Com jejum e orações, fiéis celebram a Paixão de Cristo
Em clima de oração, jejum e silêncio, a Igreja Católica reúne seus fiéis hoje para celebrar a Sexta-feira Santa, ou ‘Sexta-feira da Paixão’, data em que os cristãos lembram o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultura de Jesus Cristo, através de diversos ritos religiosos.
Na Igreja Católica, este dia pertence ao Tríduo Pascal, o mais importante período do ano litúrgico. A Igreja celebra e contempla a paixão e morte de Cristo, sendo o único dia em que não se celebra a Eucaristia.
Por conta disso, a Igreja Católica se recolhe no silêncio, na oração e na escuta da Palavra, procurando entender o significado profundo da morte de Cristo. Aos católicos o pedido da igreja é para que façam jejum e uma revisão de vida. Em Campo Mourão, as igrejas iniciaram ontem à noite, após missa da Instituição da Eucaristia e Lava-Pés, adoração do Santíssimo Sacramento, que prossegue até o sábado à noite com a vigília pascal.
O ritual recorda a última Ceia de Jesus (a instituição da Eucaristia). Essa missa começa e não termina, pois o padre não faz a bênção final. Em vez da bênção, sacerdote e assembleia saem em silêncio e o Sacrário fica vazio. O Santíssimo Sacramento é transladado para outro local. Na maioria das igrejas é comum as pessoas passarem a noite em vigília.
O Sábado Santo, ou da Aleluia, é considerado o ápice da celebração, com a Vigília Pascal à noite. A vigília da ressurreição, como é chamada pela igreja, é tida como o centro de todas as celebrações. “Se pudéssemos dizer que existe uma solenidade mais importante da igreja é essa do Sábado Santo. Porque a Páscoa significa passagem da escravidão para a vida. E Jesus refaz essa passagem da escravidão da morte para a vida”, explica o Bispo Diocesano Dom Bruno Versari.
Páscoa
A Páscoa, celebrada no domingo (17), é considerada o momento mais tradicional do ano litúrgico dos cristãos, mas já era celebrada antes de Cristo. Celebrada ao fim da Quaresma, após 40 dias de penitências, orações e jejum, a Páscoa é marcada pela conversão.
De acordo com a Igreja, a Quaresma é a grande revisão da vida, momento em que o cristão deixa o pecado para trás para viver a Páscoa. Os símbolos atribuídos à data também remetem à conversão. Nas celebrações litúrgicas, tem o círio pascal, para recordar a luz e mostrar que Deus vence as trevas. O ovo é utilizado para recordar a vida, pois, a partir dele, é gerada a vida. Ele foi tomado pela tradição, e se utilizam, hoje, o chocolate e o coelho, que representa fertilidade. Hoje em dia não é muito utilizado, mas o girassol também é um símbolo, pois é uma flor que está sempre voltada para a luz, representando o fiel que deve estar sempre voltado para Deus.
Páscoa em todos os momentos da vida
Sobre o posicionamento da Igreja Católica com relação à associação da Páscoa com ovos de chocolate, a orientação é explicar, principalmente para as crianças, o significado da data e da comemoração. A Igreja não proíbe e não se posiciona, mas pede que, se um fiel oferece um ovo de chocolate a uma criança, deve explicar o significado da Páscoa.
A Igreja é pontual apenas na questão da carne vermelha, que não deve ser ingerida na Sexta-feira Santa, data em que é relembrada a morte de Jesus. Com isso, o peixe também surgiu como um símbolo. As pessoas começaram a substituir a carne por peixe, que é uma carne branca, e que tem significado bíblico, já que está relacionado à pesca milagrosa e à multiplicação dos pães e peixes, milagres de Jesus.
Apesar de ser uma celebração tradicional, a Igreja prega que a Páscoa não deve ser celebrada só neste domingo, mas em todos os momentos da vida já que muitas pessoas participam das celebrações, mas não fazem uma revisão de vida e não mudam suas atitudes. “Tudo que representar libertação, vitória sobre a morte, sobre a opressão, a violência e sobre um vício, é Páscoa. A Páscoa é a nova possibilidade que Deus nos oferece. Páscoa é vida nova”, ressalta Dom Bruno.
Campo Mourão espetáculo
do Auto da Paixão de Cristo
A Semana Santa em Campo Mourão também será marcada pelo espetáculo do Auto da Paixão de Cristo, nesta Sexta-feira Santa (15). A Associação Casa de Filhos Prediletos da Fraternidade O Caminho e o município de Campo Mourão, por meio da Fundação Cultural (Fundcacam), é que apresentarão o espetáculo.
O evento será às 19h30, na Vila Franciscana, próximo a Santa Casa. É a quarta vez que a Fraternidade realiza a encenação, sendo a primeira em 2017 na Capela do Carolo e 2018, 2019 e 2022 na Vila Franciscana.
Em 2019, o público presente estimado foi de 5 mil pessoas, e é a mesma previsão para este ano. Aproximadamente, são 120 pessoas participando, entre artistas e equipe técnica. Para o dia, a utilização de máscara é uma recomendação, devido à expectativa do público.