Conselho Municipal dos Direitos da Mulher realiza Campanha do Laço Branco em Campo Mourão
Neste mês, o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM) de Campo Mourão está promovendo a Campanha do Laço Branco. O Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, instituído pela Lei n.º 11.489, de 2007, foi celebrado no último dia 6. No entanto, em função da repercussão positiva da campanha, ela segue por mais alguns dias no município.
A advogada trabalhista e presidente do CMDM de Campo Mourão, Titina Espindola, falou à TRIBUNA sobre o trabalho que tem sido desenvolvido na ação. “Essa é a primeira vez que o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher toma a frente dessa campanha”, disse, ao completar que, inclusive, a mobilização está inaugurando no município este ano.
Entre as ações, houve um podcast feito com uma bancada masculina. Além disso, diversos órgãos do município receberam laços brancos em alusão à campanha, assim como as representantes do conselho explicaram a respeito do teor da mobilização, principalmente para homens em diversos espaços.
Ações realizadas em Campo Mourão
A campanha começou oficialmente em Campo Mourão no dia 4 de dezembro. A partir dessa data, foi feita a distribuição de laços brancos e falas de integrantes do CMDM explicando sobre a mobilização.
No dia 5, Titina participou do podcast “Clube da Conversa”, juntamente com Guto de Paula, mestre em Sociedade e Desenvolvimento pela Unespar (Universidade Estadual do Paraná), campus de Campo Mourão, Diego Comiran, Psicólogo da Assistência Social de Campo Mourão, e Mário Carneiro, Juiz da Segunda Vara Criminal de Campo Mourão.
A finalidade do podcast foi promover uma bancada formada por homens que pudessem discutir sobre a violência contra a mulher, conforme explicou Titina. Por exemplo, o advogado Guto de Paula falou sobre as ondas feministas, tema da dissertação de mestrado dele.
“São homens debatendo sobre temas que afetam as mulheres”, falou Titina, acrescentando que os assuntos abordados contemplaram, além do feminismo, o ciclo da violência contra a mulher e a Lei Maria da Penha, conforme especialidade e experiência de cada um dos convidados.
Dia de mobilização
A campanha ainda perdurará, pelo menos, até esta segunda-feira (18), quando será realizada uma mobilização na sessão ordinária da Câmara Municipal de Vereadores de Campo Mourão, para reforçar o objetivo da ação. O ato acontecerá a partir das 9 horas.
“Todas as pessoas que estiverem na Câmara vão ganhar um laço branco”, comentou Titina, ao lembrar que os vereadores são predominantemente homens. A advogada também fará uma fala, enquanto presidente do CMDM, reforçando que, apesar de este ser o mês destinado à mobilização dos homens sobre a violência conta a mulher, a campanha deve ser permanente, visto que o crime não é praticado apenas em dezembro.
“No Brasil, temos um índice elevadíssimo de violência contra a mulher, é o país que mais mata, por exemplo, mulheres trans no mundo”, ressaltou. Titina revelou, também, que, na ocasião, fará a leitura de uma carta, intitulada: “Carta aberta a mulheres cisgênero e transgênero de Campo Mourão”, justificando que, uma das lutas do CMDM, conforme a presidente, é a busca pela igualdade de gênero.
Histórico
A campanha nasceu em 1991 – embora tenha sido instituída em forma de lei federal apenas em 2007 – e é oriunda de um fato que aconteceu em 6 de dezembro de 1989, no Canadá, na Escola Politécnica de Montreal. Na época, um jovem chamado Marc Lépine, que era estudante de Engenharia Elétrica na instituição, entrou no local e fez uma seleção dos alunos que estudavam lá, dividindo-os por gênero, afirmando estar ‘lutando contra o feminismo’.
Em seguida, pediu para que os homens deixassem a escola e matou as 14 mulheres que ali estavam. Além disso, feriu outras 10. Quatro homens também foram atingidos. Esse episódio ficou conhecido como “O Massacre de Montreal”. Após os cerca de 20 minutos que durou o massacre, o autor do crime se matou com um tiro na cabeça.
Na visão de Lépine, as mulheres feministas estavam acabando com o país, não concordando que mulheres adentrassem a instituição para estudar engenharia, que, para ele, era um curso masculino.
No bolso da calça dele, foram encontradas algumas cartas. Em uma delas, o assassino mencionava o nome das 19 mulheres que ele pretendia executar por considerá-las feministas. Ele acreditava que as mulheres estavam buscando ocupar os espaços de poder, que, para ele, deveriam ser apenas dos homens, e tentando surrupiar a ‘história construída pelos homens’.