Com coleção de mais de 300 presépios, espírito do Natal está presente o ano todo no lar de Rosane

Se para muitos a magia do Natal acontece de forma mais expressiva em dezembro, para a professora de história aposentada, Rosane Doralice Lange Schmidt, esse espírito natalino está presente o ano todo. “Eu entendo que deveria ser Natal todos os dias”, é o que considera a colecionadora de mais de 300 presépios e centenas de outros itens natalinos. Em seu apartamento de menos de 100 metros quadrados, a professora faz ornamentações usando as peças da coleção e recebe grupos para visitação.

Todos os anos, ela enfeita o apartamento, deixa os itens expostos por alguns meses e volta a guardar tudo para se preparar para a Páscoa. Isso porque Rosane também costuma fazer exposição nessa época, com coelhos, impressionantes árvores montadas com casquinha de ovos de galinha, além de outros enfeites característicos dessa celebração.

No entanto, por questões de saúde, a ornamentação de Natal precisou ser adiada nas vésperas da festividade cristã, sendo que a colecionadora só conseguiu finalizar os enfeites em janeiro. Como ela pretende deixar a exposição dos presépios por mais alguns meses, explicou que provavelmente não fará a de Páscoa este ano.

Isso porque todo esse processo de montar e desmontar os “cenários” é delicado e leva tempo. Para se ter ideia, foi quase um mês para concluir a ornamentação com os itens natalinos. Essa é uma forma de Rosane manter viva a tradição de sua mãe, que também era colecionadora. “A metade da sala da minha mãe era feita para colocar os presépios”, falou. Muitas das peças que faziam parte do acervo da mãe de Rosane acabaram se perdendo, sobrando apenas algumas. “Eu não sei que fim levaram essas peças”, lamentou.

Dessa vez, a amante do Natal contou com a ajuda da filha para organizar tudo. Mas é Rosane quem faz o trabalho minucioso de “categorizar” as peças, separando presépios maiores de menores, por exemplo. Os itens, de todos os tamanhos, cores, formatos, materiais e estilos possíveis, impressionam os visitantes. Alguns até mesmo emitem sons e se movimentam.

Origem e investimento dos objetos colecionados

Como as peças não foram catalogadas ao longo dos anos, Rosane acaba não se lembrando de onde trouxe muitas delas, principalmente as avulsas, como anjos, que também são um dos itens que fazem parte das coleções. Porém, por onde passa, a colecionadora sempre procura trazer algum artigo que remete ao Natal.

Portugal, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, França, Itália, Áustria, Hungria, República Tcheca, Israel e, claro, a Terra Santa, Jerusalém, são alguns dos destinos para os quais a historiadora já foi. “De lá [Jerusalém], eu trouxe um de madeira muito lindo”, comentou. Mas Rosane não adquire itens só do exterior. Também há de diversos cantos do Brasil, desde Campo Mourão mesmo, passando por Guaratuba, São Paulo, São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul, até Manaus, por exemplo.

Assim, trazer, ao menos, um dos três itens que mais coleciona: presépio, anjo ou Papai Noel, é uma forma de ela “selar” as viagens. “Se não, eu não fiz uma viagem legal”, falou, aos risos. Porém nem sempre é possível encontrar itens de Natal, pois há países que não são cristãos, como a Turquia. Apesar disso, Rosane acaba sempre trazendo algum elemento de recordação.

Dependendo do tamanho das peças que Rosane compra, é preciso até fazer investimento com mais bagagem. Foi o que aconteceu em sua última viagem, em novembro, para Portugal. “Eu tive que comprar mais uma mala para caber [o presépio]”, contou.

Um dos presépios mais recentes de Rosane veio de Portugal, adquirido na última viagem que ela fez para o exterior, em novembro de 2023

Os preços pagos pela entusiasta são dos mais variados. Chegam aos extremos de R$ 20,00 a R$ 500,00, aproximadamente, em peças avulsas ou em um jogo completo. “Quando eu fico na frente de um e penso que é caro, reflito: mas eu sou colecionadora, para colecionadores nada é caro; daí eu acabo levando”, brincou. Além de comprar muitos dos presépios, Rosane também acaba sendo presenteada com outros, principalmente por familiares e amigos que sabem dessa paixão que ela tem.

Da tradição da família ao amor pelo Natal

Atualmente, aos 70 anos de idade, Rosane se tornou colecionadora de artigos de Natal, efetivamente, há cerca de 40 anos. Foi em uma viagem para a Alemanha Oriental, em 1983, que ela comprou o primeiro presépio. Com o tempo, a colecionadora também foi aprendendo mais detalhes sobre o Natal e a própria tradição da família.

“Uma tradição que a minha mãe tinha era encher as pontas dos pinheirinhos de algodão”, disse, ao completar que nunca se questionava o porquê, apenas ia repetindo a tradição da mãe, que também foi das gerações anteriores, por anos. “Quando eu estive na Alemanha, vi aquela neve e falei: entendi”, contou.

O primeiro presépio adquirido pela colecionadora foi em 1983, na Alemanha Oriental

Há, pelo menos, 25 anos, a professora faz a exposição dos presépios e demais itens natalinos em seu apartamento. No começo, os anjos cabiam em apenas uma bancada na sala de jantar, enquanto uma escrivaninha, algumas mesinhas de centro e o rack na sala eram suficientes para colocar todos os presépios.

Hoje, já faltando espaço no local, ela precisou expandir para a varanda, onde montou uma graciosa “Vila Natalina”, com “Papais e Mamães Noéis”, soldados Quebra-Nozes, entre outros enfeites. “Onde eu passo, vejo alguma coisa diferente, daí eu trago”, comentou.

A cada ano, as prateleiras no apartamento de Rosane vêm crescendo. Ela, inclusive, disse que não tem espaço para colocar mais presépios e não sabe como vai fazer para parar de adquirir novos artigos. Agora, a colecionadora espera que a tradição permaneça na família, com os filhos, que já vêm demonstrando interesse e habilidades com as peças, segundo ela.

Quem é Rosane

Rosane atuou como professora de história durante 32 anos, na educação básica e no ensino superior. Participa da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana (IECLB) de Campo Mourão, na qual o marido, Roberto Jorge Schmidt (in memoriam), foi pastor. Com ele, teve três filhos, sendo que um já faleceu.

Atualmente, a professora vive em Campo Mourão com seus 6 gatos. Ela comentou que, além da necessidade de restaurar as peças em função da ação do tempo, os autores das danificações de alguns presépios acabam sendo seus companheiros pet. Apesar do zelo que ela tem com cada peça, acaba se divertindo quando os animais interagem com os artefatos. “Eles amam esta época; ‘oba, final do ano, mamãe monta uma árvore para nós brincarmos’”, descontraiu.

Serviço

Para conhecer o acervo de Rosane, interessados podem entrar em contato diretamente com ela, por WhatsApp ou ligação, pelo número: (44) 9906-1818 e agendar uma visita.

Os itens, de todos os tamanhos, cores, formatos, materiais e estilos possíveis, impressionam os visitantes. Confira alguns deles nas fotos abaixo: