Dia Mundial da Água: projetos de proteção de nascentes beneficiam agricultores da Comcam
Nesta sexta-feira (22), celebra-se o Dia Mundial da Água. Com isso, a TRIBUNA traz a atuação de projetos de pesquisa e apoio nas propriedades que vêm beneficiando produtores rurais de Campo Mourão e região, há cerca de 10 anos, com a proteção de nascentes. O professor Jefferson de Queiroz Crispim, um dos coordenadores dos projetos, falou como têm sido feitos esses trabalhos e os municípios beneficiados atualmente.
Hoje, há dois projetos de extensão na Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Campo Mourão, pelo colegiado de Geografia, que vêm proporcionando orientações e apoio a famílias no trabalho de proteção de nascentes. Um deles, trata-se do projeto Sanear, patrocinado pelo programa Universidade Sem Fronteiras, atendendo os municípios de Barbosa Ferraz e Nova Tebas. Esse projeto está sob coordenação de Crispim e do professor José Antônio da Rocha, do mesmo colegiado
O outro é denominado “Sanear, proteção de nascentes no município de Campo Mourão”. “São dois projetos distintos, mas com o mesmo enfoque”, explicou Crispim. Em Campo Mourão, a meta é atender 100 nascentes no período de 1 ano e meio. “Até o momento, nós já fizemos cinquenta por cento”, contou.
O trabalho nas propriedades é realizado por Crispim, juntamente com alunos bolsistas. Nos locais, a equipe trabalha no sentido de ensinar os agricultores a fazerem as proteções. Assim, o docente elucidou que é mais um trabalho de consultoria, ensinando os procedimentos e tirando dúvidas, do que de prestação de serviços. Isso possibilita ao agricultor colocar em prática o que aprendeu em outras nascentes da propriedade.
Os dois projetos contam com o apoio de parceiros. Em Campo Mourão, por exemplo, há parceria com a prefeitura municipal, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR–PR) e a 11ª Regional de Saúde. Crispim explicou que são os profissionais de saúde fazem a análise da água. “A gente vai a campo, coleta esse material, e o responsável já leva para a Regional de Saúde. Ali eles vão fazer experiências para ver se a água está em boas condições ou não”, destacou o docente.
Ambos os projetos se enquadram no 6º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. Em função disso, a proteção de nascentes se torna uma questão essencial que envolve os recursos hídricos, buscando a melhoria da qualidade da água.
Como o processo de proteção é feito
Para fazer o processo de proteção, basta inicialmente realizar a limpeza da área, retirando toda a matéria orgânica presente no local. Em seguida, é preciso fazer uma mistura de solo e cimento. Na área em que foi feita a limpeza, deve-se inserir pedras de boa qualidade.
Posteriormente, as tubulações são colocadas, vedando-as com a argamassa de solo e cimento. “Forma uma ‘carapaça’ sobre a nascente, a água continua fluindo normalmente pelas tubulações. Onde as folhas caíam e os roedores iam tomar água, não tem acesso mais à nascente”, elucidou.
Benefícios para as famílias
Além de serem feitas as ações práticas de orientação e ensino do trabalho de proteção e recuperação de nascentes diretamente nas propriedades, os projetos podem beneficiar famílias de praticamente toda a Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam).
Isso pode ser feito em forma de cursos, reuniões com os agricultores, entre outras atividades que são desenvolvidas pelo professor, juntamente com os acadêmicos que fazem parte dos projetos. Recentemente foi aprovado um novo projeto, em que será possível ampliar ainda mais os trabalhos.
A proposta é montar é um “laboratório móvel”. Para tanto, será adquirido um veículo para atender toda a região. “Ali dentro, vamos levar alguns equipamentos de limnologia para medir ph, condutividade, oxigênio, para ir até o agricultor, fazer essa fala, visitar a área de nascente e ensiná-lo a tocar o projeto sozinho”, explicou.
Atuação ao longo do tempo
Ao longo de cerca de 10 anos, diversos outros municípios da Comcam receberam o trabalho de proteção e recuperação de nascentes mediante projetos desenvolvidos na instituição de ensino superior. “Cada vez que o edital sai, nós temos a obrigação de mudar os municípios”, disse. “Já passou de 320 nascentes que nós fizemos até o momento com esses trabalhos na região”, acrescentou Crispim.
Serviço
Interessados em receber orientações e auxílio em relação à proteção e recuperação de nascentes podem entrar em contato diretamente com o professor Jefferson Crispim, pelo número (44) 99177-0207.
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