais participaram do ritual com honras da corporação.

No mesmo dia, os corpos seguiram também de carro até Moreira Sales, num deslocamento de 670 km, onde as famílias decidiram pelo local de sepultamento. O velório teve início às 05h30 do dia 13. Às 10h, começou a cerimônia religiosa de despedida. Ela foi realizada pelo Padre Luzamir, o mesmo que celebrou o casamento do casal.

Mesmo muito abalado, Ari cantou ao filho, pela última vez, a canção “Como É Grande o Meu Amor por Você”, de Roberto Carlos. Quando criança, ele costumava cantar a música a Hiales, até que ele dormisse. Ari jamais havia cantado em público. O velório comoveu o pequeno município de 11 mil habitantes, reunindo um grande número de pessoas no Salão Paroquial da Igreja Matriz. O comércio fechou as portas durante o cortejo em direção ao Cemitério Municipal em respeito ao luto da família.

Daniela Schulz Fodra, 30, e Hiales Carpiné Fodra, 33, não concluíram todos os planos por eles desenhados ou imaginados. A vida foi breve demais. Estavam felizes e com muitas perspectivas ao futuro. Mas quis o destino que a jornada terminasse ali, naquele 9 de agosto. Morreram juntos, reféns de causas ainda não compreendidas. Não esclarecidas. E não é exagero dizer que, parte das famílias, morreu com eles.

Juntando os pertences de Hiales, a família encontrou uma carta escrita por ele mesmo, em 2014. Um relato feito em um dos treinamentos que Hiales participou em uma das empresas onde trabalhou. Nela, teria que escrever sobre si. “Meu compromisso comigo mesmo é viver plenamente, seguindo sempre meus valores e buscando ser uma pessoa cada vez melhor. E que, no final, eu possa olhar para trás, dizer e ver, que cumpri minha missão. Que tudo valeu a pena.

Que eu sempre consiga deixar claro para aqueles, que são importantes em minha vida, o quanto os amo. Que eu não faça economia de boas palavras e bons sentimentos. Que eu seja presente, que consiga alcançar meus objetivos. Mas nunca esqueça do que e de quem realmente importa. Nunca me isole. Que não me deixe dominar pelo orgulho e prepotência. Que no dia que eu me for desta terra e desta vida todos saibam que fui plenamente feliz.

Pai, mãe, Rugles, Laís, avós, tios e tias, primos, amigos, professores, companheira. Amo todos vocês. E tudo foi por vocês, graças a vocês. A presença de vocês é que faz e fez minha vida valer a pena. Os amo de todo coração. Agradeço todos os dias a Deus por ter tido a honra e privilégio de participar da vida de vocês”.

Hiales e Daniela nasceram um ao outro. Quem os conhecia, definitivamente, não tinha dúvidas sobre isso. “Deus mudou o teu caminho até juntares com o meu. E guardou a tua vida separando-a para mim. Para onde fores, irei. Onde tu repousares, repousarei. Teu Deus será o meu Deus. Teu caminho, o meu será – Rute 1:16,17”, escreveram os dois no convite de casamento. A passagem bíblica será colocada na capela do casal, que está sendo construída no cemitério de Moreira Sales. E nem mesmo o juramento feito pelo casal, “até que a morte os separe”, perante o padre Luzamir, em 2017, foi capaz de afastá-los. Os dois morreram juntos, unidos, como o destino assim quis.