Desistência em cursos e chances de emprego preocupa chefe da Agência do Trabalhador

Uma parte das pessoas que se cadastram na Agência do Trabalhador em busca de emprego ou de cursos de especialização não aproveita as oportunidades. Essa constatação tem preocupado o chefe da Agência, Alexandre Galland e também o poder público municipal. Isso é muito ruim porque existe todo um trabalho que envolve investimentos públicos e infelizmente muitos que a gente sabe que necessitam não aproveitam, lamenta Galland.

Um exemplo é o curso gratuito de mecânica de automóveis iniciado nesta quarta-feira, com duração de 20 dias, numa unidade móvel na Praça Central. A formação é oferecida graças a uma parceria entre o município, governo do Estado, o Senai e a Fundação Volkswagen. Quando foram abertas as inscrições, em duas semanas foram preenchidas as 54 vagas oferecidas para três turmas. Quando começamos a ligar para que os inscritos trouxessem a documentação, mais da metade desistiu e os 27 interessados que tínhamos no cadastro de reserva não atenderam nos números de telefone informados por eles, informa Galland.

Segundo ele, foi um corre corre para preencher as vagas de última hora, inclusive com ajuda das secretarias de Desenvolvimento Econômico e da Ação Social. A maior dificuldade hoje para ingressar no mercado de trabalho é a falta de especialização e por isso somos cobrados, especialmente pelo prefeito, para oferecer oportunidades como essa. Todo um trabalho é feito em busca de parcerias, que não é fácil, para trazer cursos grátis como esse, mas infelizmente enfrentamos esse tipo de situação, reforça.

As alegações para as desistências, segundo ele, são as mais diversas. Uns alegam dificuldade com o horário, outros com locomoção e teve até quem não quis porque suja a mão e a roupa, revelou Galland, ao acrescentar que começou a trabalhar aos 12 anos. A gente sabe que nada é fácil. Quem precisa tem que fazer esforço, sintetiza.

O mesmo acontece, segundo ele, com muitos que buscam vagas de emprego. Centenas de pessoas formaram fila de madrugada na Agência quando um grande supermercado abriu vagas. Os selecionados passaram pelas entrevistas, documentação, todo o processo burocrático de admissão e a empresa mandou fazer, inclusive, os uniformes. No primeiro dia de trabalho vários não compareceram e outros tantos desistiram antes de completar dois meses na empresa, relata Galland.

O vice-prefeito Beto Voidelo manifesta a preocupação do poder público e diz que enfrentou a mesma dificuldade quando foi secretário de Ação Social. Sabemos que as pessoas têm necessidade e por isso fazemos o que é possível para oferecer oportunidades. Um curso de mecânica de automóveis é difícil de trazer de graça, mas a gente fica triste com essa dificuldade de preencher as vagas, enfatiza.

Segundo ele, muitos dos que não aproveitam as oportunidades buscam constantemente ajuda da assistência social. Claro que é uma minoria, mas muita gente não quer se especializar, não para no emprego e depois fica na rua se lamentando, dizendo que a cidade não tem emprego, criticando a administração nas redes sociais e procurando vereadores e a prefeitura em busca de ajuda financeira, desabafa Voidelo.