Colheita do trigo avança na Comcam com produtividade se mantendo baixa
A colheita do trigo teve avanço nesta semana na região de Campo Mourão com baixas produtividades se confirmando no campo em consequência da estiagem. Nas primeiras áreas colhidas, os produtores estimam uma quebra de produção entre 30 a 40%.
De acordo com o Boletim semanal divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), 10% da área com trigo havia sido retirada do campo na Comcam até a terça-feira (3). A área de plantio na região é de 104,5 mil hectares.
Chama a atenção a área restante a colher em condições ruins: chega a 56%, o equivalente a 52.668 hectares. Ou seja, mais da metade da área total de plantio. 32% das culturas estão em condições medianas (30.096 ha) e apenas 12% da cultura em boas condições, 11.286 hectares.
O agente técnico do Deral em Campo Mourão, Paulo Borges, destacou que as perdas já eram esperadas pelos produtores, pois a cultura foi afetada por ocorrências climatológicas (seca) desde a sua implantação. Em algumas regiões, para piorar, veio as geadas, recentemente potencializando os prejuízos, já que algumas áreas ainda em desenvolvimento foram atingidas.
“Na medida em que a colheita vai avançando infelizmente as perdas vêm se confirmando. Em algumas áreas maiores e em outras menores”, lamentou Borges, ao comentar que ao final da colheita o órgão divulgará os dados concretos de perdas da produção.
O boletim do Deral informa que da cultura em campo 6% estão no estágio de floração, 37% (frutificação), e 57% se encontram no estágio de maturação. A estimativa inicial de produção de trigo na região na safra 2023/2024 era de 280 a 320 mil toneladas, mas com o cenário encontrado com o andamento dos trabalhos de colheita, o número reduzirá significativamente.
As perdas nas culturas não se resumem apenas na região, mas sim em todas as regiões produtoras do Paraná, conforme informa o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, no boletim da Divisão de Conjuntura Agropecuária do Deral, divulgado nesta quinta-feira (5).
“Mesmo com a colheita evoluindo nas piores áreas, as lavouras de trigo restantes a campo foram reclassificadas para pior”, lamentou o agrônomo. Atualmente, conforme os dados, apenas 36% da área a colher está em boas condições, ante 42% na semana anterior.
As lavouras em condições médias, aponta o agrônomo, representam 36% da área também, enquanto as ruins são 28%. “Na semana anterior eram 32% e 26%, respectivamente”, comparou.
A colheita atingiu 11% da área no Paraná, com as produtividades se mantendo baixas em função da seca. As chuvas desta quinta-feira se restringiram apenas a uma porção do Estado, com o Norte do estado seguindo com mais uma semana de tempo seco e temperaturas, em média, mais altas. “Esta situação facilita o trabalho de colheita, mas pode prejudicar ainda mais lavouras onde os grãos estão em formação”, observou.
As baixas produtividades obtidas até o momento dificilmente cobrirão os custos de produção. O desembolso aproximado de produção de um hectare de trigo, a preços de maio, foi estimado em R$ 3.236,02. Para receber este valor em sua produção o produtor precisaria vender 43 sacas de trigo, usando como referência o preço mais comum, praticado atualmente, de R$ 78,00 a saca. Nas primeiras áreas que estão sendo colhidas, há registros iniciais de uma produtividade obtida entre 30 a 35 sacas por hectare, gerando prejuízo ao produtor.