O resgate de Mel: relato sobre as buscas e o reencontro com a família
Após três semanas de angústia e incerteza, a cachorrinha Mel, de 9 anos, foi finalmente resgatada na manhã de quarta-feira (22), em Maringá. O reencontro com a família ocorreu depois de uma busca incansável que começou logo após o trágico acidente que vitimou seu tutor, Marcos Aurélio Adamzuk, no dia 1º de janeiro. Mel havia fugido do local do acidente, na PR-317, e estava desaparecida desde então.
Alexandro Luiz Dias, genro de Marcos, foi quem conseguiu resgatar a cachorrinha. Após passado o “sufoco” do resgate, ele deu detalhes à TRIBUNA de como tudo aconteceu. “Eu corri para Maringá assim que soube que ela estava presa na gaiola”, disse ele.
Mel foi capturada em uma armadilha montada na região do Aeroporto de Maringá, após semanas de tentativas frustradas. Mas, logo no início da manhã, veio a notícia tão esperada: Mel estava dentro da gaiola, preparada para se fechar quando o animal entrasse. Uma voluntária, moradora de Maringá, dona Maria, confirmou que era a Mel antes que a família se deslocasse de Campo Mourão, mais uma vez, em busca da cachorrinha.
Quando Alexandro chegou, em um primeiro momento, Mel não o reconheceu e não reagiu. Mas, assim que ele a chamou novamente e foi abrir a gaiola, a euforia tomou conta da doguinha ao reconhecer um membro da família. “Aí ela me reconheceu, eu consegui pegar ela no colo e não esboçava nenhum tipo de reação querendo fugir mais”, celebrou.
Após o resgate, Mel foi logo levada a um veterinário. Ela estava bastante debilitada quando foi capturada, mas se recupera bem. “Ela está bem magrinha, mas está se recuperando”, disse Alexandro. O médico veterinário também orientou sobre os cuidados necessários para sua recuperação. Aos poucos, Mel “volta à sua rotina”. “Até para o carteiro ela já latiu”, brincou Alexandro.
A partida de Marcos deixou um vazio enorme na família, e a presença de Mel novamente tem ajudado a aliviar um pouco essa dor. “Para mim, era muito importante encontrar ela, porque ainda dói muito o fato de a gente ter perdido o meu sogro, da maneira como foi. Então, encontrar ela e trazê-la para a minha sogra é uma forma de amenizar um pouco essa dor”, expressou o genro.
Agora, a “melhor amiga” de Marcos vai precisar se acostumar com a ausência dele também. “Teve um momento que ela estava na parte da lavanderia da minha casa, ela simplesmente entrou em um canto e começou a farejar muito rápido, de forma muito empolgada. E eu fui lá ver, era uma sacola com pertences dos meus sogros que eu tinha pegado no dia do acidente”, narrou.
Mas, passados tantos dias de solidão, a mascote, que faz parte da família desde os 40 dias de vida, encontra conforto no lar que tanto a ama. “Talvez, para quem não tem animais de estimação, pode parecer exagero, mas ela é mais do que um animal para nós. Ela faz parte da família”, disse Alexandro, emocionado.
A ajuda de amigos e voluntários para o esperado resgate de Mel
Antes mesmo de a família começar as buscas por Mel, amigos já se mobilizavam para ajudar. Fernando Zavadniak foi o primeiro a agir, fazendo uma publicação no Facebook da Associação dos Protetores de Animais (PAIS) no dia seguinte ao desaparecimento, buscando informações sobre a cachorrinha. O post rapidamente repercutiu, e muitos voluntários se ofereceram para ajudar. A TRIBUNA também acompanhou de perto o caso, ampliando a divulgação.
A busca pela cachorrinha começou logo após o acidente, mas foi apenas em 4 de janeiro que a família conseguiu se organizar e intensificar os esforços. Alexandro percorreu várias propriedades perto do local do desaparecimento, mas, como ele disse, “havia muitos relatos falsos e informações desencontradas. Em alguns dias, apareciam pistas, mas nada concreto”.
Com novas pistas de que Mel estava na região do Aeroporto de Maringá, as buscas se concentraram naquela localidade, mas sem sucesso. A primeira vez que ela foi reconhecida por alguém próximo da família foi no último dia 10, após um funcionário do estacionamento do aeroporto entrar em contato, dizendo que havia visto um cachorro com as mesmas características de Mel, especialmente o lenço verde, que ela ainda usava.
Um amigo da família, que estava na cidade, se dirigiu rapidamente ao local e, embora tenha se aproximado de Mel, a cachorrinha fugiu em direção a uma plantação de soja. “Aí eu tive certeza de que era ela, porque foi uma pessoa muito próxima a mim que conhecia ela também que confirmou”, contou Alexandro.
A partir disso, a região ao redor do aeroporto foi o foco das buscas, com familiares e amigos deixando objetos e pertences de Mel, além de potes de água e ração. “Na segunda-feira da semana passada [13], nós tivemos relatos de que ela tinha sido vista por lá de novo”, relembrou Alexandro.
Em uma das tentativas de captura, Alexandro, sua cunhada e sobrinha avistaram Mel saindo da soja, mas, ao se aproximarem, ela fugiu. “A gente viu ela saindo do meio da soja. Aí, naquele momento, tínhamos certeza de que íamos pegar ela naquele dia, só que, quando ela viu a gente, correu”, lamentou.
A armadilha montada na região, contendo uma casinha com itens de Mel e de Marcos, seu tutor, só atraiu a cachorrinha nesta manhã, quando finalmente, Mel entrou na gaiola e foi resgatada. Alexandro agradeceu a todos que de alguma forma ajudaram para esse momento.