Desenvolvimento econômico integrado é tema de discussão com candidatos a prefeitos
Com o tema “Estratégias Integradas para o Desenvolvimento”, um encontro na manhã desta quinta-feira (29), na sede da Comcam, em Campo Mourão, reuniu vários candidatos a prefeito da região para debater o desenvolvimento integrado nos municípios. Os três candidatos à prefeitura de Campo Mourão, Douglas Fabrício, Edoel Rocha, e Rodrigo Salvadori estavam entre os participantes.
Durante o encontro técnico, realizado em parceria entre a Comcam, Sebrae, Carceacopar, Núcleo Regional da Casa Civil do Estado do Paraná (SRI), entre outros agentes, foram apresentados aos candidatos dados sobre diversos indicadores regionais como o PIB (Produto Interno Bruto) da Comcam, dados de emprego, Indicador de Desenvolvimento Econômico, entre outros que permitiram aos participantes a compreensão de como está a região da Comcam em comparação ao Paraná.
Alguns números chamam atenção. Na região de Campo Mourão, por exemplo, a média dos maiores salários varia entre R$ 3.342,50 e 2.171,02, sendo os bancos quem pagam os melhores vencimentos. Outro dado, um tanto alarmante é a qualificação da mão de obra na Comcam que está bem abaixo da média do Estado do Paraná.
Da mesma forma, a quantidade da população em situação de extrema pobreza também preocupa: 20% se declaram extremamente pobres no Cadastro Único do Governo Federal e 5,9% pobres. Em alguns municípios este índice chega a lamentáveis 37%. Em outras regiões do Estado, em contrapartida o índice é de 7%, bem abaixo dos dados regionais.
Também foram apresentados dados sobre o Índice Ipardes de Desenvolvimento Municipal (IDPM), que avalia a situação de três áreas: Educação, Renda Emprego e Produção e Saúde. A nota vai de 0 a 1. Na Comcam, o IDPM da Educação vai bem, com nota 0,874, assim como a da Saúde, 0,898. Por outro lado, quando o assunto é emprego e renda está longe do ideal: 0,459. Estes são apenas alguns dos recortes apresentados aos futuros prefeitos da região.
A professora doutora do Colegiado de Economia da Unespar, Aline de Queiroz Assis Andreotti Pancera, que apresentou os dados aos participantes, comentou que é importante apresentar estes números aos candidatos para que comparem à situação local a de outros territórios do Paraná e assim possam pensar em programas e estratégias de desenvolvimento integrado. “Estes dados apresentados podem direcionar os candidatos e, inclusive, empresários a pensarem qual o ‘calcanhar de Aquiles’, da Comcam para o desenvolvimento. Esses números mostram que é preciso reavaliar onde a região está bem e onde precisa melhorar”, destacou.
Aline observou que alguns municípios da região estão com dados de desenvolvimento dentro e até acima da média do Paraná. Mas por outro lado, existem aqueles que estão abaixo. “Ou seja, há espaço para melhorar. Inclusive trouxemos indicador de Educação [Ideb], que mostra que a nossa Comcam melhorou a qualidade da Educação nos anos fundamentais. Porém, quando olhamos o Indicador de Desenvolvimento a gente vê que ainda precisa gerar emprego e trazer mais empresas e negócios para dentro do nosso território”, avaliou. O Ideb da região saltou de 3,98 em 2005 para 6,72 em 2023. Além disso, dois municípios da Comcam alcançaram nota 8,20, as maiores do Paraná.
A professora complementou que se tratando de desenvolvimento econômico os resultados serão gerados a longo prazo, por isso a importância de medidas o mais breve possível nos municípios. “Para este desenvolvimento é importante o que chamamos de capital social, ou seja, a gente precisa de toda a sociedade unida. O poder público é só um ‘braço’ dentro disso. Precisamos do terceiro setor, das instituições de ensino superior, entre outros agentes”, ressaltou.
O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Campo Mourão (IPPLAN), Carlos Alberto Facco, que fez a análise dos números apresentados, lembrou que hoje os municípios normalmente têm suas políticas na área de Educação, Saúde, entre outras, mas que são políticas estaduais ou federais. Ele alerta que é preciso um olhar mais atento dos gestores no aspecto de políticas locais voltadas à geração de renda, emprego e desenvolvimento econômico. “Os dados apresentados comparados com outras regiões e com Estado do Paraná é para chamar atenção para este aspecto econômico que é tão importante para o desenvolvimento e manutenção dos municípios”, argumentou.
Facco disse que o desenvolvimento econômico não é uma ‘coisa simples’ e muito menos de curto prazo. “Então a gente deu algumas sugestões relacionadas [aos candidatos] a questões que vão desde o fomento da Educação ao empreendedorismo dos jovens, a facilitação e incentivos ao empreendedorismo, geração de novas empresas”, explicou. Ele enfatizou também que os municípios devem se utilizar de seu poder de compra para estimular sua economia, além de promover ações de facilitação para instalação de novas empresas.
O consultor regional do Sebrae em Campo Mourão, Sandro Nasser de Santi, comentou que a proposta do encontro foi chamar a atenção dos candidatos para olharem mais para a questão econômica dos municípios. “É preciso pensar em programas e ações em parceria com agentes para que possam promover este desenvolvimento a partir de pequenos negócios. Uma situação muito corriqueira é às vezes a gente, enquanto ente, achar que a solução vem de fora. Por exemplo, uma grande empresa vem de fora para se instalar no município e gerar emprego e renda. Isso é muito raro acontecer. Temos que trabalhar com fatos. O que nós temos são os pequenos negócios e os pequenos empreendedores. É através desta força de trabalho que se deve implementar políticas públicas para fortalecer o desenvolvimento”, argumentou.
O presidente da Comcam, Edmilson Moura, prefeito de Terra Boa, destacou que a reunião com os candidatos serviu para apontar a eles o caminho para o desenvolvimento de políticas públicas econômicas a partir do ente municipal. “Embora os números apresentados sejam um recorte regional, o candidato passa a ter uma ideia do que pensar e da proposta a apresentar à ao eleitor. É comum alguns apresentarem ideias que na prática jamais funcionarão, mas com estas informações, ninguém na Comcam correrá este risco”, frisou.