Cedus já impactou a vida de mais de 1.200 adolescentes de Campo Mourão

Fundado em 1977, inicialmente para atender crianças, o Centro de Educação Santa Rita (Cedus) se consolidou como um pilar importante no atendimento a famílias em situação de vulnerabilidade social em Campo Mourão. Ao longo dos anos, a instituição se adaptou às necessidades da comunidade e hoje atua na formação de jovens para o mundo do trabalho, promovendo inclusão, educação e desenvolvimento social. Mais de 1.200 adolescentes já foram beneficiados com os projetos e programas realizados.

Somente em 2024, a entidade impactou a vida de 172 jovens e realizou mais de 8.500 atendimentos, entre aulas, oficinas, atendimentos psicológicos, visitas domiciliares, encaminhamentos para entrevistas de emprego e outros, ajudando, ainda, 40 adolescentes a ingressarem no mundo do trabalho. Neste ano, até o momento, 114 meninos e meninas estão sendo atendidos no local.

A origem e a evolução do Cedus

Se hoje o Cedus atua na tentativa de mudar a realidade de muitos jovens mourãoenses, isso foi possível graças a um trabalho iniciado há 48 anos, como resposta da comunidade local à carência de serviços educacionais para crianças em situação de risco.

“O Cedus foi fundado em 1977 por membros da comunidade mourãoense que se reuniram para abrir uma creche para atender crianças de 0 a 6 anos que residiam no Lar Paraná e que não tinham onde ficar durante o período de trabalho dos pais”, contextualizaram a coordenadora do centro de educação, Caroline Moreira da Silva, e a instrutora e psicóloga Carolina Casarin Paes, ao reforçarem que o objetivo era garantir um local seguro para essas crianças enquanto seus pais trabalhavam.

Em 1984, a entidade conquistou sua sede própria, que foi construída com a ajuda de doações. Isso permitiu ampliar o atendimento, incluindo crianças de 7 a 12 anos em contraturno escolar, para evitar que ficassem nas ruas. A partir de 2002, com a implementação da Lei da Aprendizagem, o Cedus começou a focar adolescentes, oferecendo cursos profissionalizantes e programas de inserção no mercado de trabalho.

Com o tempo, a instituição se direcionou ao atendimento a adolescentes em situação de vulnerabilidade social e pessoal, particularmente aqueles entre 13 e 18 anos, sobretudo a partir de 2010, quando as creches passaram a ser um serviço exclusivo do município, deixando de atender crianças. Hoje, a entidade é uma referência no apoio a jovens em busca de desenvolvimento pessoal e profissional em Campo Mourão.

Nove funcionários remunerados atuam no local, sendo os seguintes profissionais: coordenadora, secretária administrativa, assistente social, psicóloga, três instrutores (nas áreas de Informática, Matemática e Direito) e dois profissionais de serviços gerais. Além disso, há a diretoria e três voluntários fixos, das áreas de Raciocínio Lógico-Matemático, Comunicação e Xadrez.

O espaço de educação não escolar se mantém mediante parcerias com o poder público, por meio da participação de editais e termos de cooperação, recebendo recursos municipais, estaduais e federais para garantir o funcionamento da maior parte da entidade. Recebe, ainda, doações ocasionais, que ajudam a complementar as atividades realizadas.

rês principais ações são realizadas na instituição atualmente: Projeto Adolescente Cidadão, Programa Adolescente Aprendiz e Projeto Família Cedus

Atividades

O Projeto Adolescente Cidadão é uma das três principais ações da entidade atualmente. Trata-se de um curso de qualificação que tem duração de 10 meses, a fim de preparar os adolescentes entre 13 e 15 anos para o mundo do trabalho. As atividades incluem aulas de informática, raciocínio lógico, direito, comunicação e oratória, além de oficinas que desenvolvem habilidades sociais, como dinâmicas de grupo e xadrez.

Podem participar da seleção, que normalmente ocorre no mês de fevereiro, adolescentes da rede pública de ensino e com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo. O objetivo é prepará-los para a vida profissional, oferecendo não apenas qualificação técnica, mas também ferramentas para o desenvolvimento de competências emocionais e sociais, conforme explicaram as representantes da unidade.

Após a conclusão do curso, os adolescentes de 14 a 18 anos são encaminhados para entrevistas de emprego. Os que passam assinam contratos de trabalho, em conformidade com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), cujos dispositivos foram alterados pela Lei nº 10.097/2000.

Simultaneamente, eles também são encaminhados ao Programa Adolescente Aprendiz, que oferece formação na área de serviços administrativos e bancários, com duração de 23 meses. O programa tem como foco a inserção no mundo do trabalho, oferecendo uma oportunidade concreta para muitos jovens que, de outra forma, poderiam se ver sem perspectivas profissionais.

Além disso, outro projeto, denominado Família Cedus, realiza um trabalho paralelo com as famílias dos adolescentes matriculados no centro educacional, promovendo visitas domiciliares, palestras e orientações. “Os atendimentos são prestados principalmente pela equipe técnica da instituição, nas figuras da coordenadora, assistente social, psicóloga, auxiliar administrativa e instrutores”, explicaram as profissionais. A ideia é garantir que os familiares também recebam suporte e possam contribuir para o desenvolvimento saudável dos jovens.

Com todas essas atividades promovidas no local, cada participante é acompanhado pela equipe por aproximadamente 3 anos, buscando promover perspectivas melhores para o futuro pessoal e profissional dos atendidos. “Como o Cedus atua principalmente com adolescentes das periferias e em situação de vulnerabilidade social, nossas ações buscam a melhoria nas condições de vida e redução dos agravos decorrentes de situações de vulnerabilidade social e violadoras de direitos”, disseram.

Metodologia

As atividades no Cedus são desenvolvidas mediante metodologia multidisciplinar, priorizando a atuação e interlocução entre os profissionais envolvidos. Isso visa acolher os adolescentes e suas famílias, buscando o respeito à heterogeneidade de arranjos familiares e valores e crenças pessoais.

“A equipe técnica trabalha no sentido de ofertar diariamente o direito à educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade e convivência familiar e comunitária, objetivando criar oportunidades para que os adolescentes atendidos tenham condições de fazer escolhas para seu futuro pessoal e profissional e serem protagonistas de suas histórias”, relataram a coordenadora e a psicóloga.

A partir das atividades desenvolvidas, jovens em situação de vulnerabilidade social têm a possibilidade de mudar a própria realidade, sendo preparados e inseridos no mundo do trabalho

Desafios

Apesar das ações sólidas e organizadas que são realizadas, o Cedus enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito à saúde mental dos adolescentes pós-pandemia de Covid-19. “Desde 2021, temos observado um aumento nas demandas de saúde mental, pois o período de pandemia e pós-pandemia repercutiram no convívio familiar e grupal dos adolescentes, acentuando casos de violência, vulnerabilidade e pobreza”, informaram Caroline e Carolina.

Muitos jovens relatam dificuldades familiares, como conflitos domésticos e a falta de recursos financeiros, o que agrava ainda mais o cenário de vulnerabilidade social. Para enfrentar esses desafios, a instituição investe em ações de sensibilização, apoio psicológico e melhoria da comunicação entre os familiares, ajudando a criar um ambiente mais saudável e seguro para o público juvenil.