Concurso da PM aumentará efetivo da Polícia Rodoviária em 2022
Há alguns dias, um motorista em apuros nas estradas próximas a Campo Mourão, buscou ajuda de policiais rodoviários. Na ocasião, teria sido perseguido à noite, muito provavelmente, segundo ele, por assaltantes. Ainda assustado, foi até o posto da corporação, em Peabiru. Lá, não encontrou ninguém para relatar o caso.
Aos 58 anos, e não desejando ser identificado, revelou ter sido a primeira vez em que passou, como descreveu, “uma noite de terror”. “Nunca senti tanto medo, pavor e angústia. Eu só queria pedir ajuda. Mas não encontrei ninguém para me ouvir”, disse. O motorista, ainda indignado, revelou ter recebido, dias depois, informações de que postos de polícia rodoviários estariam quase sem patrulheiros e, quando muito, com um ou dois policiais. “Me disseram que do jeito que está não conseguem mais fiscalizar nada”, afirmou.
Outros motoristas também informaram que buscaram apoio nos dias 9 – à tarde -, e 10 de outubro – pela manhã -, no posto de polícia rodoviária de Peabiru. E também não encontraram membros da corporação. Segundo eles, a unidade estava trancada.
Não querendo ser identificado – por motivos óbvios -, um policial revelou que a situação é sim, verdadeira. A falta de membros da polícia na estrada teria iniciado após a Operação Força e Honra, deflagrada em 14 de julho deste ano. Na ocasião, 25 homens da 4ª Cia BPRv foram afastados, acusados por crimes de corrupção – 15 foram presos. “Uma semana depois, outros 65 policiais foram transferidos para outros batalhões, sendo 15, apenas da 4Cia BPRv”, revelou. Em tempo, estes 15 em questão nada têm haver com a operação Força e Honra.
Hoje, segundo relatado, o efetivo diminuiu drasticamente, levando a força policial das estradas a também sofrer consequências. Segundo as denúncias, os policiais estão sobrecarregados. “Sobram cobranças, faltam apreensões e uma maior fiscalização. Bons operadores foram tratados como bandidos. Consequentemente vieram vários pedidos de reserva remunerada (aposentadoria)”, disse o policial.
Dados não oficiais indicam que, somente na região de Maringá, foram aproximadamente 20 pedidos de aposentadoria, além de pedidos de transferência para outros batalhões, assim como atestados para tratamento de saúde, reduzindo ainda mais o efetivo, a ponto de ficar apenas um policial por dia.
“Como consequência direta, a falta de um número maior de policiais reduziu apreensões de drogas e autuações, impactando no aumento dos acidentes”, informou o policial. Ele explicou que, quando acontece um acidente, o patrulheiro fecha o posto e, com o apoio de outro policial – de outra unidade que também é fechada -, se desloca para atender a ocorrência. Em casos assim, o patrulheiro deve aguardar a chegada do policial para o atendimento, demorando, em alguns casos, mais de duas horas. “Esta situação ocorre no Paraná todo”, indica.
Informações apontam que, em 13 de julho – um dia antes da operação Força e Honra -, o efetivo aproximado da 4Cia BPRv era de 115 patrulheiros. Dois meses depois, agora em outubro, teria despencado para cerca de 70, distribuído ainda a 14 postos, sede e equipes de fiscalização. “Esta realidade permanece em todas as companhias de Polícia Rodoviária, sendo cogitado o fechamento deles”, enfatizou. Esta semana a TRIBUNA visitou a unidade de Peabiru. O único policial naquele momento disse não poder responder aos questionamentos.
Agosto de 2021. Em Iporã, um policial rodoviário apreendeu sozinho quase 500 quilos em maconha. Avisado por um motorista que, um veículo fazia ultrapassagens perigosas, decidiu abordá-lo no posto. Mas não teve como fazê-lo. O condutor passou em alta velocidade, não respeitando a ordem em parar. Então, sozinho, apanhou a viatura e iniciou uma perseguição. Quilômetros adiante, o motorista abandonou o carro e, junto a ele, os 490 quilos da droga.
