Dia do Professor: a inspiradora história de uma docente
Da lousa ao projetor; dos livros aos tablets; do presencial ao remoto: não basta o tempo ou os recursos pedagógicos, mas sim como proporcionar a aprendizagem efetiva aos alunos. Estar em sala de aula é uma oportunidade de refazer-se a cada recomeço do ciclo ensino-aprendizagem. Neste domingo (15), comemora-se, em todo o país, o Dia do Professor, figura fundamental para a formação cidadã em diferentes níveis e fases da vida. À TRIBUNA, Marcia de Fátima Dal Pasquale, a mais antiga professora em exercício na rede municipal de Campo Mourão, fala da experiência que é ensinar e aprender. Resume a atividade docente em uma única palavra: ‘amor’.
Ela é uma inspiração profissional. Dedicada e otimista, mesmo em um cenário complexo e desafiador, ela já soma 39 anos de carreira na área da educação. “É difícil, mas eu gosto, eu amo, e acho muito gratificante”, diz. Se o professor de hoje enfrenta desafios, imagina quem atua há quase 40 anos? Só quem passou por esses diferentes momentos da educação é que pode falar, com propriedade, sobre o assunto. Marcia tem muito a dizer. Só na rede municipal, tem 36 anos de carreira. Antes disso, também trabalhou como Pedagoga em uma instituição de ensino estadual.
Marcia é graduada em Pedagogia e Geografia. Ela conta que foi da primeira turma do curso de Pedagogia da Unespar, em Campo Mourão, que, na época, ainda era Fecilcam. Iniciou os trabalhos na área da educação aos 18 anos de idade. “Eu comecei atuando no estado. Comecei a carreira em 84. Em 87 fui para o município”, explica. Mesmo após se aposentar da rede estadual, em 2018, a professora não quis abandonar o magistério. “Comecei jovem e nunca me afastei da sala de aula. Por mais que eu tinha meu padrão do estado, de Pedagoga, eu nunca quis me afastar das aulas. Eu amo a alfabetização e continuo atuando”, menciona.
A educadora segue até hoje trabalhando no ensino fundamental. Ressalta que ama a sala de aula e, sobretudo, a alfabetização. No município, sempre lecionou nessa etapa da escolarização. “A minha vida toda foi só na alfabetização. Chega nessa época do ano, você vê aquela criança que chegou, que não segurava um lápis, hoje está lendo, escrevendo. É, assim, muito gratificante”, diz.
Ela comenta que, ao longo de tantos anos de carreira, já enfrentou muitos desafios. Sempre atuou em escola pública. “Hoje, a gente tem muitos recursos para trabalhar com as crianças. Na época que eu comecei, era muito difícil. Às vezes, precisava de um papel sulfite na escola, e não tinha. Então, era assim: o professor, o quadro e o giz que você tinha”, relembra. Ela ressalta que, no início, não tinha, muitas vezes, nem livro didático.
A educadora lamenta ainda hoje ter muita desvalorização do professor. Para ela, cada época apresenta desafios diferentes para a categoria profissional. Cita, por exemplo, a pandemia de covid-19, que foi um momento recente bastante complicado. Diz que toda a comunidade escolar precisou lançar mão de recursos para as aulas on-line.
A professora deixa também um recado para os colegas de profissão, em especial, para os que estão iniciando na carreira docente. “Primeiramente, você tem que ter muito amor no que faz, não desanimar, porque a gente tem os altos e baixos, mas a profissão é gratificante, se é aquilo que você gosta e faz por amor”, recomenda com sabedoria.
O conselho da professora não é da “boca para fora”. Ela mesma diz que é animada e otimista. “Eu sou uma pessoa animada, tanto é que eu continuo”, fala aos risos. Entre os desafios e o amor que marcam o magistério, muitos docentes encontram dificuldade de encerrar esse ciclo profissional. É o caso de Marcia. Ao ser questionada até quando pretende continuar em sala de aula, ela comenta que pensa em parar ano que vem, ao completar 40 anos de carreira, porém tem dúvidas. “Estou pensando, mas é difícil, sabe?”, diz ao refletir sobre essa possibilidade.
Entre 80% e 90% dos professores de CM e região são formados na Unespar
Em Campo Mourão e nos municípios vizinhos, há uma considerável quantidade de professores. Para se ter ideia, na rede municipal de Campo Mourão, são 1.287 profissionais. Além disso, 1.546 trabalham em instituições de ensino que compõem o Núcleo Regional de Educação (NRE) de Campo Mourão.
É importante lembrar que, antes de se tornarem educadores, esses atuais docentes também foram alunos. Muitos deles, formaram-se na Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Campo Mourão. Isso porque 50% dos cursos de graduação da Unespar são de licenciatura – modalidade de curso do ensino superior que oferece aos seus alunos conteúdos direcionados à docência em determinada área do conhecimento.
Os cursos são Letras, Pedagogia, Geografia, Matemática e História. “Praticamente 80% a 90% dos professores de Campo Mourão e da região são formados aqui na Unespar”, informa, com orgulho, o diretor da instituição acadêmica, João Marcos Borges Avelar.
O diretor destaca que muitos deles, além de atuarem como docentes, ocupam, inclusive, posição de liderança dentro das escolas, como diretores e coordenadores de atividades. “A Secretária de Educação de Campo Mourão, por exemplo, a Tânia, foi estudante nossa aqui algum tempo atrás na Geografia”, lembra.
Homenagens nas escolas
Para comemorar a data, as instituições municipais e estaduais do município e região realizam ações específicas para homenagear os educadores todos os anos. Em entrevista à TRIBUNA, a secretária municipal de Educação de Campo Mourão, professora Tânia Aparecida Caetano Pinto Silveira, fala sobre a importância de todos os anos a secretaria realizar ações em comemoração aos profissionais da educação.
Este ano, o evento será realizado no dia 27 de outubro, uma sexta-feira. Não haverá aulas neste dia. Participarão professores das 22 escolas de Ensino Fundamental I e dos 22 CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil). “Nós teremos um grande evento, lá no Mourão Garden, com premiação dos projetos dos nossos professores”, adianta a secretária, ao revelar que será realizada uma apresentação surpresa com convidado especial.
Já a rede estadual de ensino de Campo Mourão é mais ampla. São 55 escolas de 16 municípios. Em função disso, cada estabelecimento de ensino presta sua homenagem aos professores de forma local. “Geralmente, as escolas promovem um jantar, um café da manhã especial, prestam homenagem, sempre nesse aspecto”, diz a professora Ivete Keiko Sakuno Carlos, chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE).
O Dia do Professor
De acordo com o Ministério da Educação, o dia e o mês foram estabelecidos na década de 1960. Especificamente, a data foi instituída por meio do Decreto nº 52.682, de 14 de outubro de 1963. A partir disso, esse dia passou a ser considerado feriado escolar. Ele serve para relembrar e conscientizar a sociedade sobre a importância dos profissionais da educação, que fazem a diferença na vida de tantas pessoas.
Por um lado, é uma oportunidade de a população homenagear e reconhecer essa categoria profissional tão importante para a sociedade. Por outro lado, é um momento de os professores celebrarem e relembrarem a trajetória docente, muitas vezes, árdua e desafiadora.