Explorado por candidatos, estacionamento rotativo exalta ânimos de usuários em Campo Mourão

Avenida Capitão Índio Bandeira, 21 de setembro, centro de Campo Mourão. Naquela manhã de sábado, pelo menos quatro homens apanharam panfletos políticos e foram de encontro a um trabalhador do estacionamento rotativo. Nervosos e dispostos a criar um conflito, iniciaram uma discussão. Um deles foi mais além, encostando a propaganda no rosto do operador. Na ocasião, alegaram que o rotativo iria deixar de existir. E que o sistema seria uma indústria de multas.

Rua Araruna, 6 de setembro. Após realizar a notificação de um veículo, uma monitora teve o seu equipamento empurrado contra o peito. Irritado, o motorista se recusou a realizar a ativação do automóvel. No vídeo ao qual a TRIBUNA teve acesso, é visível a insatisfação do usuário, que discutiu por, pelo menos, três vezes e, ainda, tirou uma foto da trabalhadora.

Infelizmente, os dois casos não são os únicos. Existem bem mais. Desde o início da campanha eleitoral de Campo Mourão, os trabalhadores do estacionamento rotativo passaram a receber um tratamento, digamos, menos civilizado. Pelo menos por uma pequena fatia da população. Por óbvio, casos de agressões já vinham sendo registrados anteriormente. Mas agora, segundo a empresa que opera o sistema, os ânimos afloraram. E isso, definitivamente, tem um motivo.

De acordo com Regina Duarte Gomes, Gerente de Operações da Brasmoove, empresa responsável pela gestão dos monitores do rotativo, as agressões descritas ocorreram devido a proximidade do período eleitoral, além da tensão política da campanha mourãoense. “Nossos monitores de estacionamento estão sofrendo constantes ataques com agressões verbais e físicas por parte dos usuários do estacionamento rotativo. Creio que isso também se deve a distribuição dos panfletos de campanha eleitoral dos candidatos. Que citam de maneira tendenciosa as empresas que realizam a gestão do estacionamento rotativo”, afirmou ela.

Regina destaca ser importante a população entender que o Consórcio Brasmoove é a empresa responsável pela gestão dos monitores do estacionamento. E a empresa Pare Azul, responsável pelo aplicativo/software do usuário. “Todas as regras, critérios, leis e decretos que regulamentam o estacionamento rotativo de Campo Mourão partem das decisões de gestores públicos”, disse. De uma forma geral, não cabe a empresa mudanças ou alterações de suas regras, já que o município é quem detém tal poder.

Douglas Fabrício

Douglas Fabrício informou que a sua campanha jamais desrespeitou, de maneira alguma, nem a empresa, muito menos os colaboradores dela. Segundo ele, diante de qualquer proposta, ou qualquer eventual mudança, a empresa e o contrato sempre devem ser respeitados. E tudo que for feito, será pautado pelo bom senso e diálogo com todas as partes envolvidas.

“No nosso entendimento, o Pare Azul tem muitos pontos positivos. E alguns pequenos ajustes a se fazer”, afirmou. Ele também não concorda com as agressões sofridas contra os operadores do rotativo. “Repudio e não concordo com nenhum tipo de violência”, disse ele.

Edoel Rocha

Candidato à disputa à prefeitura, Edoel Rocha afirmou desconhecer as agressões sofridas pelos trabalhadores. “Mas caso tenha acontecido, tenho total repúdio aos atos”, disse. Segundo ele, sua campanha é voltada 100% em favor das pessoas. Sejam elas os operadores do Pare Azul, que eventualmente tenham sofrido as agressões, como aquelas multadas indiscriminadamente.

“Se infelizmente algum caso aconteceu, além de ser um fato isolado, pode ser uma demonstração de descontentamento da população que está reprimida e sem voz. O que não justifica a agressão”, destacou. Edoel garante ser contra qualquer tipo de agressão. “Este não é o caminho apropriado à solução do problema. Por isso vou revogar o decreto”.

Rodrigo Salvadori

Durante o pleito eleitoral, o candidato Rodrigo Salvadori foi o primeiro a falar sobre o estacionamento rotativo. Ele explica que as reclamações da população não acontecem somente agora. Mas desde que foi instalado. “O sistema é punitivo aos usuários. Tanto é que, desde que começamos a levantar a questão, a empresa começou a mudar algumas coisas em sua plataforma”, disse.

Rodrigo lamenta as agressões ocorridas contra operadores do rotativo. “Eles não têm culpa nenhuma. Assim como a empresa. Ela segue as regras de edital e que foram muito mal elaboradas”, disse. No entanto, entende que os candidatos não podem levar a culpa, uma vez que estão debatendo um dos “problemas” da cidade.

Empresa

A empresa destaca que o Consórcio Brasmoove tem o compromisso de zelar pelo bom atendimento dos usuários do estacionamento rotativo. Tanto no atendimento da Central de Atendimento, quanto a atenção dada aos usuários pelo monitores em operação. “Consideramos as agressões sofridas como atos vis de covardia. Visto que o agressor só agride aqueles que ele sabe que não podem se defender. Mesmo diante das agressões, continuamos com o nosso compromisso de prestar um bom atendimento aos usuários do sistema”.