Coamo anuncia R$ 185,8 milhões de antecipação das sobras
A Coamo Agroindustrial Cooperativa completou 54 anos de fundação nesta quinta-feira (28) com o anúncio, pelo presidente dos Conselhos de Administração da cooperativa e da Credicoamo, José Aroldo Gallassini, do pagamento antecipado de R$ 185,8 milhões em sobras aos seus 32.200 cooperados nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. O dinheiro será depositado nas contas dos cooperados no próximo dia 10 de dezembro. Gallassini informou o valor durante uma coletiva de imprensa com a participação de 72 jornalistas, no anfiteatro do entreposto da cooperativa, no município.
“A Coamo sempre fez o pagamento antecipado desta sobra. Este é o diferencial de uma cooperativa para uma empresa”, afirmou o presidente. Gallassini destacou que o dinheiro é considerado o décimo terceiro do produtor rural. No resultado do exercício, os cooperados estarão recebendo a título de sobras R$ 0,70 para cada saca de soja entregue na Coamo, R$ 0,20 para o milho, R$ 0,20 para o trigo e 1,5% de tudo que ele adquiriu na cooperativa, desde insumos como adubos, sementes ou máquinas. O complemento das sobras será anunciado na divulgação do balanço, cuja assembleia é realizada no início de fevereiro.
Apesar de um 2024 difícil ao agronegócio devido às perdas causadas por condições climáticas, Gallassini disse que será um ano positivo para a Coamo, que atenderá bem todo seu quadro social. “Tivemos quebra da safra de soja, milho segunda safra e grande quebra também de trigo em que 90% foi acionado o Proagro e seguro rural. Para se ter ideia, recebemos em 2023 12 milhões de sacas de trigo e 5 milhões em 2024”, frisou. Para a safra em curso, as expectativas são positivas. “Estamos passando por um bom momento para a soja. Até agora o clima está contribuindo com chuvas regulares. Se continuar neste ritmo, tudo indica que teremos uma boa safra”, prevê.
Sobre os 54 anos da Coamo, Gallassini comentou a expansão da cooperativa no passar dos anos. Ele lembrou que quando iniciou os trabalhos de base, há 56 anos, as terras eram ácidas, fracas e improdutivas. “Era o fim da madeira. As lavouras eram todas manuais. O excedente se vendia. Na época se cultivava na região arroz sequeiro, milho e algodão. Começamos a fazer o trabalho e organizar o produtor”, lembrou. A cooperativa foi fundada por 74 agricultores. “Estamos hoje com 32.200 cooperados. Então é um trabalho grande”, comemorou.
Investimentos
Para agilizar o recebimento e a armazenagem da produção dos cooperados, ampliar e modernizar a infraestrutura em diversas áreas e incrementar a verticalização para agregar valor as atividades dos mais de 32 mil produtores associados, a Coamo terá investimentos de R$ 3,5 bilhões para os próximos três anos (2024/2026).
O presidente executivo da cooperativa, Airton Galinari, informou que os investimentos serão aplicados em 80 unidades nos três estados da área de ação da Coamo com modernização e ampliação das suas estruturas portuárias e de recebimento, beneficiamento, secagem, armazenagem de produtos agrícolas, distribuição de insumos, produção de sementes e de escritórios administrativos.
Para melhorar o fluxo no atendimento e o escoamento da produção dos cooperados, a Coamo está construindo um novo entreposto em Campina da Lagoa, Paraná e três novas unidades de recebimento nas regiões de Amambai, Dourados/Ponta Porã, e em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul.
Está aplicando também R$ 1,67 bilhão na construção da unidade industrial de etanol de milho, em Campo Mourão, com capacidade de processamento de 1.700 t/dia de milho, contemplando o sistema de cogeração de 30 MW (Megawatt). Investimentos também serão aplicados na modernização tecnológica e melhorias nas plantas industriais de Campo Mourão, Dourados e Paranaguá.
Solidez
Galinari comentou também que independente das dificuldades do ano a Coamo sempre oferece as sobras, resultado da solidez da cooperativa. “O cooperado se beneficia do preço do dia e do resultado no fim do ano. São R$ 185 milhões de antecipação. O complemento virá após a assembleia que será realizada no início de fevereiro. Em seus 54 anos a Coamo sempre distribuiu sobras mantendo esta tradição”, falou.
Ele disse que a Coamo presta um serviço social que viabiliza a atividade de todos os seus mais de 32 mil cooperados, dos quais 70% são pequenos produtores. “É realizado um trabalho social muito grande. Temos muito o que comemorar nestes 54 anos. A cooperativa surgiu de uma grande dificuldade. Saiu de um período extrativista e entrou para um período de produtividade. Mas todo um trabalho foi feito. Produtores se uniram para ter escala, volume e realizar uma nova agricultura”, afirmou.
Credicoamo
Com 28.500 associados, a Credicoamo, cooperativa de crédito da Coamo, também fará o pagamento antecipado de R$ 45 milhões em sobras no próximo dia 12 de dezembro aos seus sócios. O presidente da instituição, Alcir José Goldoni, destacou o crescimento da cooperativa de crédito nos últimos anos. Segundo ele, hoje a Credicoamo tem um volume de recursos de mais de R$ 5 bilhões. “Esse dinheiro é o recurso que o associado aplica na Credicoamo e a ‘Credi’ repassa para quem tem necessidade dentro de todas as regras do Banco Central, que é o regulador”, afirmou.
A Credicoamo é uma instituição financeira cooperativa. Ela é formada pelos cooperados da Coamo. Seu foco é atender os cooperados em todas as suas necessidades. “Hoje temos condições de financiar 100% das necessidades que o cooperado apresenta”, informou. Hoje são mais de 51 agências no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul oferecendo serviços focados na agregação de renda e bem-estar de toda a família.
54 anos
A Coamo comemora nesta quinta-feira, 54 anos de fundação. Enviado pela extinta Acarpa (hoje IDR-PR) para impulsionar a realidade rural da região, o engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini conduziu os primeiros experimentos de trigo e de soja em terras mourãoenses em 1969. Com o sucesso do plantio, as produções aumentaram e a preocupação se tornou para quem vender os produtos recém-produzidos.
A partir desse movimento somado ao conhecimento de Fioravante João Ferri, madeireiro do Rio Grande do Sul, que surgiu a ideia de formar uma cooperativa. Gallassini e Ferri sabiam que este seria um passo importante para desenvolver a agricultura de Campo Mourão e oferecer uma vida melhor para os agricultores e suas famílias.
Após uma série de reuniões com lideranças do setor, nasceu então, em 28 de novembro de 1970, a Cooperativa Agropecuária Mourãoense Ltda (Coamo). A cooperativa iniciou por 74 agricultores pioneiros, que pelo desejo de se fortalecerem enquanto produtores rurais, sobretudo garantir a armazenagem e comercialização das suas safras, gravaram os seus nomes na história da cooperativa.