‘Cotistas’ e ‘pobres’. Sim.
“Os tolos se multiplicam quando os sábios ficam em silêncio”.
Nelson Mandela
Estudantes da PUC gritaram “cotistas” e “pobres” para os estudantes da USP, respectivamente Universidades Católica (privada) e de São Paulo (pública). O fato, que foi filmado, ocorreu no interior de São Paulo, durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos estaduais, em Araraquara.
Racismo é crime imprescritível e inafiançável, está na Constituição Federal. Infelizmente estamos longe de sermos um Brasil de fato igualitário.
Sem aplicar uma ordem de importância quanto a origem e gravidade dos xingamentos e dos gestos, referindo-se a dinheiro (de ter ou não ter), o comportamento ignóbil é, mais do que se lamentar, é para indignar por ser incivilista e veementemente inadmissível.
Primeiramente por se tratarem de estudantes universitários e de Direito. Ainda que não seja preciso com relação a grandes teses acadêmicas, mas, em se tratando do Direito como Ciência Jurídica que tem como finalidade precípua a Justiça, na qual a Liberdade é valor inarredável. Que futuro terão tais advogados que gritaram, gesticularam, praticando abertamente o racismo e a aporofobia?
A ojeriza a pobres com gestos imitando quem conta dinheiro ou não o tem, insolentes de atitudes coléricas que tornam mais vergonhoso tal conduta.
Um Brasil desigual e diverso que esse fato ilustra, traz no seu bojo um cenário de hoje como espelho da Casa Grande & Senzala – Obra de Gilberto Freyre, onde a Casa Grande, Pontifícia Universidade Católica, nela se concentram estudantes e famílias que podem bancar as mensalidades de uma escola superior particular. E a Senzala, os que estudam em uma Universidade Pública e ainda como cotistas.
Somos um país que ainda não alcançou o ápice do que seria uma nação.
Em tempos dos Dias da Proclamação da República e da Lei Áurea, guardam não só a proximidade das datas – 1889 e 1888 – a primeira vitoriosa luta republicana que contou em sua essência os abolicionistas que defendiam o fim da escravidão, assinada pela Princesa Isabel, é oportuno registrar o que disse o escritor Bernardo Guimarães:
“A justiça é uma deusa muito volúvel e fértil em patranhas. Hoje desmanchará o que fez ontem”. O mineiro de Ouro Preto é o autor de um romance famoso e muito lido atualmente, A Escrava Isaura, publicado em 1875, não muito distante das datas e circunstâncias acima referidas.
Temos uma enorme dívida para com os negros, pretos. E ela, infelizmente, está sendo paga no vagar lentíssimo como o transcorrer secular, em parcelas, em cotas.
O débito é social, é econômico, é político, é étnico, e é sobretudo civilizatório. Os que gesticulam e ostentam riqueza, tem, grandemente, origem nos senhores donos de escravizados empregados para, com o esforço desumano, garantirem fortunas passadas de geração em geração.
Assim os pretos escravizados recebem, hoje, a paga na condição de “cotistas”.
Fases de Fazer Frases (I)
Porta entreaberta é vida, de um lado ou de outro.
Fases de Fazer Frases (II)
Pior desamor é não deixar-se amar.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Agradeço publicamente ao prefeito mourãoense Tauillo Tezelli pelas elogiosas referências a este modesto escrevinhador, quando ele fez menção ao fato de eu ter participado da Administração Municipal quando ainda era vice-prefeito e depois prefeito. “O professor Maciel está aqui, ele ressuscitou”. Ele se referia ao fato de raramente estar presente nos eventos, por lecionar todas as noites. Terça passada, no jantar por adesão, participei, cheguei só depois de terminar as aulas. Muito obrigado!
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
A respeito da Coluna anterior, – Entre admirar e não concordar – registro o comentário do querido irmão Elio Brizola Maciel, aposentado, residindo em Florianópolis: “Quando comecei a ler, sabia que era sobre o ‘seu’ Ernesto da Chácara”. Outro da família, também mourãoense de nascimento, é o sobrinho mais velho, Rodrigo Corrêa de Barros, publicitário em Curitiba, “tio, como veio à lembrança da chácara e também me chamava a atenção o modo como ele preparava o cigarro de palha”. E por fim a dona de casa Eliane Safarin Vieira, de São Gonçalo, Rio de Janeiro, “Me convenci, podemos admirar sem concordar, e o exemplo de fazer um cigarro de palha e não ter o desejo de não fumar. Parabéns pelo texto”.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Em Campo Mourão ladrão foi preso ao furtar fio de cobre. E o receptador? Não se sabe. Por enquanto, enrolado no fio de cobre, só o ladrão. Fio de cobre, cobre sem enrolar quem compra. Fio de cobre que não se descobre. Nem o fio da meada.
Farpas e Ferpas (I)
A sorte é sempre bem-vinda, desde que se saiba recebê-la.
Farpas e Ferpas (II)
Se não podes alcançar a verdade, então fujas da mentira.
Farpas e Ferpas (III)
Não confundamos: Um homem distraído, com um que se diz traído.
Sinal Amarelo (I)
Serviçal só tem que saber para quem servir.
Trecho e Trecho
“O homem que evita dúvidas, nunca terá certezas”. [Johnnic Walker].
“Mantenha seu equilíbrio sobre o fio da navalha”. [Caio Fernando de Abreu].
Reminiscências em Preto e Branco
Na tardança da vida hoje é possível enxergar o que outrora não se via.
José Eugênio Maciel | [email protected]
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