Estudantes do Colégio Ivone Castanharo participam de ‘Mostra Artística Afro-Indígena’
Neste mês, alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e da 2ª e 3ª série do ensino médio do Colégio Estadual Professora Ivone Soares Castanharo, em Campo Mourão, participaram da “Mostra Artística Afro-Indígena”. O projeto foi desenvolvido como forma de evidenciar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (celebrado em 20 de novembro, data que foi instituída como feriado nacional pela primeira vez no Brasil a partir de 2024, por meio da Lei nº 14.759/2023).
A iniciativa envolveu uma equipe multidisciplinar da instituição, representada pelas pedagogas Sandra, Neide, Edneia e Fátima. Além disso, entre os professores envolvidos, estiveram: Daniel F., Elaine S., Alexandre R., Maria F., Rosinalva S., Jane R., Camila S. Josimere N., promovendo um intercâmbio entre componentes de História, Artes e Literatura, além da equipe diretiva, por meio da diretora Tânia Sidinei.
O professor Daniel comentou sobre o objetivo do projeto. “Teve o intuito de valorizar a cultura africana no Brasil e também a cultura indígena preexistente dos povos originários”, explicou. Como forma de promover a integração da literatura brasileira, priorizando autores negros ou que escreveram sobre movimentos negros e indígenas, os estudantes fizeram dramatizações, a partir da produção de vídeos e documentários, sobre as obras escolhidas.
A partir disso, as diferentes turmas realizaram uma tarefa contextualizada sobre a vivência, a obra e a história das personalidades. “Foi uma forma de evidenciar a importância e o protagonismo desses povos dentro da nossa sociedade brasileira”, justificou o docente.
Conforme Daniel, o projeto abrangeu outras atividades, visando realizar desmistificações e quebras de paradigmas, tornando-se, em suas palavras, um ‘projeto inovador’. Ele ressaltou a importância do trabalho de todos que se envolveram e contribuíram. “O apoio da equipe multidisciplinar e da direção foi essencial para o funcionamento das diversas atividades realizadas”, destacou.
Ação do GREPS
Uma das atividades adicionais realizadas no projeto foi uma ação do Grêmio Recreativo e Esportivo das Praças (GREPS) do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) – Associação da Vila Militar. A ação, denominada CICArte, teve a abordagem de dois temas visando combater o preconceito e o bullying. “Relacionou as duas práticas de trabalho sobre a presença afro e indígena e o trabalho anual sobre o bullying”, falou Daniel, ao acrescentar que essa é uma das estratégias de envolver a comunidade em relação ao que acontece nas escolas.
Diálogo com pesquisadores africanos
Como desdobramento do projeto, os discentes e os docentes também tiveram a oportunidade de dialogar com dois alunos de mestrado de origem africana que estudam na Universidade Estadual do Paraná, campus de Campo Mourão. Pedro Janu Valentim, do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, e Ofélia Aida Vitorino, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar Sociedade e Desenvolvimento, são de Moçambique.
O momento possibilitou que os pesquisadores relataram a experiência deles enquanto estão no Brasil. De acordo com o professor Daniel, Pedro, por exemplo, está há cerca de oito meses em Campo Mourão, enquanto Ofélia, há três. “Eles observaram que, apesar de um país multifacetado e com uma multidiversidade muito grande, com a predominância de um povo pardo e negro, tem práticas de racismo atreladas ainda no nosso dia a dia”, relatou o professor, a partir do que comentaram os moçambicanos.
Daniel complementou que as questões apresentadas pelos convidados, realidades enfrentadas por muitos povos negros e indígenas no Brasil como um todo, adentram assuntos voltados à valorização que preconiza a Lei nº 10.639/2003. A referida legislação estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir o ensino da cultura africana e afrodescendente dentro do ambiente escolar, conteúdos ressaltados por ele como essenciais.