Clima piora situação de lavouras de trigo
O clima seco e quente está contribuindo para a piora das lavouras de trigo na região de Campo Mourão. É o que aponta o boletim conjuntural do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura do Abastecimento (Seab). De acordo com os dados, 54% dos 104,5 mil hectares semeados na Comcam encontram-se em condições ruins; 34%, médias e apenas 12% de toda a área em boa situação.
O técnico do Deral em Campo Mourão, Paulo Borges, comentou que conforme o avanço das colheitas os produtores vão registrando as perdas. Segundo ele, a produção deverá sofrer uma queda de 30% a 40%, conforme relato de agricultores. Na região da Comcam, a colheita avançou para 4% da área plantada.
O boletim do Deral informa que da cultura em campo 4% estão em desenvolvimento vegetativo, 27% (floração), 45% (frutificação) e 24% se encontram no estágio de maturação. A estimativa inicial de produção de trigo na região na safra 2023/2024 era de 280 a 320 mil toneladas, mas caso as perdas se confirmem, o volume deverá cair para 200 mil a 230 mil toneladas.
A nível de Paraná o cenário também é preocupante. O engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, informou no boletim conjuntural que em termos numéricos observa-se uma piora nas condições da cultura. As lavouras em condições ruins passaram de 16 para 19%, já as lavouras em condições médias representam atualmente 25% da área a campo, ante 21% na semana anterior. Com isso, as lavouras em condições boas agora são 56% da área, ante 63% antes, o que representa um recuo de 7%, o equivalente a aproximadamente 70 mil hectares reclassificados.
“Destes, a maior parte se refere a problemas com geadas, porém também há uma piora em função da estiagem, ainda que de menor expressão”, comentou o agrônomo. No Estado, a área colhida passou de 1% para 3%, e continua com baixas produtividades em função da estiagem ter afetado e continuar afetando as lavouras plantadas mais precocemente.
Os números da safra de trigo serão atualizados no dia 29 deste mês. “Os dados deverão exibir um panorama mais claro a respeito das perdas por estiagem, porém ainda devem trazer de maneira sutil os problemas por geadas. Infelizmente, enquanto nos números a serem apresentados ainda persistirão dúvidas sobre os estragos”, falou Godinho, ao lembrar que uma nova frente fria deve entrar no Estado, deixando os produtores em alerta.
Ainda conforme o Deral, as produtividades baixas obtidas inicialmente dificilmente cobrirão os custos de produção. O desembolso aproximado de produção de um hectare de trigo, a preços de maio, foi estimado em R$ 3.236,02. Para receber este valor em sua produção o produtor precisaria vender 43 sacas de trigo, usando como referência o preço mais comum, praticado atualmente, de 76,00 a saca. Há relatos iniciais de uma produtividade obtida entre 30 e 35 sacas por hectare nas lavouras que enfrentaram a estiagem no pior momento, o que está gerando prejuízo ao produtor.