Assaltos a ônibus na região de Campo Mourão levam caos e pavor à motoristas

Nos seus 51 anos de idade, pelos menos 27 deles, Agnaldo viveu como motorista de ônibus. Ano a ano, roda o país, sempre preocupado no bem estar de seus passageiros. No entanto, quando é escalado para percorrer o trecho entre Peabiru e Corbélia, na BR 369, região de Campo Mourão, definitivamente, o medo surge. “Ali é onde ocorrem os assaltos. É uma viagem tensa. Onde não se veem viaturas, gerando uma grande insegurança”, revelou.

“Sempre que um veículo alcança a gente ali e demora a fazer a ultrapassagem, você fica com a sensação que pode ser abordado. Isso, graças a Deus, nunca aconteceu comigo. Mas aconteceu com outros motoristas, conhecidos meus. Sempre, antes de sair de casa rezo muito”, disse Agnaldo.

O medo dele não é à toa. Assaltos a coletivos vem acontecendo com frequência na região de Campo Mourão. Há alguns dias, 7 de novembro, 40 passageiros que viajavam de Foz do Iguaçú a São Paulo foram rendidos e roubados por cinco assaltantes mascarados. A ação aconteceu na BR 369, nos arredores de Mamborê. Utilizando um veículo de cor clara, emparelharam ao ônibus e, mostrando armas, obrigaram o condutor a parar. Em seguida adentraram, rendendo a todos.

Dominados, os passageiros foram levados até uma estrada rural. Lá, sob ameaças, perderam jóias, celulares, dinheiro e mercadorias compradas no Paraguai. “A situação é caótica. Pedimos às autoridades que aumentem a fiscalização na rodovia. Principalmente neste trecho, de Mamborê a Ubiratã. É ali, entre as 23h e 4 da manhã quando se aproveitam para praticar os assaltos”, diz Cesar Amorim, gerente operacional da empresa proprietária do coletivo assaltado. De acordo com ele, em alguns casos, motoristas preferem não percorrer o trajeto.

Casos

5 de setembro de 2022, 23h30. Também na mesma rodovia, no mesmo trecho, um ônibus com destino a Curitiba foi obrigado a parar. Sob disparos de arma de fogo, o veículo teve um dos pneus furado. Parado, recebeu a “visita” indesejável de três assaltantes. Utilizando coletes balísticos e, fortemente armados, deram com os “burros nágua”.

As vítimas eram oito atletas juvenis, viajando para disputar um campeonato em Curitiba. Não levavam dinheiro, nem mercadorias, tampouco jóias. Frustrados, os bandidos os deixaram, rumando sentido a Ubiratã. Não houve violência física. Mas ficaram as “lesões psicológicas”.

13 de setembro de 2022, 3h. Na PR-317, entre Campo Mourão e Maringá, um ônibus com 19 passageiros é obrigado a parar. A empresa fazia o trajeto Carazinho, no Rio Grande do Sul à Querência, no Mato Grosso. Eram quatro elementos fortemente armados que os renderam e, dentro do coletivo, levaram jóias, celulares e dinheiro. No boletim de ocorrências da polícia, o motorista descreveu estarem em posse de um Peugeot prata.

Estado

A situação é tão grave que o deputado estadual Douglas Fabrício (Cidadania), já ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná para pedir providências à Secretaria de Segurança Pública do estado. “Estou acompanhando de perto essa situação. Já manifestei minha preocupação junto ao comando da Polícia Militar de Campo Mourão. Também irei conversar com o secretário do governo para que garanta ações mais ostensivas nestas rodovias”, afirmou.

Questionada sobre os assaltos, especificamente na BR-369, onde atua, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está ciente dos assaltos ali ocorridos. A entidade explica que este é um ponto de monitoramento constante, principalmente, em virtude do interesse das quadrilhas em somas de dinheiro transportados pelos passageiros. “O que causa bastante trauma às vítimas e um grande impacto social, pois os assaltantes, muitas vezes, utilizam armamento restrito e empregam grande violência, agredindo moral e fisicamente as vítimas, usando, inclusive de disparos de armas de fogo”, relatou.

De acordo com a PRF, os relatos trazem a informação de que assaltantes se utilizam de peças de uniformes policiais, que causam confusão aos motoristas, parando o veículo e acreditando se tratar de operação policial. Para minimizar a situação, estão em andamento operações coordenadas entre os setores operacionais e de inteligência da PRF e órgãos estaduais e federais. O objetivo é levantar informações que cheguem aos responsáveis pelos assaltos.