Outro lado
A TRIBUNA questionou as denúncias junto ao comando da Polícia Rodoviária do Paraná. Cordialmente, o Tenente-Coronel Wellenton Joserli Selmer respondeu as indagações:
TRIBUNA – Algumas pessoas têm relatado a falta de policiais rodoviários em alguns postos do Paraná. No caso, o de Peabiru. São pessoas que precisam de informações ou ajuda e vem encontrando os locais sem ninguém. O que está acontecendo? Falta efetivo?
BPRV – O Batalhão de Polícia Rodoviária vem potencializando a aplicação de seu efetivo com maior mobilidade, deixando de manter apenas policiais fixos nos postos rodoviários, para empregá-los, também, de maneira dinâmica em ações e operações como radar, permanência, abordagens, fiscalização com etilômetros, patrulhamento e atendimento de ocorrências e sinistros de trânsito em toda a malha rodoviária. Assim, é possível abranger uma área de atuação maior, estando sempre o número 198 à disposição dos usuários das rodovias estaduais.
TRIBUNA – A operação Força e Honra, que afastou 25 policiais, colaborou para isso?
BPRV – Por certo o afastamento de 25 policiais militares, com 15 destes presos, colabora para a redução de efetivo da unidade.
TRIBUNA – Os índices de apreensões de drogas caíram desde julho. Isso também seria relevante na falta do efetivo?
BPRV – O BPRv continua realizando ações e operações de segurança pública em toda a malha rodoviária do Estado do Paraná, sendo realizadas rotineiramente apreensões de drogas, com o emprego de equipes volantes, de sua ROTAM (Ronda Ostensiva Tático Móvel), emprego de cães e desenvolvimento de operações conjuntas, com o apoio de efetivos de outras unidades, sejam elas de policiamento ostensivo geral ou especializadas, como o BOPE, o BPFron e o BPCHOQUE.
TRIBUNA – Existe previsão para aumentar o efetivo?
BPRV – Durante esse ano de 2021 está ocorrendo o concurso para ingresso na Polícia Militar do Paraná. Após inclusão, esses novos policiais militares passarão pelo período de formação durante o ano de 2022, para então estarem aptos a exercerem as várias atividades operacionais da Corporação. Com esse novo contingente, haverá remanejamento de efetivo para o BPRv.
TRIBUNA – Qual é o efetivo hoje de policiais rodoviários no PR e em Peabiru, no caso do posto de lá?
BPRV – Esse tipo de dado não é divulgado por envolver questão estratégica que envolve a área de segurança pública.
TRIBUNA – Uma pessoa relatou que alguns postos estão trabalhando apenas com um policial. É verdade? E seria esse o motivo da demora do atendimento em acidentes em rodovias?
BPVR – Os policiais militares empregados nas equipes dos Postos de Polícia Rodoviária são apoiados por equipes volantes, cujos policiais tem toda uma programação diária de ações a serem desenvolvidas, de forma a ampliar sua atuação em prol da segurança pública. Há sempre uma equipe de serviço trabalhando de maneira sistêmica. Eventuais demoras no atendimento de ocorrências se devem às distâncias a serem percorridas pelas equipes policiais, vale lembrar que o Paraná possui uma malha rodoviária de mais de 12 mil quilômetros de extensão.
TRIBUNA – A falta de efetivo está inibindo a fiscalização em estradas? E não estaria colocando em risco a vida dos próprios policiais?
BPRV – As fiscalizações nas estradas estão ocorrendo normalmente; e quanto à segurança dos policiais militares todo o atendimento de ocorrências, acidentes de trânsito, abordagens e operações são realizados em duplas ou em equipes maiores. Ainda, os policiais militares passam por constantes capacitações e treinamentos de ordem técnica operacional; como exemplo pode ser citada a recente habilitação para o uso de espargidores, instrumentos de menor potencial ofensivo para emprego conforme as diretrizes internacionais de uso diferenciado da força. Por fim, o BPRv está sempre à disposição da comunidade para atuar com presteza em prol da segurança pública, agir de maneira preventiva para combater o excesso de velocidade, casos de embriagues na condução de veículos e promover ações voltadas a preservar vidas. O lema da unidade é: Vida, nosso maior patrimônio!