Após novo reajuste, preço do gás de cozinha em Campo Mourão pode chegar a R$ 81
O consumidor mourãoense irá pagar em média R$ 2,50 a R$ 3,00 a mais na hora de comprar o botijão de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), conhecido como o gás de cozinha. A estimativa é de algumas revendas de gás da cidade, ouvidas pela TRIBUNA, baseada no reajuste de 3,43% sobre o preço do produto, que começou a vigorar no domingo (5). Em Campo Mourão, após o novo reajuste, o preço do gás de cozinha poderá chegar até R$ 81,00 o botijão de 13 quilos, vendido atualmente entre R$ 75,00 a R$ 78,00.
No município, os novos preços devem começar a chegar ao consumidor ainda nesta semana com o fim dos estoques antigos e carregamentos de novas cargas nas refinarias com os valores reajustados. Esta é a segunda vez que a Petrobras reajusta o preço do gás de cozinha em três meses. Representantes do setor ouvidos pela reportagem demonstram preocupação com o cenário já que algumas empresas vêm absorvendo há algum tempo os reajustes.
Este ano já foram quatro aumentos feito Governo e estamos absorvendo, mas desta vez não vai dar para segurar. Quem não repassar ao consumidor corre o risco de fechar as portas, comentou Roseli Tadioto, proprietária de uma revenda de gás na região do Lar Paraná. De acordo com ela, se fosse para repassar todos os reajustes ao consumidor, hoje o botijão do produto estaria sendo comercializado a R$ 85,00.
A empresária comentou que para não correr o risco de fechar a empresa chegou a reduzir o número de funcionários. Estamos reduzindo porque não estamos mais conseguindo absorver estes sucessivos reajustes, informou. Ela disse considerar abusivos os aumentos. Já vai ser o quarto aumento apenas neste ano. Para as revendas o lucro é muito pouco por botijão, temos que vender muito gás mesmo para se manter no mercado. É uma luta diária, ressaltou.
A TRIBUNA conversou sobre o novo reajuste do gás com a presidente do Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquefeito de Petróleo (Sinegás), em Maringá, Sandra Ruiz, que representa a região de Campo Mourão. De acordo com ela, o percentual do reajuste anunciado pela Petrobrás pode não ser o mesmo aplicado pelas distribuidoras, que muitas vezes aproveitam o momento para embutir outros custos, repassando um valor ainda maior para os revendedores.
É uma situação muito difícil para as revendas e para os consumidores. O nosso setor já não tem margem para absorver as altas, sem que sejam acrescentadas ao preço final do botijão. Ainda temos que disputar o mercado com comerciantes clandestinos, que sem fiscalização, vendem botijões de gás, principalmente o de 13 quilos, por um valor menor, mas sem qualquer garantia de segurança para os consumidores. Isso sem contar os supermercados que insistem em vender o vale-gás por um valor abaixo do mercado, em uma concorrência desleal, disse a presidente.
Sandra lembra que o botijão de gás teve um reajuste da Petrobrás há três meses e de lá pra cá, ainda teve a incidência de aumento da carga tributária. Os empresários do setor estão cada vez mais descapitalizados. Muitos já fecharam as portas e mudaram de ramo porque não suportaram cumprir as exigências legais, trabalhistas e as sucessivas altas de preços, ressaltou.
O gás de cozinha tem o preço de venda formado pela média das cotações dos gases butano e do propano no mercado europeu. Os reajustes passaram a ser trimestrais a partir de janeiro de 2018. Além das cotações desses produtos, o cálculo também sofre a influência do câmbio nos doze meses anteriores ao reajuste trimestral.
As indústrias, restaurantes, condomínios e empresas que usam os grandes botijões, considerado como gás comercial, também não escaparam do aumento de preço. Nesse caso a alta, no fim do mês passado, foi maior: 6%.
O valor do GLP empresarial continua 23,6% mais caro do que o gás comercializado em embalagens de até 13 kg. A falta de uma política de preços para o produto faz persistir essa diferença de preços entre o GLP residencial e o empresarial. O último reajuste da Petrobras para o GLP empresarial e comercial para as distribuidoras ocorreu no dia 14 de março passado, também em 6%.
A maioria dos consumidores do GLP são famílias de classe média e baixa, ou seja, usam muito esse gás. A dona de casa, Lidiane de Oliveira Gonçalves, se revolta com o reajuste no gás de cozinha. Por ser mãe de 3 filhos, ela conta que tem muita dificuldade em pagar mais de R$ 75 em um botijão. É um absurdo o valor do botijão ultrapassar R$ 80,00, reclama. Para se adaptar aos preços, a dona de casa ainda precisará reduzir o uso do fogão na hora de cozinhar. Para quem tem três filhos, R$ 80 é coisa demais. Esse aumento vai influenciar até na hora de fazer um bolo ou cozinhar um feijão, frisou.
O aposentado Daminhão Honório, é outro que reclama do aumento proposto para o botijão de gás. “Eu acho muito caro, porque meu salário não aumenta, e porque todo dia tem um aumento diferente, seja na gasolina ou no gás de cozinha”, critica. Ele disse que tem um fogão à lenha em casa e passará a utilizá-lo mais a fim de economizar.