‘Compadre Dionísio’ pega estrada com bicicleta barra circular de 20 quilos para pagar promessa
O radialista e humorista de Luiziana, Carlos Costin, o “Compadre Dionísio” pegou o trecho – de sua cidade a Campo Mourão – em sua bicicleta Monark Barra circular vermelha dos anos 70. A ‘vermelhona’ pesa aproximadamente 20 quilos. A ‘aventura’ foi nessa quarta-feira (12), para pagar uma promessa à Nossa Senhora Aparecida. O trecho, de cerca de 70 quilômetros – ida a e volta – até o Santuário da Vila Urupês, é composto de íngremes subidas.
“Há uns três meses peguei uma gripe. Sei lá o que era aquilo lá e fiquei sem a voz. E vivemos da voz para fazer o programa de rádio. Tinha duas semanas já ruim, sem voz e sem programa. Dei uma olhada para bicicleta e falei o seguinte para nossa Senhora Aparecida, que nunca desampara a gente: se minha voz voltar e eu ficar bom eu vou pedalando com essa bicicleta (Monark) no dia 12 de outubro no santuário de nossa Senhora Aparecida. E não é que curei”, relatou ele.
“Compadre Dionísio” já é acostumado a pedalar longas distâncias, mas em uma bicicleta que não tem nada a ver com a Monark de guerra. Trata-se de uma mountain bike moderna, com trocas de marchas, liga de alumínio. Quase duas vezes mais leve que a Barra Circular. “A diferença para mountain bike que a gente ‘tá’ acostumado é grande”, avaliou.
O humorista disse que passou a semana ‘ajeitando’ a Monark. Fez troca de rolamentos, substituição dos pneus, engraxou a corrente, tudo para que a aventura ocorresse da melhor maneira possível. Ele disse que era para ter saído de Luiziana às 5 horas da madrugada de quarta-feira (12), mas a chuva forte atrasou a partida, adiada para às 9.
Até Campo Mourão foram quatro horas de pedalada. Aproveitava ao máximo nas descidas para recuperar o fôlego e, nas subidas, empregava um ritmo com bastante cautela já que tinha que guardar forças para o retorno. Todo o trajeto foi feito sem descer da bicicleta. Ou seja, encarou todas as subidas na força, na raça e claro, na fé, que o moveu até Campo Mourão. Todo o trajeto foi acompanhado por um amigo de mountain bike. E outro detalhe: Carlinhos, como é chamado, veio caracterizado de “Compadre Dionísio”. Roupa caipira, botina de couro e chapéu de palha.
“Fico feliz que tudo deu certo. Muito grande a satisfação de ter chegado e retornado pedalando. E se Deus permitir estarei ai em Campo Mourão de no ano que vem para fazer uma visita de bicicleta a casa de nossa mãe: Nossa Senhora Aparecida”, concluiu o compadre aventureiro, devoto da Santa.
Curiosidade
A Monark Barra Circular é uma das últimas remanescentes dos anos 70 da marca ainda em produção. Em 1966 foi lançada como Copa 66, ou Rei Pelé 66, seu quadro tinha formato menos ergonômico, pois a sessão que ligava o cachimbo ao selim era encurvada e de peça única.
Nesta configuração, além de 1966, ela veio no ano de 1967 (Galáxia), 1968 (Medalha de Ouro) 1969 (2001), 1970 (Olé 70, nome que muitos hoje em dia a conhecem) e 71 (Brasil luxo 71). Em 1972, com a configuração atual do quadro, substituiu a Olé 70, que também possuía um aro no meio do quadro, só que de resto era bem diferente. Acompanhava aos demais modelos da marca do ano, como Série Águia de ouro 1972, mas seu nome, de fato, era Barra dupla circular, vinha com aros 26 e 28, e com o sistema de freio inglês (FI), sistema acionado unicamente por varas de aço e contra-pedal (CP) e Garupa integrada ao quadro – apenas neste ano – com uma útil garra com mola, para facilitar no transporte de objetos ou bolsas.
O modelo fez enorme sucesso, assim como a Monareta de 3ª geração, pela beleza de suas linhas e praticidade no seu uso diário. Fez tanto sucesso que foi até copiada pela concorrente, a Caloi, que lançou sua Barra forte, que se tornou a maior rival no segmento.
O começo dos anos 60 se fez com mais de 30 marcas de bicicletas sendo produzidas no Brasil. A grande maioria fabricava modelos em vários tamanhos, geralmente 28, 26, 24, 22 e 20, em polegadas e referente ao tamanho da roda. Com o mercado de bicicletas em crise, a necessidade de padronização para diminuir custos foi a saída para evitar fechar as portas. A grande maioria das bicicletas adultas, já no final da década de 60, passa a ser produzida com rodas 26 ½. A Monark Barra Circular fugiu da tradição e entrou no mercado para fazer história. Mesmo uma marca com a força que a Monark tinha então só tem sucesso se seu produto cai no gosto público e a Barra Circular foi um sucesso total. É, aliás, até hoje.