Sem ser visto, o Vampiro, se foi

O que não me contam eu escuto atrás das portas”.
Dalton Trevisan

Ele chegaria aos 100 anos em 2025, 14 de junho. Dalton Trevisan iniciou, desde a última segunda-feira, oito, a viver na eternidade literária. Não é um mortal qualquer, é o consagrado na memória perene, notadamente ao nosso Paraná e especialmente Curitiba, conhecido como o Vampiro, alcunha devido ao romance de mesmo nome, um dos mais lidos.

Até então o maior escritor. E em qualquer lista, nos últimos 50 anos, sempre figurava entre os maiores escritores brasileiros, sobretudo contista. Estreou em 1945, com Sonata ao Luar. A obra mais famosa, que tornou-se apelido dele, O Vampiro de Curitiba, publicada em 1965. O livro, junto com outras obras, virou peça teatral e filme.

Uma das mais marcantes características do escritor eram os contos minimalistas, por serem absolutamente curtos, concisão extraordinariamente singular, incisiva e até sinteticamente rude. O erotismo e a sensualidade também continham classe e estilo próprios.

Principalmente diálogos, os personagens do Dalton possuíam linguagem única como também a ambiguidade, explicitação da vulgaridade das ruas, das falas entre paredes, quando também afloram diálogos que misturam, habilmente, ficção e realidade. O cenário é a Curitiba, e não pode se dizer que caberiam noutras cidades, a capital paranaense com traços próprios, mas que, ao mesmo tempo, conquistaram leitores e a fama do escritor Brasil afora. O termo Polaquinha, que o diga, livro de 1985, reverberou positivamente no público leitor e nos cadernos literários (poucos hoje que sobrevivem nos jornais).

Foram décadas a fio como uma pessoa reclusa, somou a vida privada, de pessoa simplesmente e a de simplesmente escritor sem lançamento e autógrafos das suas publicações. Mesmo um Vampiro de nome próprio, na calada da noite, ou de dia, aparições não assustavam, raras e, quem via não tinha certeza de ser ele próprio.

Entre outras premiações, recebeu, o Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras e o Prêmio Camões, ambos pelo conjunto da obra. E o não menos importante, Jaboti, em 1965, 1995 e 2011.

Se durante toda a vida poucas vezes foi visto, foi cremado. Continua não sendo visto, não houve velório. O Vampiro que não assusta, agora susta no último adeus.

Fases de Fazer Frases

Pequenas frases também são feitas de palavras curtas.

Pequenas frases são feitas de palavras curtas.

Pequenas frases têm palavras curtas.

Frases pequenas, palavras curtas.

Frases pequenas, curtas.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

De volta à política não é bem o termo, pois Rubens Bueno apenas deixou de ser deputado federal, continuando a acompanhar o encaminhamento de projetos apresentados quando parlamentar em Brasília. A convite do governador Ratinho Júnior, Bueno assumiu a AGEPAR – Agência Reguladora de Serviços Públicos do Paraná.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)

Sobre o prefeito eleito de Campo Mourão, dois fatos recentes ainda tem a ver como deputado estadual. O primeiro deles, ser agraciado com o título de cidadão honorário de Ubiratã, semana retrasada. Ele recebeu o título do prefeito reeleito Fábio D’Alécio. O outro fato é o discurso de despedida na Assembleia Legislativa do Paraná. Douglas concedeu vários apartes para receber elogios e reconhecimentos por parte dos colegas da Casa.

Farpas e Ferpas (I)

A loucura é louca, tem cura?

Farpas e Ferpas (II)

Quando estou a esmo não sou o mesmo.

Farpas e Ferpas (III)

Nem tudo que tenhas, detenhas.

Sinal Amarelo

Vida é risco, mas não se arrisque à toa.

Trecho e Trecho

A humildade é o primeiro grau para a sabedoria”. [São Tomás de Aquino].

Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”. [Tom Jobim].

Reminiscências em Preto e Branco (I)

Elegante no falar e proporcionar atenção sobretudo humana e profissional, tinha uma elegância peculiar. Abraçou a carreira do Magistério com denodo e afinco. Tinha a autoridade de explicar, ensinar, cultivar amigos e o conhecimento. Além dos familiares, colegas de profissão, estudantes, o luto tornou-se um modo autêntico, ainda que tristemente indizível, o de prestar-lhe a derradeira homenagem.

A maior lição que deixa, não provém da ciência, dos livros, embora também seja. É o feitio singular no afeto que tinha com as pessoas, para ela seres humanos especialmente únicos e essenciais. Agora é saudade, desde o dia cinco de dezembro. Viveu e seguiu em paz, Eloide Fátima Fiorese.

Reminiscências em Preto e Branco (II)

Há 30 anos perdemos o Tom Jobim, maestro e compositor, além de intérprete é expressão de uma imensa escola brasileira de música, e internacional. A música perde o Tom, foi o título desta Coluna, três décadas passadas.

Acima, no Trecho e Trecho de hoje, transcrevo uma de suas mais famosas frases.

José Eugênio Maciel | [email protected]

* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal