Formigas gigantes ‘invadem’ Campo Mourão. Biólogo explica fenômeno

Da família das saúvas, formigas gigantes, da espécie tanajura, chamaram a atenção nessa terça-feira (5) em Campo Mourão. Moradores em diversas partes da cidade fizeram registros do inseto, que começou a surgir na cidade ainda na segunda-feira (4), logo após as chuvas.

O biólogo zoologista, Tiago Alves Pereira Feitosa, especialista em gestão ambiental e educação, explica que o surgimento dessa espécie acontece nesta época porque estão no período de acasalamento, o que ocorre depois de um período de chuva após um longo período de estiagem. “O período de acasalamento é marcado por períodos mais chuvosos. É um fenômeno natural. Sempre que temos um período de estiagem que se aproxima antecipadamente da primavera ou início do verão, surgem estas formigas porque estão na época de reprodução”, explicou. Segundo o biólogo, a região propicia o fenômeno.

O zoologista informou que este ano, possivelmente devido ao inverno mais rigoroso e um período de estiagem bastante longo, com este período de chuvas houve a antecipação da revoada das formigas. Conforme o estudioso, geralmente o fenômeno acontece mais para o fim de outubro e início de novembro, época mais próxima do início do verão.

Feitosa explicou que a espécie não oferece perigo à saúde humana e nem ao meio ambiente. “Pode ocorrer de quem tentar manipular levar uma picada. Como ela produz ácido fórmico produz ardor. Talvez uma pessoa alérgica pode ter alguma complicação mais séria. Mas fora isso, não oferece riscos”. Já em relação ao meio ambiente, é preciso ficar atento ao tamanho da colônia para caso haja a necessidade de controle. “Elas [as formigas] acabam servindo de alimentos a outros animais, como pássaros, tamanduá, entre outros”, observou.

O biólogo comentou que grande parte dos insetos morre durante a revoada. “A porcentagem de sucesso reprodutivo é bastante baixa porque depende de fatores ambientais e biológicos para que consiga se reproduzir”, explicou. Ele acrescentou que há dois tipos de formigas que fazem este processo de revoada: as tanajuras e as ‘aleluias’, que na verdade são cupins.

Este segundo pode prejudicar principalmente as estruturas de telhados em madeira de residências entre outras edificações que levam madeira como base. “Os cupins são as aleluias, que são as formigas mais esbranquiçadas. Por estarmos em uma região de transição, temos cerrado e mata atlântica, isso acaba favorecendo o surgimento deste tipo de espécie”, ressaltou Feitosa.

Tanajura

A tanajura é uma formiga alada, do sexo feminino, da família das formigas-cortadeiras. É uma fêmea virgem que após acasalar, funda um novo formigueiro. No campo, as saúvas são uma das mais importantes pragas agrícolas.

Em outras regiões do Brasil, como nos estados de São Paulo e Minas Gerais, as tanajuras são apreciadas como iguarias. A tradição vem da cultura dos índios, que se alimentavam dessas formigas. Geralmente, são servidas fritas em bares e restaurantes populares ou até misturadas com farofa.

Culinária

A tanajura, também conhecida como “içá” é servida como iguaria especialmente nos estados do nordeste, e é muito apreciada por lá. Os restaurantes que servem a tanajura, tiram a cabeça do inseto normalmente e fazem dela uma farofa com o tronco. O prato é conhecido como “farofa de içá”.