Fabiana foi vítima de estelionatários. E teve a imagem denegrida. Quem vai pagar por isso?
Há quase quatro meses, durante um culto em São José dos Campos, São Paulo, um pastor revelou à Fabiana: “Acredite. Em alguns dias, você receberá um convite para mudar de cidade. Sua vida irá melhorar. Tudo será bom a você”. Como uma premeditação, a oferta de trabalho aconteceu. E, se apegando àquelas palavras, aceitou a mudança. O destino: Campo Mourão. O que ela não sabia, no entanto, é que aqui as coisas não seriam tão boas assim.
Aos 26 anos de idade, Fabiana é técnica em radiologia. Mas há um ano decidiu virar digital influencer. Ela também é atriz e modelo. Nasceu e cresceu em São José dos Campos. Faz três meses, mudou a Campo Mourão. Veio com a promessa de um emprego numa agência de modelos. Mas deu tudo errado. Então, continuou a carreira nas redes sociais. Com mais de 90 mil seguidores, acabou sendo contratada pelo TikTok.
Mas, na noite da última quarta feira (08), enquanto trabalhava tranquilamente em suas lives, recebeu um código de acesso, no mínimo esquisito. No início pensou não ser nada. Mas bastou amanhecer o dia para descobrir que, sua imagem nas redes sociais, estava de cabeça para baixo. Alguém se passando por ela conseguiu, através da internet, adquirir um novo chip, com o próprio número, na empresa de telefonia. E, a partir daí, iniciou uma série de postagens com o objetivo de lesar seus seguidores. Desde que tudo teve início, a vida de Fabiana virou um caos.
As postagens criminosas tendem a aplicar o golpe de um ilusório investimento via pix. Nelas, os estelionatários pedem um pix de R$ 300, com a promessa de serem devolvidos R$ 700. Ou um pagamento de R$ 5000, para receber outros R$12 mil. “Para piorar, colocaram meu nome, me responsabilizando se não recebessem o dinheiro”, explicou Fabiana. Além desta fraude, outras postagens de cunho sexual, trazem imagens dela vinculada a uma tal “Privacy.com”. “Ali é uma arapuca. Se a pessoa acessar o site já cairá num outro golpe”, disse ela.
Sem acesso às suas redes socias e email e, desesperada, ela foi até uma loja física da operadora, no centro de Campo Mourão. Lá, recebeu a informação que nada poderiam fazer, uma vez que o número é de São Paulo. “Me disseram que eu teria que viajar até o estado para conseguir um novo chip”, disse. Ainda em busca de soluções ligou à operadora. Ao seu espanto, Fabiana foi informada que ela mesma teria solicitado a troca do chip. Coisa que, definitivamente, nunca fez.
“Eu quero saber como a empresa vai explicar o que me aconteceu. Pelo que sei, para uma troca de chip, a pessoa tem que ir pessoalmente a uma loja. E isso, eu jamais fiz”, afirmou. Diante da imagem danificada, principalmente, diante de seus 91 mil seguidores, Fabiana foi à polícia civil e fez um boletim de ocorrências. E também prestou queixas ao Procon de Campo Mourão. Mas, misteriosamente, enquanto aguardava aos procedimentos, seu número retornou na madrugada da última segunda-feira (13).
“Mas eu não fui até São Paulo. Não entendo então, como a minha linha voltou ao normal. Tem muita coisa errada nessa história”, disse. Ela agora luta para provar que as fakes espalhadas em seu nome jamais partiram dela. Ao contrário. “Fui vítima de estelionatários que se passaram e continuam se passando por mim. Peço que denunciem as páginas e não as acessem por nada”, afirmou.
Fabiana não está bem. Com a auto estima afetada, chorou durante todo o fim de semana. E, segundo ela, até o novo emprego pode ser afetado. Também não consegue seguir com suas publicidades. O que vem aumentando o drama pessoal. Ela não exclui a possibilidade de entrar com uma ação judicial contra a empresa. A grande responsável pelo que aconteceu, em sua visão. E, em tempo: em relação a dinheiro, não existem milagres. Sempre desconfie de promessas com lucros fáceis e volumosos. Trabalhar, honestamente, ainda é a melhor e única alternativa.
O que diz a empresa
Em nota, a empresa esclarece que adota protocolos rígidos de segurança, revisados constantemente, e se colocou à disposição para corrigir a irregularidade no acesso da cliente em questão, cuja linha já foi normalizada.
Segundo a nota, “caso haja suspeita de uso irregular da linha, a companhia recomenda o registro de um boletim de ocorrência. Como forma de proteção, o consumidor pode adotar medidas como autenticação de dois fatores, evitar uso de SMS ou ligação telefônica para recuperação de senha e habilitação de senhas de segurança no SIMCard”.