Diretoria da Santa Casa ameaça entregar cargos
Desanimados especialmente com a falta de atendimento do governo do Estado a necessidades ligadas ao repasse de recursos financeiros, diretores da Santa Casa de Campo Mourão cogitam uma renúncia coletiva. O assunto foi discutido durante reunião do Conselho de Desenvolvimento de Campo Mourão (Codecam) e também em recente reunião em Curitiba com o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.
O governo não se preocupa com o nosso problema, está nos enrolando e a situação é insustentável. Se o problema for a diretoria, não fazemos questão nenhuma de ficar e dissemos isso ao secretário. Que o Estado assuma a Santa Casa, disse o vice-presidente Getulio Ferrari Junior em entrevista à TRIBUNA nesta quarta-feira (02).
Segundo ele, a situação foi colocada na reunião do Codecam, para que a partir de agora a pressão ao governo seja feita pela sociedade, caso contrário, serão entregues os cargos. Ele também cobra maior apoio da região à causa do hospital. Se 25 prefeitos forem a Curitiba ajudar cobrar a pressão é maior, pondera.
Getúlio explica que da forma como o governo quer repassar o recurso não resolve o problema do hospital. Precisamos do dinheiro para custeio, para pagar as despesas de manutenção do hospital, mas o Estado só repassa pelo sistema de produção, ou seja, só paga serviços produzidos”, sintetizou.
Esse sistema, segundo ele, inviabiliza a gestão porque o dinheiro vem na conta do município, que é gestão plena na Saúde e pode ser usado também por outro hospital que apresente a produção. Outro empecilho é que o governo federal tem um teto limitador para pagamento de AIHs (Autorização de Internamento Hospitalar). Procedimentos que passarem do teto, o governo federal não paga. Já pedimos o aumento do teto, mas em Brasília é a mesma enrolação, observa
Além disso, segundo ele, o Estado atrasou em quase três meses o repasse do convênio do Hospsus. E para piorar, quase R$ 400 mil desse repasse já fica retido na Caixa para pagamento de juros da dívida da Santa Casa, que hoje está em quase R$ 17 milhões, acrescenta. A reclamação da diretoria é que o Estado não reconhece a Santa Casa como hospital regional. Eles pensam que o hospital é de Campo Mourão, quando na verdade atendemos toda a região porque o Estado não tem um hospital aqui, reforça.
Na reunião em Curitiba a diretoria propôs ao governo que coloque pelo menos R$ 1 milhão no orçamento do Estado para custeio da Santa Casa. O Estado tem que entender que o hospital existe para salvar vidas, é um serviço de primeira necessidade. Ficar mandando dinheiro para fazer obra de ampliação e não mandar para manutenção em vez de melhorar, piora a situação, desabafa.
A diretoria também reclama da demora para o atendimento da solicitação de credenciamento de novos leitos de UTI, que atualmente são 13. Precisaria de pelo menos 25 UTIs, mas é uma burocracia infernal, uma morosidade, ninguém define nada, lamenta.
Ele lembra que a gestão da Santa Casa sempre gerou polêmica em relação ao Estado, mesmo com cargos de diretoria não sendo remunerados. Todos os presidentes da Santa Casa saíram execrados, como se fossem ladrões ou incompetentes, depois de terem se dedicado voluntariamente para fazer o hospital funcionar. Não queremos sair da mesma forma, por isso nossos cargos estão à disposição, completa Getúlio.