Estudantes fazem Prova Paraná nesta terça; sindicato pede boicote
Cerca de 20 mil estudantes de 23 municípios da rede estadual da área do Núcleo Regional de Campo Mourão e outros 1.200 da rede municipal de várias cidades serão avaliados nesta terça-feira (18), na primeira edição da Prova Paraná 2020. Lançada pela atual gestão da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, a Prova Paraná testou os conhecimentos de quase 1 milhão de alunos no ano passado.
Segundo a chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE), professora Ivete Sakuno, o objetivo do teste é obter informações sobre o nível de conhecimento em relação aos conteúdos considerados essenciais para a etapa de ensino em que o estudante está inserido. Nesta etapa, além de Língua Portuguesa e Matemática, os alunos também serão submetidos a questões sobre Língua Inglesa, exceto os alunos do 5° e 6° anos.
As provas foram elaboradas pela Secretaria Estadual de Educação em Curitiba e serão aplicadas nas próprias escolas. “Essa prova é um suporte para que a Secretaria possa implementar políticas públicas de educação de acordo com as necessidades dos nossos alunos”, disse a professora.
Ele lembra que a 2ª etapa será em maio e a última em setembro. “É um acompanhamento do desenvolvimento da aprendizagem dos nossos alunos”, acrescenta. Serão avaliadas as séries finais do ensino fundamental, o 9º ano, os 5º anos da rede municipal, além do ensino profissional. Alunos da rede municipal de Campo Mourão não terão a prova, já que o município tem método próprio de avaliação.
Especiais
A Prova Paraná vai incluir também os estudantes da rede estadual com necessidades especiais. Para isso, foram impressas provas diferenciadas para alunos cegos ou com baixa visão (em braille) e repassadas orientações específicas às escolas a respeito da aplicação.
Os estudantes cegos que não dominam o sistema Braille poderão realizar a Prova com auxílio do Dosvox, programa de computador que lê textos em formato TXT. As escolas também receberam orientações quanto aos estudantes com necessidades especiais que não as relacionadas à visão, como deficiência motora, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e surdez.
Se necessário, esses alunos terão o tempo de prova flexibilizado, além do acompanhamento de um professor de apoio e até de guia-intérprete. Para as provas de Matemática, além da descrição em Braille, foram produzidas formas geométricas em alto-relevo.
APP-Sindicato pede “boicote” à Prova Paraná
A APP-Sindicato dos Professores do Estado, porém, enviou nota e publicou em sua página na internet um pedido de “boicote” à Prova Paraná. “Esta avaliação criada pela gestão empresarial do secretário Renato Feder, na prática, não é um instrumento balizador de conhecimento estudantil, mas sim, uma ameaça ao exercício do trabalho docente e ao desenvolvimento dos(as) alunos(as), em todas as suas dimensões”, afirma o Sindicato.
Para o sindicato da categoria, a prova desrespeita a história da educação pública no Estado e o boicote seria uma maneira de criticar esse método avaliativo, que utiliza premiações e ranqueamento como “estímulo” para que estudantes façam a Prova.
“A Prova Paraná é um símbolo do individualismo e da chantagem por ter um estímulo baseado em uma premiação desenfreada e completamente estranha aos valores que uma escola deve trabalhar como ética, amor à ciência e à verdade e o respeito ao próprio processo de conhecimento”, afirma o presidente da APP Estadual, professor Hermes Leão.
Em carta endereçada às escolas, a APP-Sindicato argumenta que a Prova visa classificar as escolas a partir da mensuração de resultados e responsabilizar trabalhadores na educação pelo sucesso ou fracasso escolar, sem considerar as condições concretas de cada escola e sua realidade social.