Como ajudar as crianças a retomarem a rotina escolar? Confira dicas de especialista

Com o fim das férias escolares se aproximando, muitos pais/responsáveis se preocupam com a adaptação dos filhos à rotina de estudos novamente. Sobretudo para crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos, que estão nas etapas do ensino fundamental, o retorno às aulas pode ser um desafio, pois exige uma readaptação ao ritmo escolar e aos hábitos diários.

Segundo a neuropsicopedagoga Claudeni Benelli, de Campo Mourão, é fundamental que esse processo de reintrodução aconteça de forma gradual e cuidadosa, começando ainda na última semana de férias para que o retorno não envolva “sofrimento” por parte dos estudantes. Com isso, o processo pode se tornar mais “natural” para o dia oficial do retorno, que, em Campo Mourão, será no próximo dia 5 de fevereiro.

Por exemplo, especialmente para os alunos que estudam no período da manhã, ela explicou que o ideal é ajustar aos poucos o horário de acordar. Para isso, pode-se começar com uma diferença de 30 minutos a cada dia, até que, nos últimos dias de férias, a criança já esteja acordando no horário habitual de quando vai à escola.

“Não dá para de um dia para o outro querer que a criança acorde às seis horas da manhã”, alertou ela, destacando que mudanças abruptas no horário de sono podem causar desconforto e, inclusive, interferir no rendimento dos alunos.

Além do ajuste no sono, é importante retomar os hábitos escolares especificamente, como os horários de leitura, revisão de conteúdo e organização do material. “Aproveite o momento em que a criança está animada para ver o material novo e crie um cronograma de estudos”, recomendou Claudeni.

Ela explicou que a revisão de conteúdos já estudados pode ser uma excelente maneira de estimular o aprendizado e a memória, além de ajudar a criança a se familiarizar com a rotina escolar, mesmo que ela ainda não tenha iniciado o conteúdo do novo ano. Para isso, a neuropsicopedagoga também sugeriu que os pais incentivem a criança a pesquisar conteúdos novos, a fazer resumos ou a escrever textos sobre livros que leu durante as férias, ajudando a manter a mente ativa e preparada para os desafios que virão.

Outro aspecto importante, que pode ajudar na adaptação emocional, é a visita à escola antes do início das aulas. Se a escola estiver aberta e permitir visitação, é uma boa oportunidade para que a criança conheça novamente o ambiente escolar e visualize a sala de aula e o pátio, principalmente se ela iniciar o ano letivo em uma instituição nova.

“Isso ajuda a criança a se sentir mais tranquila, pois ela já sabe para onde se dirigir no primeiro dia de aula”, disse Claudeni, completando que o contato prévio ajuda a diminuir a ansiedade e proporciona um sentimento de familiaridade, facilitando o processo de adaptação.

Além disso, nesta semana, os pais/responsáveis também têm a chance de incentivar os filhos a se sentirem mais responsáveis pela própria rotina escolar, por menor que seja a idade. É possível, por exemplo, deixar as crianças arrumarem a própria lancheira, se for o caso, ou mesmo organizarem os seus materiais e uniformes. Ela falou que essas ações, embora simples, são essenciais para fortalecer a independência e o compromisso com os estudos.

Portanto, a neuropsicopedagoga enfatizou que a reintrodução à rotina escolar não precisa ser um processo difícil e desgastante. Com paciência, planejamento e ações graduais, as famílias podem ajudar seus filhos a se adaptarem de forma mais tranquila ao novo ano letivo. O apoio durante esse período de transição é avaliado pela profissional como fundamental para que as crianças e adolescentes retornem à escola com motivação e confiança, preparados para os desafios que virão.

Crianças brincando
Algumas atividades simples, mas criativas, podem contribuir para o desenvolvimento das crianças e adolescentes ainda nesta reta final das férias escolares; veja algumas dicas – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Sugestões de atividades para realizar na reta final das férias

Ainda a tempo, a neuropsicopedagoga Claudeni Benelli sugeriu atividades criativas que unem diversão e aprendizado, aproveitando os últimos dias das férias para estimular as crianças de maneira lúdica e interessante. Confira a seguir algumas dicas e funções dessas ações propostas pela profissional.

• Oficina de arte caseira: utilize materiais do ano passado (papel, tinta, colas e outros) para criar pinturas, dobraduras ou colagens. Essas atividades ajudam a desenvolver a criatividade e a coordenação motora das crianças.

• Oficina de “Faz de conta”: usar meias velhas ou sacos de papel para criar fantoches e montar pequenas peças de teatro, além de estimular a criatividade e a expressão verbal, também trabalha a habilidade de criar histórias e diálogos.

• Jogos de tabuleiro: jogos como “Banco Imobiliário”, “Resta Um” ou “Jogo da Velha” promovem o raciocínio lógico, a socialização e a paciência, além de incentivar a leitura, quando as histórias dos jogos são exploradas.

• Atividades ao ar livre: organizar uma “caça ao tesouro” ou criar uma mini horta são maneiras de explorar o ambiente, estimular a paciência e o cuidado das crianças com a natureza e, ainda, promover a resolução de problemas e a cooperação entre elas e os adultos envolvidos.

• Desafio de youtuber: muitas crianças adoram imitar youtubers. Por isso, elas também podem ser incentivadas com a “brincadeira” de “gravar” a organização do quarto, narrando tudo como se fosse um vídeo. Essa atividade estimula a expressão verbal, a organização e, ainda, garante boas risadas.

• Roda de conversa e agradecimentos: promova conversas sobre o dia, incentivando as crianças a expressarem seus sentimentos, por meio de desafios criativos, como o “jogo do agradecimento”, em que todos compartilham algo pelo qual são gratos. Essas práticas fortalecem os vínculos familiares e a positividade.

De acordo com a neuropsicopedagoga, essas sugestões, ainda que simples, são criativas e ajudam a transformar os últimos dias de férias em momentos de aprendizado, diversão e conexão entre as crianças e seus responsáveis, garantindo um retorno às aulas mais tranquilo e motivado.