Campo Mourão comemora 77 anos de progresso e desafios

O município de Campo Mourão completa nesta quinta-feira (10) 77 anos de emancipação político-administrativa. Uma mudança na lei municipal transferiu o feriado para a próxima segunda-feira (14). Com isso, nesta quinta, o atendimento será normal nas repartições públicas e no comércio em geral.

Para não deixar o aniversário da cidade passar em branco, a prefeitura realizará nesta quinta um ato cívico na Casa da Cultura, às 8 horas, com hasteamento das bandeiras, execução do hino e presença de autoridades. Também no sábado (12), feriado nacional, haverá atividades culturais e recreativas para as crianças na Praça do Fórum. Várias atividades alusivas à data vêm sendo realizadas desde o início da semana.

Ao longo de sua história, Campo Mourão colecionou fatos, conquistou a ordem e atingiu uma importante colocação na economia do Paraná. Hoje Campo Mourão dispõe de um belo quadro urbanístico, com modernas edificações, parques à disposição do povo, boas universidades, investimento na área gastronômica e bons supermercados.

Na saúde, a Santa Casa, mesmo com poucos recursos e toda a turbulência enfrentada nos últimos meses garante o atendimento para Campo Mourão e toda a região da Comcam. Ou seja, a cidade é planejada. Inserida a ela há de se destacar uma população alegre, calorosa, receptiva, trabalhadora. Hoje, somos 103.340 habitantes lutando por dias melhores. Esta é Campo Mourão que, completando 77 anos, comemora avanços e repensa sobre novos desafios surgidos com o seu crescimento.

Para o prefeito da cidade, Tauillo Tezelli, hoje, possivelmente, o maior desafio do município é a continuidade de programas lançados pelo governo federal. Segundo ele, é preciso que o governo pense mais na parte humana. Falta o acompanhamento para que aqueles projetos de ontem, tenham sua prorrogação no futuro. Um exemplo é o caso do Lar de Idosos. As verbas que vinham para ele há 20 anos, são as mesmas de hoje. E é por isso que município e a própria sociedade têm que fazer de tudo pra que lá não feche.

Terra da oportunidade

É comum escutar relatos sobre os bons ares de Campo Mourão. Pessoas que aqui chegaram, jamais retornaram. E as que saíram, não se esquecem, com desejo de voltar. E isso se explica por vários motivos. A começar com a boa receptividade da população. De certa forma, calor humano se tem em cada esquina. Também, nos últimos anos, tornou-se comum o cenário de profissionais de outras cidades, estados e, até países, ancorarem por estas terras. Neste caso, oportunidades de emprego, principalmente, com a criação de novas empresas. Grande parte, de tecnologias nascidas e criadas em solo mourãoense.

Otávio Prado do Amarante, desenvolvedor de softwares, chegou ao município em 2017. Deixou a grande Belo Horizonte, onde residia com os pais, em busca de novas oportunidades e da tranquilidade de uma cidade menor. E conseguiu aqui no município. “A cidade me acolheu. É uma terra de oportunidades e abraça todos aqueles que querem um novo começo. Uma cidade segura para morar e se viver”, avaliou.

Aos 77 anos de emancipação política, Campo Mourão continua crescendo. E colhendo os frutos de seu povo. De seus filhos. Gente que apostou na cidade. O resultado pode ser comprovado com números do emprego. Nos primeiros 8 meses do ano, em apenas um deles o saldo ficou negativo. Para se ter ideia, em 2024, o saldo acumulado de vagas já chega 1.410 em um ano, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Início

Muitos moradores nem imaginam, mas Campo Mourão deve muito ao governador da província de São Paulo, Dom Luiz Antonio Botelho e Socio Mourão. Ele foi o responsável por, entre 1769 e 1770, enviar uma expedição para a região do Rio Ivaí, na época chamado de Rio Dom Luiz. Setenta e cinco homens foram comandados pelo Capitão Estevão Ribeiro Baião e Francisco Lopes da Silva com a missão de descobrir e batizar as novas localidades.

