Estiagem prolongada castiga lavouras de milho na Comcam

Com a média de chuvas 42,5% abaixo do esperado para o mês de abril, a estiagem prolongada que atinge a região vem castigando lavouras de milho safrinha na Comcam, afetando o desenvolvimento da cultura. A média histórica de chuva para abril em Campo Mourão é 120 milímetros, porém o mês encerrou com apenas 51 mm. Os meses de fevereiro e março também tiveram chuvas bastante irregulares. Muito aquém do esperado, o que agravou a situação para o milho. 

De acordo com o Analista de Milho do Departamento de Economia Rural (Deral) de Curitiba, órgão vinculado a Secretaria Estadual de Agricultura, Edmar Gervásio, ainda não há números concretos que possam apontar perdas do milho na Comcam em decorrência da seca. “Porém a região de Campo Mourão também está sofrendo os impactos. No próximo mês provavelmente já teremos este registro de impacto com números”, disse o analista, em entrevista à TRIBUNA. 

Gervásio comentou que a estiagem está impactando de modo geral as lavouras de milho em todo o Estado. “Neste momento o prejuízo está mais concentrado na região Oeste que irá colher o milho mais cedo. Nesta região já contabilizamos uma perda de 10% de produção”, informou. 

Na Comcam, a área com milho safrinha – safra 2019/2020- teve uma redução de 4,6% ante a safra passada. Nesta safra, os produtores rurais plantaram 320 mil hectares contra 335,5 mil na safra 2018/2019. A estimativa de produção é de 1,8 milhão de toneladas contra 1,9 milhão em 2019. De acordo com o Deral, 39% das lavouras estão no estágio de floração na região; 25% em frutificação; e 4% em maturação. Os dados apontam ainda que 6% das plantações estão em condições ruins; 33% medianas, e 61% em boas condições. 

“As lavouras que ainda estão em desenvolvimento vegetativo, boa parte pode se recuperar com o início das chuvas no Estado. Embora sejam chuvas irregulares, mas já trazem de certa forma um alento ao produtor”, falou Gervásio. Segundo o analista, de modo geral a 2ª safra de milho no Paraná será menor do que inicialmente previsto. A previsão inicial era de uma produção de 12,8 milhões de toneladas, caindo para 12,2 milhões, uma redução de 600 mil toneladas. 

Preços

Se por um lado os produtores já amargam prejuízos com a estiagem, por outro os preços estão melhores este ano, conforme Gervásio. A saca a de 60 quilos de milho está cotada hoje no Estado em torno de R$ 38,00. No ano passado, no mesmo período, os preços estavam abaixo de R$ 30,00. “Por mais que estamos tendo perdas no campo, os preços estão extremamente altos. Nos mês passado foi mais de R$ 42,00 o preço recebido pelo produtor. Ou seja, estamos perdendo um pouco de volume de produção, mas o valor agregado é maior. Uma coisa compensa a outra”, explicou, ao comentar que pelos preços atuais, o Deral estima que este pode ser o maior valor bruto do milho da história do Paraná.