Campo Mourão tem cerca de 300 imigrantes assistidos pela Cáritas

Pelo menos 300 imigrantes, a maioria da Venezuela e países africanos, estão morando em Campo Mourão e receberam algum tipo de assistência da Cáritas, um projeto social da igreja católica. Desde que foi iniciado, em 2020, voluntários do projeto trabalham para garantir os direitos dos estrangeiros no país.

“Geralmente eles chegam sem nada e aí a gente faz campanhas para arrecadar móveis, roupas e fazemos os encaminhamentos para que recebam alimentos e benefícios concedidos pelo poder público”, explica Jaqueline Faria, coordenadora da Cáritas. Também recebem apoio para o ingresso no mercado de trabalho.

“A principal dificuldade, especialmente com a pandemia, é conseguir regularizar a documentação, pois sem isso, além de não conseguir arranjar emprego formal, não podem abrir conta em banco, matricular filhos e até mesmo serem cadastrados em programas sociais”, observa a coordenadora.

A regularização de documentos depende da Polícia Federal, em Maringá, que atende toda a região e no ano passado praticamente não atendeu por conta da pandemia. “O processo é feito pela internet mas quando depende de ir lá é só por agendamento e isso tem demorado mais de quatro meses”, relata Jaqueline, ao acrescentar que por conta do problema, mesmo documento vencido continua valendo.

Para o ingresso no mercado de trabalho, Jaqueline ressalta que muitas empresas têm colaborado para ofertar vagas. “Não pedimos prioridade, mas que eles possam concorrer de forma igualitária”, justifica. Segundo ela, a maioria dos venezuelanos têm graduação e alguns até pós-graduação. “Mesmo assim eles encaram qualquer trabalho para garantir o sustento da família”, afirma.

Ela lembra que os primeiros venezuelanos vieram por um projeto da igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias como refugiados quando o país entrou em grave crise. “Esses já estão bem estabelecidos”, acrescenta. Porém, eles sempre tentam trazer familiares que passam dificuldades no país de origem.

Os africanos, principalmente do Senegal, têm um perfil para o comércio e buscam o sustento como ambulantes. Um deles, conhecido por Mamadu, já tem dois pontos fixos e compra produtos dos outros. Também há imigrantes de Serra Leoa trabalhando no frigorífico de aves e na construção civil.

“Ainda existe muito preconceito, como é o caso dos africanos em relação a cor, por isso o trabalho da Cáritas é tentar garantir que seus direitos sejam respeitados. Não que a gente esteja incentivando a migração, mas a partir do momento que estão aqui, encontram na Cáritas um meio de assistência”, complementa.

Cáritas

Narcelys Poturo é uma das imigrantes venezuelanas, que há mais dois anos deixou seu país. Formada em Administração, ela também trabalhava como professora. Mas com pouco dinheiro e alimentação muito cara, optou por deixar para trás toda uma vida e o amor pela própria terra para estabelecer-se em Campo Mourão com a família.

Desde a chegada, recebeu ajuda da Cáritas. “A Jaqueline ajudou muito minha família e outros venezuelanos. Ela é uma pessoa excelente. Nos ajudou com comida, documentos e com um negócio de artesanato”, disse Narcelys em entrevista à TRIBUNA no fim do ano. Ela e o marido conseguiram emprego.

A Cáritas também oferece cursos e oficinas de capacitação aos imigrantes, assim como aulas de português. “De um modo geral é uma integração socioeconômica para essa população”, explicou Jaqueline. A Cáritas funciona no mesmo prédio da Pastoral da Criança, na Avenida Irmãos Pereira.