Ao avistarem um enorme campo aberto, batizaram o local de “Campos Mourão”, posteriormente mudado para “Campo do Mourão”, e, mais tarde, simplificado para “Campo Mourão”, em homenagem ao governador de São Paulo. A história do município é dividida em três momentos: o descobrimento pela expedição de Dom Luiz, a chegada das primeiras famílias atraídas por informações de que a nova terra era próspera, e a criação do município.

No livro “Campo Mourão na espiral do tempo”, a escritora Edina Simionato relata encontros de expedicionários com os índios que ocupavam a região. Em 1893 os expedicionários vindos de Guarapuava (PR), Norberto Marcondes, Guilherme de Paula Xavier e Jorge Walter chegaram à região com 120 homens, para se dedicarem à criação de gado. Eles também fizeram os primeiros contatos com duas tribos de índios, uma de chefe Gembre e a outra liderada por Capitão índio Bandeira, que, ao que consta, seria um mestiço.

Até a década de 1960 o município de Campo Mourão compreendia toda a Microrregião 12 e os municípios que hoje a integram eram seus distritos administrativos. Na década de 80, foram desmembrados dois dos seus últimos distritos administrativos: Luiziana e Farol do Oeste, ficando sobre sua tutela apenas o distrito de Piquirivaí.

Lançamento da pedra fundamental da Usina Mourão, em agosto de 1951. Toda cidade se uniu para abrir estrada para a solenidade coma presença do então governador Moysés Lupion

Personagens decisivos para a criação de Campo Mourão

Há 79 anos, os paranaenses elegiam o empresário Moysés Lupion como governador. Quebrava-se um jejum de anos, sem eleições imposta pela ditadura Vargas. Em março daquele ano, a Assembleia Legislativa iniciava seus trabalhos para a elaboração da nova Constituição do Estado. Meses depois, em agosto, com a Carta Magna já promulgada, o deputado Lopes Munhoz reivindicava a criação de novos municípios, cujo dispositivo foi inserido na Constituição recém aprovada.

A notícia correu o Paraná. Em Campo Mourão, Francisco Albuquerque ouviu a novidade pelo rádio. Assim que terminou de ouvir, de imediato procurou o fazendeiro Pedro Viriato de Souza Filho, que tinha ligações políticas em Curitiba. Entusiasmados com a possibilidade da criação do município, Pedro Viriato viajou no dia seguinte para Curitiba. Na Capital, conseguiu uma audiência com o governador. No Palácio São Francisco – hoje sede do majestoso Museu Paranaense – expôs a Moysés Lupion a necessidade da criação de mais um município no projeto que tramitava na Assembleia Legislativa.

Enquanto atenciosamente Lupion ouvia a explanação, um assessor palaciano interrompeu o diálogo e mencionou que naquele momento era impossível a criação do município de Campo Mourão. E foi mais adiante: Campo Mourão somente poderia virar município 15 anos depois. Pedro Viriato ficou furioso e desacatou o assessor na presença do governador. Ânimos acirrados, o governador concordou com a criação do município, desde que Pedro Viriato fosse o prefeito. Ou seja, a cidade somente se tornou município graças a uma discussão e articulação política.

Outro detalhe que a história omite é que foi o deputado estadual Lacerda Werneck que defendeu a criação do município de Campo Mourão na Assembleia Legislativa. O projeto já estava tramitando e não previa a criação de outros municípios. Campo Mourão tem ainda uma dívida histórica com a memória deste parlamentar que articulou a sua criação.

O projeto de lei que criou o município de Campo Mourão foi aprovado com a emenda prevendo a criação da cidade. Enviado ao governador o projeto, tornou-se a Lei nº 2, sancionada em 11 de outubro de 1947.

Com informações de Jair Elias