Campo Mourão registrou 2.903 raios em 2019; meteorologista alerta para o perigo

Campo Mourão registrou durante o ano passado, 2.903 raios, uma média de 3,8 por quilômetro quadrado. O município possui uma área territorial de 757,109 quilômetros quadrados. O valor é 16,10% menor em relação a 2018, quando foram computadas 3.460 descargas atmosféricas na cidade. Os dados são do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) e Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat). A orientação é que a população redobre a atenção, principalmente no verão, época de maior incidência deste fenômeno. 

De acordo com o levantamento fornecido à TRIBUNA, os 25 municípios que abrangem a Comcam foram atingidos por 49.574 descargas atmosféricas, uma redução de 12,25% ante 2018, que registrou 55.649 raios. Nos últimos três anos, 2017 foi o período com maior incidência de raios na região: 99.599. Naquele ano, Campo Mourão sofreu 3.460 descargas.  

Durante o ano passado, Peabiru foi a cidade com o maior número de raios por quilômetro quadrado na região: 5,4. Sua extensão territorial é de 469,495 km2.  No período foram contabilizadas 2.550 descargas atmosféricas na cidade.     Por outro lado, o município com a maior incidência de raios foi Campina da Lagoa:     3.697. De acordo com o Simepar/Rindat, a cidade foi atingida por 4,6 descargas por quilômetro quadrado em uma área territorial de     808,824 km2.

O ranking dos municípios com maior incidência de raios na região é: Campina da Lagoa (3.697); Luiziana (3.453); Roncador (3.007); Campo Mourão (2.903); Mamborê (2.898); Ubiratã (2.828); Nova Cantu (2.793); Peabiru (2.550); Barbosa Ferraz (2.383); Araruna (2.320); Engenheiro Beltrão (2.091); Iretama (1.993); Altamira do Paraná (1.845); Goioerê (1.837); Juranda (1.827); Quinta do Sol (1.663); Terra Boa (1.264); Quarto Centenário (1.256); Janiópolis (1.227); Moreira Sales (1.138); Boa Esperança (1.065); Fênix (1.050); Farol (1.022); Rancho Alegre d'Oeste (867); e Corumbataí do Sul (597). Veja na tabela abaixo os dados completos. 

Segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo em média menor do que 1 para 1 milhão. Contudo, se a pessoa estiver numa área descampada embaixo de uma tempestade forte, esta chance pode aumentar em até 1 para mil. Entretanto, não é a incidência direta do raio a maior causadora de mortes e ferimentos. Geralmente são os efeitos indiretos associados a incidências próximas ou efeitos secundários dos raios que trazem risco. As descargas também provocam incêndios e queda de linhas de energia.

O meteorologista do Simepar, Marco Antonio Rodrigues Jusevicius, que mapeia os registros desde 2005, alerta que os raios podem ocasionar graves acidentes envolvendo humanos e animais, além de prejuízos em caso de queimas de aparelhos eletrodomésticos. Por isso, a orientação é que a qualquer mudança brusca no tempo a população procure áreas protegidas.

A pessoa jamais deve permanecer em áreas desprotegidas como praias, rios, piscinas, campos, e parques em situação de ocorrência de raios e nunca deve também procurar abrigos sob árvores, quiosques, tendas ou outra proteção que não a isole completamente do ambiente externo. Outra orientação é evitar utilizar equipamentos conectados a energia elétrica ou a telefonia convencional (com fios) durante a ocorrência de raios nas proximidades.

Jusevicius explica que os raios são provocados pela presença de grandes concentrações de cargas elétricas existentes em diferentes partes das nuvens de tempestade. Quando essas concentrações de cargas elétricas são muito fortes elas permitem a formação de descargas elétricas que vão buscar a conexão com a superfície da terra, normalmente em árvores, torres altas, picos de montanhas, formando então os raios que conhecemos. A intensidade típica de um raio é de 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. A descarga percorre distâncias da ordem de 5 quilômetros.

De acordo com o ELAT, o Brasil é o país campeão mundial em incidência de raios, com 77.8 milhões de descargas por ano. A explicação é geográfica: é o maior país da zona tropical do planeta – área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades e de raios.

Ainda conforme o ELAT, um raio pode durar até dois segundos, mas dura em geral cerca de meio a um terço de segundo. No entanto, cada descarga que compõe o raio dura apenas frações de milésimos de segundos. Estudos revelam visíveis aumentos de incidência de raios em áreas urbanas. Essa maior incidência está relacionada ao aumento de temperatura (fenômeno conhecido como ilha de calor) e de poluição nos centros urbanos.

Dicas de prevenção

O princípio básico de proteção que as pessoas devem ter em relação aos raios é permanecer isoladas do ambiente externo, no qual elas estão vulneráveis à ocorrência deste fenômeno durante as tempestades. Vale lembrar da regra do “30-30”, ou seja, ao ouvir um trovão em até 30 segundos após ver o relâmpago a pessoa deve interromper imediatamente as atividades que estão sendo realizadas e buscar abrigo em área protegida. Somente após 30 minutos depois de ouvir o último trovão pode-se retornar às atividades paralisadas.

No caso de incidência de raios nas proximidades as pessoas devem abandonar imediatamente áreas consideradas desprotegidas como campos abertos, parques, praias, lagos, áreas abertas de práticas esportivas e outras similares e buscar abrigo. O interior de casas de alvenaria e edifícios são os ambientes mais seguros. 

Quantidade raios 2019 – Densidade raios por km²