Country Club e os seus 19 abnegados
É possível retomar o glamour do local mais visitado nos anos 80, em Campo Mourão? Para um grupo de 19 abnegados, sim. Há duas semanas, eles iniciaram uma nova gestão frente ao Country Club. E, mesmo diante de um quadro desolador, estão certos que a missão será cumprida. Para isso, necessitam que a população retorne aos quadros. Volte a frequentar o clube. Hoje, com apenas 50 sócios, o local nem de longe lembra o que foi um dia, quando manteve 1,7 mil associados.
Fundado em 1962, o Country viveu o auge na década de 80. Naquela época, com muitos frequentadores, havia dinheiro para reformas e, consequentemente, a sua manutenção. Com o salão de eventos inaugurado, o local abrigou grandes casamentos. Tomou para si, um charme não mais visto na cidade. Foi um tempo em que realizava os melhores bailes de Carnaval. Sem contar, com os famosos e memoráveis bailes do Havaí e Anos Dourados. Mas isso tudo, acabou se perdendo. E, o glamour, transformou-se em nada.
Fechado desde o início da pandemia, o clube está de volta. Mas em estado de “coma”. Tudo ali precisa ser melhorado. Mas falta grana. E o principal: gente. Sem sócios, não entra dinheiro. E isso é o que a nova diretoria mais necessita. “Nosso objetivo é fazer do Country o que ele sempre foi para a cidade. Um lugar voltado às pessoas de bem se encontrarem. Um ponto de lazer. Trazer novamente as famílias”, disse o professor Diogo Macowski, membro da nova gestão.
Aos poucos, algumas áreas vão sendo reabertas. Como a academia. Lá, tudo já funciona. Isso também acontece com as duas quadras de tênis. Na próxima semana, será a vez das piscinas serem reabertas. Além do problema financeiro, o clube também terá pela frente outro obstáculo: o tal do Covid 19. Para não haver aglomerações, a diretoria vem realizando um planejamento sanitário. E, vontade, não falta aos abnegados. Diogo conta que o grupo já tirou dinheiro do próprio bolso para voltar as atividades. “Fizemos uma arrecadação para pagar a luz. Juntamos uma parte. A outra, parcelamos”, disse. Ao todo, era devido R$18 mil à Copel. Até a luz havia sido cortada.
Além disso, é visível o esforço de cada um para “ressuscitar” o Country. Diogo conta que o grupo vem fazendo tarefas braçais. Como a função de cortar grama, ou aparar o mato. Hoje, o clube mantém apenas quatro funcionários. Só para se ter ideia, na década de 80, eram 45. Número quase igual ao total de sócios, de hoje.
Paulo Adão de Oliveira, aos 80 anos, é um deles. É funcionário há 27. Tem saudades da movimentação. Do público. Das crianças. “Olho pra tudo isso aqui e só escuto o silêncio. Sinto falta do grito, das risadas e do choro das crianças”, diz ele, bastante emocionado. Paulo também sente pelo bosque devastado. Segundo ele, há anos, plantou diversas mudas de árvores. Elas cresceram. E foram derrubadas. Onde estavam, agora é só mato. Uma cena bucólica. Paulo quase foi as lágrimas contando.
Trabalho
Trabalho. Muito trabalho. É desta maneira que a nova diretoria encara a revitalização do Country. Numa primeira etapa, estão levantando a situação financeira e fiscal. Ao mesmo tempo, reabrindo setores aos sócios. A partir do próximo ano, a meta é atrair gente. O clube necessita de uma pintura geral. Pequenas obras. Troca de vidros. Consertar goteiras do salão. Por causa delas, parte do forro desabou. “Sabemos que temos muito trabalho pela frente. Mas estamos dispostos a isso. E vamos fazer”, diz Diogo.
Com o tempo, uma área do clube foi dada em troca de uma dívida trabalhista. Ela foi paga. Mas restam outras. Ao todo, segundo a diretoria, são R$3 milhões em dívidas, ainda a saldar. Existem saídas. E elas estão sendo analisadas. Nos últimos 17 anos, o lugar também foi alvo de leilões judiciais. Especulou-se bastante sobre a suposta venda. Mas, efetivamente, ela jamais aconteceu. Atualmente, a renda mensal do clube é de aproximadamente R$5 mil. Ou seja, mal paga os funcionários. “Necessitamos alcançar entre 250 e 300 sócios. Somente assim, conseguiremos manter o local e, ao mesmo tempo, ter poder para investimento”, disse Diogo. Nos próximos dias, a direção fará uma campanha de visitação e captação de novos sócios.