Após 24 anos, cobrança do pedágio chega ao fim no sábado
A partir da zero hora de sábado (27), as praças de pedágio do Anel de Integração, no Paraná, incluindo as duas praças na região de Campo Mourão, entre Mamborê e Maringá, deixam de cobrar as tarifas dos usuários, em decorrência do fim dos contratos de concessão. A notícia cai como uma “luva” para muita gente que comemora o fim da cobrança, pelo até que as novas concessões sejam definidas.
Atualmente o valor da tarifa para carros de passeio nas duas praças da região, Floresta e Mamborê, é de R$ 17,70; caminhão, R$ 14,90 por eixo; ônibus R$ 17,70 por eixo; enquanto motocicleta, R$ 8,90. Valores que doem no bolso, principalmente de quem roda com frequência. “Foram 24 anos de assalto. Tarifas altíssimas para o mínimo de contrapartida. O pedágio usou e abusou de nós”, falou o representante comercial Elieser Batista do Prado, que se desloca praticamente toda semana às cidades da região, passando pelas praças de Floresta e Mamborê. Segundo ele, por mês, os gastos só com o pedágio ultrapassam os R$ 600,00. “Vai tarde comemorou”.
O produtor rural, Edilson Vitorino, disse que não é contra o pedágio. Porém, conforme ele, os preços praticados no Estado são fora da realidade. “O Paraná tem um dos pedágios mais caros do Brasil, se não o mais caro. Acredito que houve muita coisa errada que ficou por ‘baixo do pano’. Alguém saiu ganhando nessa. E não fomos nós”, disse. Ele se preocupa como ficarão os atendimentos nas rodovias com o fim das concessões. “Espero que o Governo do Estado organize isso para que não soframos ainda mais”, espera.
O estudante José Eduardo do Rego, que faz arquitetura em Maringá, é outro que fala com alegria do fim do pedágio. Ele divide o carro com outros quatro amigos estudantes. Por mês são quase 900,00 somente em gastos com pedágio, valor dividido entre os cinco amigos. “Se for colocar na ponta do lápis a manutenção do veículo mais os gastos com combustíveis, o valor assusta um pouco”, falou, ao argumentar que as rodovias pedagiadas geram mais segurança aos usuários, mas os valores não são condizentes. “Vamos aguardar as próximas concessões. Pelo que já sabemos as tarifas vão baratear, mas ainda sim continuam caras para nossa realidade”, observou.
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), informou que com o fim da cobrança, cada praça receberá adaptações para garantir a passagem dos veículos com segurança, bem como evitar congestionamentos.
Ao transitar por esses locais, os veículos não vão mais passar pelas cancelas das pistas centrais, e sim pelas suas laterais — desviando da infraestrutura do pedágio em si. As pistas centrais, onde ficam as cabines, terão o tráfego bloqueado em ambos os sentidos.
Para isso, será instalada uma nova sinalização. A nova canalização de tráfego será implantada pelas concessionárias e operada pelas Polícia Rodoviária Federal e Polícia Rodoviária Estadual, articuladas pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. O DER/PR pede a colaboração e atenção da população, sobretudo neste momento de transição.
Etapas de Atuação
No momento em que a operação das concessionárias for encerrada, haverá equipes da PRF nas praças de pedágio das rodovias federais e da PRE nas praças das rodovias estaduais para coordenar a sinalização e organizar a canalização do fluxo. Os oficiais estarão verificando os primeiros momentos do trânsito sem concessão.
Haverá duas etapas de atuação do órgão com relação à canalização. A primeira, mais intensa, será realizada até o dia 9 de dezembro com um reforço de cerca de 50% do efetivo, podendo chegar a 100% em locais de maior demanda. A partir do dia 10, na segunda etapa, o reforço será em locais e momentos específicos conforme indicadores de fluxo de veículos como de ocorrência de acidentes. Também haverá um novo reforço no período das festas de fim de ano, período em que se espera um aumento de tráfego. Por parte da Polícia Militar, será empregado um reforço operacional com os policiais reforçando a malha viária tanto nas rodovias estaduais quanto nas federais, em apoio à Polícia Rodoviária Federal.
Anel de Integração
O processo de concessão do Anel de Integração começou em 1996, quando foram firmados convênios de delegação para exploração de rodovias federais entre o Governo do Paraná e o governo federal, abrindo espaço para a licitação e assinatura dos contratos de concessões em 1997, divididos em seis lotes e com prazo de execução de 24 anos. Os mesmos foram modificados ao longo dos anos, com termos aditivos assinados em 1998, 2000, 2002, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
Atualmente 2.505,2 quilômetros de rodovias federais e estaduais compõem o Anel de Integração, que será encerrado no final deste mês. O novo programa de concessões rodoviárias está sendo elaborado pelo governo federal, devendo ser lançado em 2022.
Com as novas concessões, o pedágio ficará R$ 6,28 mais barato na praça entre Campo Mourão e Mamborê e R$ 3,21 entre Campo Mourão e Floresta. Pelo cronograma disponível no site da ANTT, a assinatura do contrato, passo final para a concessão, só deve ocorrer no segundo trimestre de 2022 – o que na prática significa que é possível que as novas concessões só sejam assumidas pelas vencedoras no fim de junho de 2022.
Cadê as duplicações?
Quase metade das obras de duplicação de rodovias previstas nos contratos de pedágio, que se encerram nesse fim de semana, não foram feitas ou sequer iniciadas, segundo estudo apresentado em audiência pública na Assembleia Legislativa por técnicos do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná (ITTI/UFPR). E muitas dessas obras estão agora previstas nas novas concessões de pedágio, que devem ser feitas no final de 2022, de acordo com o levantamento.
O estudo foi encomendado pela Frente Parlamentar do Pedágio da Assembleia. De acordo com o trabalho, dos 855 quilômetros de duplicações previstas nos contratos originais, há 24 anos, apenas 439,23 Km, ou 51%, foram efetivamente realizados. E dos 377 km de terceiras faixas previstos, apenas 213,86 Kms, ou 57% foram concluídos. Além disso, de acordo com o levantamento, outras 26 grandes obras foram excluídas da responsabilidade das concessionárias após negociações com governos estaduais.