Altas temperaturas e seca pioram situação de lavouras da soja, aponta Deral
A Divisão de Conjuntura Agropecuária do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, divulgou na manhã desta quinta-feira o boletim conjuntural com atualização das condições nas lavouras da safra de verão 2024/2025.
De acordo com o economista Marcelo Garrido, chefe do Deral, já há uma preocupação com possíveis perdas que poderão ser causadas nas lavouras de soja em função da escassez de chuvas neste mês de janeiro e das altas temperaturas. Segundo ele, em algumas regiões, onde a soja foi semeada mais cedo, o problema está sendo maior. A preocupação é grande, por parte dos produtores, porque janeiro é justamente o período de enchimento de grãos das lavouras, quando não pode faltar água.
Na região de Campo Mourão, o cenário não é diferente. Produtores estão apreensivos. As lavouras já sofreram estresse com o veranico de novembro do ano passado – altas temperaturas e falta de chuva – e agora voltam a enfrentar escassez hídrica.
Conforme relatório do Deral, núcleo de Campo Mourão, 48% das áreas estão na fase de enchimento de grãos (frutificação), fase em que as áreas são mais suscetíveis. O restante tem 2% em floração e 50% no estágio de maturação. “Se as chuvas não chegarem o quanto antes, poderá haver perdas irreversíveis. O que tem diminuído um pouco a tensão são as provisões para os próximos dias que indicam chuvas”, comentou o agente técnico do Deral, núcleo de Campo Mourão, Paulo Borges.
Ainda conforme o relatório do órgão, a estimativa é que 4% das lavouras de soja estão em condições ruins de desenvolvimento, 12% (médias) e 84% (boas). “Vamos torcer para a chuva chegar logo para que a previsão inicial de safra recorde se confirme”, acrescentou. Na região da Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam), a área com soja é de 684.000 hectares, com estimativa de produção de 2,8 milhões de toneladas. Na região, cerca de 3% da área foi colhida até a segunda-feira (13).
Já no Paraná, segundo o Deral, a colheita da safra atingiu 2% da área total cultivada. O percentual equivale a pouco mais de 104 mil hectares dos cerca de 5,8 milhões de hectares cultivados neste ciclo. A produção atualmente estimada é de 22,2 milhões de toneladas, valor que deve ser revisto no final deste mês.
“As condições climáticas desfavoráveis, como altas temperaturas e muitos dias sem chuvas, têm afetado o desenvolvimento das lavouras em importantes regiões produtoras. As regiões Oeste e Sudoeste têm sido bastante impactadas por essas condições e devem revisar suas estimativas de produção. Ainda assim, as chuvas ocorridas nos últimos dias podem beneficiar parte das plantações”, informou Marcelo Garrido no Boletim Conjuntural.
De acordo com os dados, das lavouras em campo atualmente, 83% se encontram em condições consideradas boas, 15% em condições medianas e o restante, 2%, em condições consideradas ruins. No final do mês, Deral divulgará informações atualizadas tanto da produtividade obtida quanto das estimativas de produtividade das lavouras ainda a serem colhidas.