Autora da melodia do hino de Campo Mourão se prepara para lançar trilogia

Nesta sexta-feira (27), a TRIBUNA recebeu a ilustre professora Walkyria Gaertner Boz, autora da melodia do hino de Campo Mourão, executada pela primeira vez em 1967 e oficializada em 1992. Ela veio ao município – acompanhada de sua filha mais nova, Cláudia, uma dos três filhos que teve com o esposo, Geraldo Boz (in memoriam) – para acertar os detalhes finais do lançamento de sua primeira obra, “Folhas do Outono”, que é dividida em três volumes. A trilogia está prevista para ser lançada no final do próximo mês, em Campo Mourão.

Ela define a obra como ‘um livro de memórias’. “É só histórias do que eu ‘aprontei’ e da minha família; eu falos dos meus filhos, das minhas decepções, das minhas alegrias”, comentou, ao brincar que também é um ‘livro de fotografias com legendas’, visto que a obra é repleta de imagens de momentos de sua vida que foram ‘eternizadas’ por meio das fotos. “Eu quero ver o povo de Campo Mourão lendo o meu livro e dizendo o que acharam”, desejou. A autora aproveitou o espaço para agradecer sobretudo a seu filho, Geraldo Boz Jr, grande incentivador da produção do livro e quem está ajudando em todos os processos, do início ao fim.

Walkyria Gaertner Boz visitou a TRIBUNA, acompanhada de sua filha caçula, Cláudia, nesta terça-feira (27), quando compartilhou parte das histórias vividas em Campo Mourão, que estão presentes na obra

Legado

Nascida em Ponta Grossa, Walkyria teve uma importante atuação pelos diversos locais em que passou, incluindo Campo Mourão, onde viveu do início dos anos 1960 até o começo da década de 70. Hoje, aos 86 anos, ela reside em Curitiba e tem muito a dizer. Tantas histórias – das quais muitas ela protagonizou – que marcaram importantes feitos para o desenvolvimento de Campo Mourão estão detalhadamente descritas e poderão ser (re)vividas nos três volumes de seu livro, que começaram a ser escritos há cerca de 4 anos.

À TRIBUNA, a professora compartilhou algumas de suas histórias, que ficarão reservadas à leitura dos volumes de sua obra. Elas poderão acionar nos leitores que viveram na mesma época que ela muitas lembranças, ao mesmo tempo que trarão às gerações posteriores o conhecimento do legado deixado por Walkyria enquanto morou em Campo Mourão. “Eu vivi poucos anos aqui, mas não parei um minuto”, recordou-se.

Emocionada, ela considera que fez uma ‘revolução’ no município, visto que, entre outros, incentivou a criação da guarda mirim, foi presidente da Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI), introduziu o teatro entre os jovens estudantes quando nem mesmo existia televisão no município, foi palestrante, entre outras inúmeras intervenções que realizou na sociedade. Não foi à toa que, em 2006, ela recebeu o título de Cidadã Honorária de Campo Mourão.

Porém, embora ela discorde, não se pode negar que uma das contribuições culturais mais significativas da autora foi ter sido a responsável pela composição da melodia do hino de Campo Mourão, cuja letra é de autoria do saudoso professor Egydio Martello (in memoriam).

Hino de Campo Mourão

Para Walkyria, a composição da música do hino não foi o maior legado deixado por ela ao município. “[Campo Mourão] precisava de um hino mais majestoso, e o meu hino é simples”, pontuou. Já morando em Curitiba, na década de 80, quando ela soube da intenção do município de oficializar a música dela como hino da cidade, veio às pressas a Campo Mourão para tentar impedir.

“Campo Mourão merece uma coisa maior, a minha música é muito simples. A letra do professor Martello está maravilhosa, mas a minha música é uma musiquinha feita de última hora para um evento”, afirmava Walkyria à administração municipal da época, sugerindo até a realização de um concurso para a escolha do hino oficial.

Segundo Walkyria, o então prefeito Milton Luiz Pereira, após ouvi-la com impaciência e apresentar argumentos para sustentar por que as sugestões dela não funcionariam, concluiu: ‘‘o seu hino é como a gente daqui, é simples, é uma melodia que todo mundo canta fácil e é simples como o povo de Campo Mourão’. Ele também afirmou que a população já conhecia a música como o hino da cidade, e não aceitaria outra em seu lugar.

O posicionamento da professora, que perdura até os dias de hoje, é decorrente do fato de que a música foi produzida no ano de 1967, como uma atividade corriqueira, embora importante, que era receber o governador do estado, Paulo Pimentel, em Campo Mourão. Como os únicos dois corais da cidade que ela conduzia interpretavam apenas músicas folclóricas e até mesmo paródias criadas por ela, mas não havia nenhuma que falasse especificamente de Campo Mourão, era preciso uma solução rápida.

Com isso, o seu colega de profissão, Egydio Martello, deu a tarefa à Walkyria de criar uma melodia. Em cima da música, o professor redigiu a letra. Vale frisar que, no próximo dia 8 de outubro, completará 57 anos que o hino de Campo Mourão foi interpretado pela primeira vez.