Dia da Consciência Negra: A luta de Sirlene no combate ao racismo

Nesta segunda-feira (20), comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi instituída pela Lei n.º 12.519, de 10 de novembro de 2011. Em entrevista à TRIBUNA, a psicóloga clínica Sirlene Souza fala sobre a resistência, enquanto mulher negra, e a busca diária para combater o racismo.

A pauta antirracista perpassa a vida de Sirlene em diversas instâncias. Na clínica, cerca de 80% do público atendido pela profissional é formado por pessoas negras. Ela também desenvolve pesquisa de mestrado em Sociedade e Desenvolvimento na Unespar (Universidade Estadual do Paraná), campus de Campo Mourão. No mestrado, o tema central do estudo – letramento racial dentro da Psicologia – é outro espaço que envolve essa luta. “Sou uma mulher ativista também. Eu falo em todos os lugares que ocupo”, acrescenta.

Assim, além de psicóloga clínica, Sirlene se apresenta como uma mulher negra, periférica, docente, palestrante e ativista. Envolve-se em pautas raciais, principalmente dentro da área da Psicologia. Segundo ela, é a primeira – e, até o momento, a única – da família que ‘rompeu com a bolha’ e se formou no ensino superior.

A psicóloga comenta que o próprio processo dela de ‘enegrecer’ e ‘se letrar racialmente’ só se deu no final da graduação em Psicologia, em 2016, realizada na Faculdade Unicampo. “Foi transformador. Pude desenvolver a minha autoestima, que eu falo que, até então, foi roubada por um sistema escravocrata, branco e colonizador que a gente vive aqui no Brasil”, pontua.

Apesar das barreiras, o objetivo de Sirlene é unir forças em direção à luta contra a desigualdade racial. “Eu tenho muita esperança na mudança do mundo. Eu acho que é isso que me move”, ressalta. No entanto, para ela, ainda há muito o que se alcançar. “Pensando no dia 20 de novembro, eu falo que é um momento em que as pessoas minimamente param para olhar essa questão, a história do nosso país, como ele foi construído”, lamenta.

A ativista considera que é preciso estender isso para mais espaços e mais datas. “Eu acho que a luta sobre a consciência negra é diária. Ela não deveria acontecer só em novembro”, fala, ao acrescentar que, ainda que a sensibilização da causa racial caminhe ‘a passos lentos’ no país, destaca a importância da data e do movimento negro no Brasil.

Filme em alusão à data

Sirlene coordena o projeto de extensão “Cine-Psico” no Centro Universitário Integrado. Em alusão ao Dia da Consciência Negra e como forma de sensibilizar as pessoas sobre a história do Brasil, nesta sexta-feira (24), será exibido o filme “Doze anos de escravidão” aos alunos e a toda a comunidade que tenha interesse. A transmissão do longa-metragem será a partir das 19h30, na unidade central da instituição. Em seguida, será reservado um momento para debate.

“Já estendo o convite à comunidade externa, quem tem interesse na temática, na discussão, para estar com a gente”, convida Sirlene, ao ressaltar que terá link para inscrição. Ele será divulgado em breve, pela gestão acadêmica e redes sociais da instituição. Interessados podem participar gratuitamente.