Itaipu Binacional amplia a utilização de drones em inspeções e manutenções

Os primeiros relatos da utilização de drones no Brasil remontam à década de 1980. De um brinquedo caro, eles logo se tornaram uma ferramenta séria e indispensável em diversas áreas. No agronegócio, por exemplo, essa tecnologia proporcionou avanços na agricultura de precisão. Mais recentemente, os drones também têm sido cada vez mais presentes em trabalhos técnicos altamente especializados, como a inspeção de redes de transmissão, obras e atividades hidrológicas na Itaipu Binacional.

O técnico de manutenção elétrica, Rodrigo Corisco Blosfeld, conta que as inspeções com drones no seu setor começaram no final do ano de 2020. A Superintendência de Manutenção utiliza um drone equipado com câmera térmica. O sensor de calor é importante, pois a identificação de pontos quentes em linhas de transmissão elétrica pode indicar sobrecarga ou mau funcionamento de equipamentos.

A economia de tempo é uma das vantagens apontadas. “O período necessário para que uma pessoa se prepare para subir em uma torre e verificar seus componentes é significativamente reduzido com o uso de drones” calculou Blosfeld.

O acesso a lugares remotos, tais como sobre o reservatório, também é facilitado com o uso dessa tecnologia.

Para o técnico Cristian Carrera Pereira, a experiência com drones contrasta com os métodos manuais utilizados anos atrás. Seu pai trabalhou na Itaipu na manutenção e inspeção das linhas elétricas até 1998. “Antigamente, eles tinham um carrinho para fazer esse tipo de inspeção nas linhas”, relatou.

As câmeras de alta qualidade dos drones gravam todas as ações nas inspeções de fios e torres, que são posteriormente checadas, catalogadas e arquivadas. Com isso em mãos, a equipe prepara um relatório das inspeções.

Blosfeld diz que a demanda ultimamente tem sido mensal para o uso dos drones em ações de inspeções. No momento, a equipe realiza a checagem de quatro linhas de 500kV 50 Hz que saem da usina e vão até a subestação do lado paraguaio da Itaipu. Somadas a quatro linhas de 500kV 60 Hz que ligam a usina à Furnas, no lado brasileiro, são quase 65 km de linhas.

A diferença entre a inspeção antes e depois da introdução dos drones? “A questão da qualidade do serviço, do registro das imagens, resolução e da análise. Antes todas as inspeções eram feitas a nível do solo com binóculos ou pelos eletricistas que percorriam o trecho da linha” lembra o técnico em eletricidade Fábio Cristiano Scherer.

Imagens detalhadas do canteiro de obras

A poucos metros dali, na Superintendência de Obras, o primeiro voo da Margem Esquerda, que fará o acompanhamento da obra de ampliação do Almoxarifado, ocorreu na primeira sexta-feira de agosto.

Em um plano de voo desse tipo, normalmente seriam tiradas pouco mais de 700 fotos a 75m de altura. No entanto, pelo fato de a usina estar próxima do Aeródromo Estância Hércules, no Jardim Porto Belo, por questões de segurança, a altura fica limitada a 30m, sendo necessário um número maior de registros.

“O drone tira fotos em altíssima definição e com elas é possível calcular volume, área, curva de nível ou ter um comparativo de imagens das etapas da obra” explica o técnico Anderson Andrade de Moura.

Os voos ocorrem toda semana e proporcionam um relatório visual do andamento da obra.

Outra funcionalidade do uso dos drones nessa superintendência, é a capacidade de criação de fotos comparativas em duas e em três dimensões. “O drone está equipado com um GPS de alta definição e precisão. Cada foto está referenciada no espaço com uma precisão de 1 ou 2 centímetros”, explica o técnico Elder Alejandro Baez Flores.

Essas informações são transformadas em dados e um software converte tudo em um modelo 3D da obra inspecionada, que permite realizar inspeções e medições necessárias.

“Um levantamento convencional de topografia para gerar curva de nível de uma área x poderia levar mais de oito horas com quatro profissionais. Com o drone, isso pode ser feito em minutos” calcula Moura.

Após catalogadas, as fotos ficam disponíveis em uma plataforma e podem ser consultadas e referenciadas no acompanhamento das obras.

São seis profissionais na topografia convencional sendo que três deles trabalham com drones. A equipe utiliza os equipamentos para fotogrametria, que é a ciência de obter informações precisas sobre objetos físicos e o ambiente a partir de fotografias e outras imagens.

Mapeamento de rios e lagos

A Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos também utiliza o drone nas atividades da hidrologia de campo. Para atender a missão de fornecer dados hidrológicos confiáveis para as operações da Itaipu ferramenta é utilizada em duas principais atividades: supervisão das atividades de campo e em levantamentos aerofotogramétricos na Bacia Incremental e de interesse da Itaipu.

O objetivo dessa atividade é conhecer o formato do terreno próximo dos rios, pois são locais que podem ser inundados em situação de cheia; levantamentos aerofotográficos – reconhecimento de áreas de difícil acesso (no meio da vegetação, por exemplo) e análise de áreas no entorno de um ponto de interesse (como estação remota hidrometeorológica da Hidrologia da Operação).

“Antigamente a equipe da hidrologia precisava desbravar áreas densas de vegetação para chegar até locais de interesse ou para realizar a medição da geometria do terreno. Agora com o uso de drone, é possível realizar medições a distância e visualizar em tempo real a situação do terreno, sendo muito útil para entender a situação dos rios durante as cheias, identificar extravasamento de água e objetos flutuantes, e planejar a melhor rota de navegação para evitar obstáculos”, explica o engenheiro Luiz Henrique Maldonado da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos da Itaipu.

Atualmente, 90% da equipe do setor de campo, composta por brasileiros e paraguaios, está habilitada para pilotagem de drones. Eles tiveram acesso a cursos de pilotagem básicos e avançados, ministrados pelo Itaipu Parquetec. A equipe de hidrologia de campo é composta por técnicos em hidrologia, engenheiros e técnicos ambientais e engenheiros civis.

Monitoramento mais preciso

No começo deste ano, a Itaipu, juntamente com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), iniciou um levantamento para a elaboração do inventário da fauna e da flora da faixa de proteção do reservatório. Parte desse trabalho será realizado por um drone equipado com tecnologia de escaneamento a laser (LiDAR – Light Detection and Ranging).

Com a capacidade de acessar áreas remotas e realizar inspeções detalhadas com câmeras de alta qualidade, os drones têm reduzido significativamente o tempo e os custos operacionais na Itaipu. Além disso, a tecnologia permite um monitoramento contínuo e preciso, contribuindo para a manutenção preventiva e a otimização dos recursos da usina.