CM empresta oxigênio para Cianorte, que mantém comércio aberto e até liberou jogo do Paranaense

A situação da pandemia do coronavírus (Covid-19) em Cianorte, distante 67 quilômetros de Campo Mourão, tomou rumos ainda mais dramáticos. É que a cidade agora passou a sofrer com falta de oxigênio para pacientes infectados. Neste domingo (28), por exemplo, a Santa Casa de Campo Mourão enviou emprestados dois cilindros de oxigênio para atender pacientes internados na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do município vizinho. 

O que chama a atenção é que mesmo diante da situação caótica, o prefeito da cidade, Marco Franzato (PSD), liberou o funcionamento do comércio varejista – com as lojas atendendo com 50% de sua capacidade-, contrariando decreto do Governo do Paraná, que determinou lockdown. E acreditem, até mesmo um jogo de futebol pelo Campeonato Paranaense, foi realizado nesse sábado (26) no município, entre Cianorte e Atlético Paranaense. Ironicamente, a partida de futebol ocorreu no estádio localizado atrás da UPA onde estão os pacientes internados, correndo risco de morte. 

Segundo o prefeito, a abertura do comércio varejista atendeu a um pedido da Associação Comercial do município. “O comércio está funcionando com 50% de ocupação seguindo todo o protocolo de segurança”, justificou. Cianorte tem hoje 50 mortes causadas por coronavírus e 4.067 pessoas infectadas. 

A cidade tem 6 leitos de UTI-Covid. Todos ocupados. Enfermaria, com capacidade para 13 pacientes, estava até esse sábado com apenas 2 vagas. Nesta semana, o hospital que faz atendimento para a 13ª Regional de Saúde de Cianorte fechou metade dos leitos particulares por falta de profissionais. 

Além disso, a cidade criou na UPA 7 leitos exclusivos para atendimento de pacientes com Covid e abriu outros 7 leitos nos mesmos moldes no Centro de Eventos. Todos estão ocupados. E sete destas com pessoas aguardando vagas em UTI.

De acordo com informações, um torpedo de oxigênio nos moldes do que foi emprestado a Cianorte  – de 10 metros cúbicos cada -, tem autonomia de 20 horas para atendimento a um paciente em catéter nasal até 3 litros. Já em alto fluxo, a média é de apenas 8 a 10 horas. 

Atraso do fornecedor

O chefe da 11ª Regional de Saúde de Campo Mourão, Eurivelton Wagner Siqueira, informou que a falta de oxigêncio em Cianorte ocorreu devido ao atraso na entrega pelo fornecedor. “Nós aqui na região já estamos vindo há várias semanas estimulando todos os gestores para que nos informe sobre a situação de abastecimento de oxigênio”, frisou.

Proibição

Neste domingo, o prefeito de Maringá, Ulisses Maia (PSD), publicou em seu perfil na rede social um aviso alertando que cidades em que os prefeitos não estão respeitando o decreto do Governo Estadual, ‘deixando tudo funcionar normalmente’, não poderão buscar atendimento médico em Maringá para tratar pacientes com o vírus.

“Já estamos organizando barreiras nas entradas da nossa cidade. Ambulâncias de Cianorte, São Carlos do Ivaí e Mandaguari não estão autorizadas a entrar. Esperamos que não seja necessário ampliar essa medida. Que toda região tenha consciência que o momento requer união na prevenção para vencermos juntos”, falou.