Com preço em alta, lavouras de trigo apresentam bom desenvolvimento na região
Com 100% da área semeada na região de Campo Mourão, a maior parte das lavouras de trigo apresenta boas condições de desenvolvimento, conforme o boletim semanal divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), na terça-feira (12). Os produtores rurais plantaram 100.300 hectares de trigo na Comcam na safra 2022. Em comparação a safra anterior houve uma redução de área em aproximadamente 4%. Em 2021 foram cultivados 105.000 ha. Os bons preços animam, apesar da alta nos custos de produção.
Da área total plantada na Comcam, o Deral estima que 95%, 95.285 hectares, apresentam boas condições de desenvolvimento e 5%, médias. A produção inicial estimada para esta temporada é de 280.840 toneladas. O relatório informa ainda que até o início desta semana, 89% das culturas estavam no estágio vegetativo; 10% em floração e 1% na fase de frutificação.
Com a saca de 60 quilos cotada em média a R$ 110,27, os preços do grão estão cerca de 30% maiores este ano comparado ao mesmo período do ano passado. Porém, mesmo com a cotação em alta neste ano, os custos de produção das lavouras aumentaram. Ou seja, o produtor terá que colher mais para ter a mesma rentabilidade do que em 2021.
O engenheiro agrônomo da Coamo, José Petruise Ferreira Junior, observou que a cultura vem sendo favorecida pelo clima desde o início da sua implantação, haja vista que a região registrou precipitações importantes para a umidade do solo, favorecendo o início de semeadura e germinação. “Em relação ao desenvolvimento, as condições climáticas também estão favoráveis até o momento. Tivemos precipitações que estão contribuindo para o desenvolvimento”, explicou.
No entanto, o agrônomo chama a atenção que a região está praticamente há 25 dias sem o registro de chuvas significativas. Dentro deste cenário, ele lembra sobre a importância do manejo adequado do solo, seja, químico, físico ou biológico, além do manejo da cultura contra doenças, pragas e plantas daninhas.
“Nas propriedades que adotaram de maneira correta o manejo do solo e da cultura, até o momento, mesmo diante destes dias mais secos não estamos tendo problemas”, comentou. Por outro lado, produtores que não fizeram o manejo correto podem estar já tendo a produtividade comprometida, comentou o agrônomo, ao observar que se não chover dentro dos próximos dias, algumas áreas podem ter a produtividade comprometida.
Em relação a produção, Petruise afirmou que na área de atuação da Coamo, a expectativa é bastante positiva, considerando o clima favorável até o momento, além dos investimentos pelos cooperados em relação a utilização de sementes, base de fertilidade do solo, manejo adequado do solo e da cultura, tratamento da semente, entre outros fatores.
“Mesmo diante do cenário que vivemos atualmente, consequência da pandemia, problemas de logística, questão da guerra entre Rússia e Ucrânia impactando diretamente no fornecimento de fertilizantes, aumentando os custos de produção, em contrapartida temos o aumento de preços para comercialização. Esperamos que a expectativa de boa produção se confirme na região e que os preços se mantenham favoráveis para que o produtor tenha boa rentabilidade”, acrescentou.
De acordo com o boletim semanal divulgado nesta sexta-feira (14) pela Divisão de Conjuntura Agropecuária do Deral, o plantio do trigo está praticamente encerrado no Estado. A projeção é de produzir 3,9 milhões de toneladas, confirmando a redução de 5% na semeadura para uma área total de 1,17 milhão de hectares.
“A semeadura deve ser encerrada nos próximos dias. O relatório referente a 11 de julho apontou que 99% da área de 1,17 milhão de hectares estava plantada. No dia seguinte (12), voltou a chover no Estado, restabelecendo a umidade do solo nas regiões que plantam mais tardiamente e onde a estiagem começava a preocupar. Portanto, como nas demais regiões, os triticultores do extremo Sul do estado conseguirão plantar o cereal dentro do período ideal estabelecido pelo zoneamento agrícola”, informou no boletim o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.
Ele ressaltou que as condições das lavouras também refletem a pluviometria adequada até o momento, pois 5% da área está em condição mediana e 95% está boa, mesma condição apresentada na Comcam. “Atualmente, cerca de um quinto das lavouras paranaenses está começando a espigar ou enchendo grãos, fases com risco maior de perdas por congelamento”, observou Godinho.
No entanto, conforme ele, a previsão é que não se formem geadas relevantes nos próximos 15 dias, situação permite a manutenção de expectativa de uma safra cheia, estimada em 3,9 milhões de toneladas, considerando que a maioria das lavouras deve passar ao longo do inverno por suas fases críticas, tanto em relação às temperaturas negativas, quanto em relação à disponibilidade hídrica.
Historicamente o Paraná é líder da produção nacional de trigo. Em 2019, colheu 8,6 mil toneladas em 637 hectares, o que rendeu R$ 15,3 milhões. Em 2021 a safra foi de 3,2 milhões de toneladas, patamar 20% inferior às 4 milhões de toneladas estimadas inicialmente.
A redução se deu em função da seca ao longo do ciclo e de geadas pontuais em algumas lavouras. Além disso, a chuva na época da colheita também retirou qualidade dos grãos, que tiveram índices menores do que os da safra de 2020. A cultura do trigo é a principal alternativa de produção para a safra de inverno no Estado e se encaixa no período de abril a outubro, dependendo da região de cultivo, em sucessão à soja.