A esperança de Milton ao ser operado por um mourãoense
Milton é somente mais um, entre tantos outros brasileiros, vivendo na dificuldade. Baiano, mas vivendo no Pará, teve um acidente há cinco anos, quando um tronco de árvore caiu sobre um de seus pés. Ele buscou ajuda hospitalar. Mas eram tempos de pandemia. E não recebeu tratamento. Ficou com o pé quebrado. Passados os anos, acabou se “acostumando”, embora jamais aceitasse as dores no caminhar.
Recentemente, Milton foi encontrado apanhando latinhas nas ruas de Tucuruí, no Pará. Empurrando o carrinho, andava com o pé quase virado. Uma maneira encontrada para amenizar as dores. E numa conversa franca com o canal Elizeu Silva TV, aceitou ajuda em ser ajudado. Foi então que uma ampla campanha teve início. Nas redes sociais, através do trabalho de Elizeu, o esforço foi recompensado. E, enquanto pessoas torciam e colaboravam com dinheiro, lá no Norte, o nome de um médico mourãoense era apontado à cirurgia.
Diretor clínico da Santa Casa de Campo Mourão e, também atuando em Maringá, o ortopedista Denilson Daleffe foi procurado. E agora, sabendo do caso, aceitou o paciente. Milton e o repórter Elizeu então viajaram até Maringá. Lá, o senhor de 70 anos passou por avaliações. Sendo dias depois, encaminhado à tão sonhada cirurgia. “Eu nem acredito que isso vai acontecer. É um sonho pra mim. Quero poder andar sem dores. Quero trabalhar”, disse ele.
“Seo” Milton já não é mais um jovem. Ele mora só, numa meia água, de madeira. Conta que tem muita saudade dos filhos, os quais não vê há algum tempo. Quase não possui estudo. E passou toda a vida fazendo biscates para sobreviver. Na visita de Elizeu à casa dele, a geladeira estava vazia. Contas de água e luz vencidas. Hoje, a maneira encontrada para se alimentar é através da coleta e venda de alumínio. E não é exagero dizer que, até poucos dias, Milton era como uma pipa em meio a um furacão.
O caso
Em 2019 Milton ajudava no corte de árvores, quando uma delas caiu sobre o seu pé. Com o impacto, teve uma fratura complexa no tornozelo. Com hospitais cheios, em virtude da pandemia, não pode ser atendido. Agora, sem atendimento, a lesão acabou cicatrizando do jeito que estava. Como consequência, passou a caminhar com o pé torto, perdendo em muito, sua qualidade de vida. Não bastasse isso, dores intensas sempre o acompanharam.
Denilson explica que fez um procedimento cirúrgico corrigindo a deformidade do tornozelo, seguido de artrodese da mesma articulação. Segundo ele, a cirurgia foi bem sucedida, melhorando o caminhar de Milton. E o mais importante: dores nunca mais.
“Ele agora irá caminhar apoiando a planta do pé e não mais de lado, como fazia. Vai andar com naturalidade, embora tenha perdido o movimento de baixo para cima daquele pé. Terá qualidade de vida”, explicou. Denilson também faz questão de ressaltar o trabalho de sua equipe, como um todo. “O sucesso não foi só meu. Tem uma equipe magnífica ao meu lado”, disse.
Repercurssão
O caso de Milton gerou muita repercussão. Isso porque o canal de Elizeu tem mais de um milhão de seguidores. Denilson ainda não acredita em tudo o que está acontecendo. Ele tem recebido milhares de mensagens, não só do Brasil, como de muitos outros países. Uma delas, dos Estados Unidos, onde uma brasileira, além de parabenizá-lo, pediu para enviar um presente.
Mas não são apenas palavras de conforto, não. Vendo o caso de Milton, uma outra campanha de Moçambique, na África, já entrou em contato com o mourãoense. O desejo é trazer o rapaz até o Paraná, para ser aqui operado pelo médico. “Eu não estou tendo tempo para ler tantas mensagens. É muita repercussão. Parece que estou famoso”, brincou ele.
Para ele, o caso teve uma emoção ainda maior frente à comoção e a torcida de milhares de pessoas pela recuperação de Milton. “É impressionante o que está acontecendo. É indescritível”, revelou. A prova está no seu próprio Instagram. Se até uma semana não mantinha nem dois mil seguidores, agora, já são mais de nove.
Milton continua em Maringá. Ainda se recupera da operação. Em alguns dias retornará ao Pará. Mas agora, podendo caminhar dignamente. O caso também despertou a necessidade de uma nova moradia a Milton. De acordo com Elizeu, ainda este ano ele deverá ganhar a casa própria. “Ele paga aluguel. Decidimos ajudar e construir uma só pra ele. E vamos fazer”, disse.