Coamo mantém boas perspectivas de produção para safra de verão, mas logística se torna desafio
Após as últimas três safras frustradas, a Coamo Agroindustrial Cooperativa, com sede em Campo Mourão, mantém boas perspectivas de produção para a safra de verão 2022/2023. Para se ter ideia, somente de soja, a expectativa de recebimento pela cooperativa é de em torno de 100 milhões de sacas. As informações são do presidente executivo da Coamo, Airton Galinari, em entrevista ao “Momento Coamo”, transmitido no youtube. Por outro lado, a logística preocupa.
Galinari comentou que, ao contrário de 2022, o ano de 2023 iniciou com as lavouras de verão ‘muito bem desenvolvidas’. Desde a implantação até o momento, segundo ele, são raros os casos de problemas. “Dificilmente se vê uma safra com perspectiva tão boa. De modo geral, em toda área da Coamo, a expectativa para a safra de verão é muito boa”, falou Galinari. Em 2022, a safra foi frustrada pela seca.
O presidente executivo da Coamo comentou que há boas expectativas também para implantação do milho segunda safra. Ele disse que a cooperativa já disponibilizou insumos, sementes e fertilizantes aos cooperados para a safra, avaliada por ele, como ‘muito bem planejada’. Além disso, as sementes de trigo também estão praticamente 90% já negociadas. “O cooperado já está se antecipando para fazer esta safra de verão e entrar na safra de inverno com segurança”, observou.
O desafio da logística
Se por um lado a previsão é de safra ‘cheia’, por outro uma das grandes preocupações da cooperativa é a questão da logística, classificada por Galinari como ‘um grande desafio’.
O problema é a baixa antecipação da comercialização pelos produtores. Para se ter ideia, a Coamo está abaixo de 5% da expectativa de recebimento de soja comercializada. A cooperativa projeta receber em torno de 100 milhões de sacas da safra 2022/2023, mas até o momento tem menos de 5 milhões de contratos.
“Isso dificulta muito a logística porque estamos com estoque de passagem relativamente alto. São mais de 20 milhões de sacas de soja, 24 milhões de sacas de milho e 2 a 3 milhões de sacas de trigo que não conseguimos negociar ocupando espaço no armazém”, disse, ao informar que a cooperativa não ‘especula com o produto do cooperado’. “Nós aguardamos ele fixar para fazer a comercialização. Isso gerou uma ocupação dos armazéns. E com a expectativa de safra grande estamos tomando muitas medidas para poder atender o cooperado no momento da safra. Este é o grande desafio desta safra de verão”, ressaltou.
Apesar da preocupação, Galinari comentou que a Coamo terá plena condição de receber a safra. “Mas claro que se o cooperado vier a negociar facilita. Hoje eu diria que já tem um atraso. O porto (de Paranaguá) já está ‘tomado’ até o final de fevereiro. Para se ter uma ideia, mesmo que a gente venda produtos hoje, um navio, por exemplo, ele só vai sair em março”, frisou.
Preços
Galinari falou também sobre a questão de preços da commodity. Em 2022 entre fevereiro e março a saca de 60 quilos bateu os R$ 200,00. Ele explicou que foi um momento ‘fora da curva’ causado por conta da frustração da safra com a estiagem. “Nos últimos 6 meses os preços não variaram fora da faixa de R$ 160,00 a 170,00. Então mostra uma estabilidade”, observou.
O presidente executivo comentou que o mercado mundial não aponta para grandes variações do preço do produto, inclusive, a Argentina está tendo uma grande dificuldade em função da seca, mas isso com a safra já ‘precificada’.
Além disso, conforme o último relatório dos EUA, os estoques mundiais não apontam queda de passagem do exercício de fim de ano. Ou seja, tudo está correndo de forma ‘normal’ com preços estáveis. “De junho até agora o preço está bastante estável. É um momento em que o cooperado deve avaliar se fazer contratos, travar custos ou fazer aquisições que temos disponibilizados”, afirmou.