Adotada ilegalmente em 1980, moradora de Santos procura mãe biológica em CM

Um bebê do sexo feminino nascido em Campo Mourão, cuja mãe (uma jovem de 18 anos) escondia a gravidez, foi adotado ilegalmente por uma comissária de bordo de São Paulo com a ajuda de uma médica que trabalhava no antigo Hospital Anchieta. Isso é tudo que Luciana Eleonora Nunes Gracino, de 39 anos, moradora de Santos (SP), sabe de sua história.

“Minha mãe adotiva nunca escondeu que eu era adotada, mas também não entrava em detalhes. Dizia que sempre quis adotar uma criança, porém era solteira e naquela época era muito difícil conseguir alguma adoção legal nesta condição. Ela já estava com 55 anos quando me adotou”, conta Luciana, que após a morte da mãe, em 2008, começou a buscar mais informações sobre a mãe biológica. Até que descobriu que nasceu em Campo Mourão, em 20 de maio de 1980.

Em contato com a TRIBUNA, ela relata que a mãe adotiva era aeromoça da Vasp, em São Paulo e ficou sabendo de uma médica no Sul que fazia adoções ilegais. “Ela então teria marcado com a médica, que eu nunca soube o nome, e foi para o Sul, no hospital onde a médica falou que havia conseguido uma criança para ela”, conta Luciana, que ao pesquisar descobriu que o hospital se tornou campus de uma universidade. Em Campo Mourão, isso ocorreu com o então Hospital Anchieta. 

A história contada pela médica à mãe adotiva é que uma jovem de 18 anos chegou ao hospital em trabalho de parto, toda amarrada para esconder a barriga e que ninguém da família sabia, por isso não tinha como ficar com a criança. “Então ela me deixou no hospital e a médica já arrumou tudo pra me entregar pra minha mãe adotiva”, explica. 

A médica teria contado que a moça tinha saído no horário de almoço para ter a criança e que voltou a trabalhar ainda naquele dia. “Porém, à noite, ela teria voltado ao hospital para saber de mim e a médica disse que eu não havia resistido. Então minha mãe biológica nem sabe que estou viva”, comenta Luciana.  

De Campo Mourão para São Paulo

O bebê teria sido levado de avião até São Paulo, onde a mãe adotiva trabalhava na companhia aérea. “Chegando em São Paulo, elas foram ao cartório e me registraram como se tivesse nascido em casa e sem pai no registro”, relata. 

Até os 10 anos, a mãe adotiva dizia que a mãe biológica havia morrido no parto, mas quando Luciana começou a questionar ela relatou a história. “Só que ela dizia que eu havia nascido em Blumenau. Descobri que nasci em Campo Mourão através de uma amiga de uma amiga dela que conhecia a história. Pesquisei na internet e vi que aí em Campo Mourão existe um hospital que fechou e virou campus da faculdade”, acrescenta.

Casada e mãe de uma filha de 4 anos, ela diz que morou em São Paulo até um ano de idade e aos 2 anos mudou-se para Santos. Em 2009 foi para Vitoria (ES) e voltou a morar em Santos este ano. “Comecei a me interessar em descobrir minha história real depois que minha mãe adotiva faleceu. Quase não tenho ninguém vivo da minha família e nunca soube por onde começar”, completa.