Alunos “somem” das aulas e diretor pede ajuda para trazê-los de volta

Mais de 30% dos alunos do ensino fundamental e médio e mais de 50% do ensino médio noturno do Colégio Estadual de Campo Mourão deixaram de participar das aulas online ou mesmo de entregar as atividades impressas. Preocupado com a alta taxa de evasão, o diretor do colégio, Valdair da Silva, lançou uma espécie de “campanha” para tentar fazer com que os estudantes participem das aulas, já que o ano letivo está em andamento.

“Fizemos um conselho de classe no sábado e constatamos que pelo menos 30% dos nossos alunos do ensino médio e fundamental estão com notas abaixo da média (o mínimo é 60 pontos), por falta de resolução das atividades online. E muitos dos que pegaram a atividade impressa não devolveram”, relatou o diretor. 

No ensino médio do período noturno, a evasão é ainda maior. “Como temos esse ponto facultativo na quinta e recesso na rede de ensino na sexta, conclamamos aos pais para verificarem, assim como aos alunos para que deixem as atividades em dia”, pediu o diretor. Ele chegou a pedir apoio da Associação Comercial para a campanha, ao lembrar a importância dos estudos para o ingresso no mercado de trabalho.

O diretor também está divulgando um documento emitido pelo Ministério Público em que o promotor Luciano Rahal adverte os pais ou responsáveis sobre a obrigatoriedade dos estudos. Ele também alerta que os alunos que não cumprirem a carga horária correm o risco de perder o ano letivo e os pais poderão ter que dar explicações à Justiça.

“Os alunos não estão de férias”, advertiu o promotor. Em nota enviada à imprensa no ano passado, ele já alertava sobre esse problema. “Há alunos que possuem acesso aos meios tecnológicos, porém não participam das aulas online. E há alunos que não realizam as atividades e a escola não consegue contato com a família para verificar possíveis dificuldades, pela falta de atualização dos contatos informados pelos pais, e os pais não procuram a escola para obter estas informações”, relatou na ocasião. 

Ele alerta que alunos nestas situações estão em condição de “evasão escolar” que pode, caso não revertida, levar à retenção por falta (reprovação) ou a caracterização do crime previsto no artigo 246 do Código Penal (abandono intelectual), com pena de 15 dias a um mês de detenção, ou multa, aos pais ou responsáveis. 

Em novo documento emitido no mês de abril, o promotor reforça sobre as sanções previstas em lei e orienta sobre os recursos disponíveis aos alunos oferecidos pela rede estadual.  Além da Plataforma Meet em tempo real, que permite interação com o professor durante a aula, também são disponibilizadas atividades via Classroom para aqueles que não conseguirem o acesso pela Meet (falta de aparelho celular no horário de aula, conexão ruim de internet etc.).

Para quem não tem acesso à internet, o governo do Estado disponibiliza ainda a Aula Paraná em canais da TV aberta, bem como material  impresso para retirada na escola. “Ou seja, há uma alternativa pedagógica para cada tipo de aluno”, observa o promotor, ao lembrar que em caso de dificuldade ou dúvida, a escola deve ser procurada para oferecer o devido suporte.

“Sabemos das dificuldades neste momento único em nossa geração, mas conclamamos e advertimos os pais e responsáveis, assim como todos alunos, a um efetivo engajamento pelo direito à educação de nossas crianças e adolescentes, previsto expressamente na Constituição Federal”, complementa o promotor.