Frio e chuva colocam em alerta situação de moradores de rua

O início do período mais frio do ano e a volta das chuvas alerta para a situação de pessoas em vulnerabilidade, principalmente moradores em situação de rua. Em Campo Mourão, de acordo com dados da Secretaria da Assistência Social, são 23 pessoas nessa situação, fora das instituições de acolhimento.

Para amenizar o sofrimento desta população, a Secretaria de Ação Social de Campo Mourão desenvolve várias ações específicas voltadas a este público. Uma delas é a “Operação Inverno”, iniciada já no mês de junho. As abordagens acontecem duas vezes na semana no período noturno com cronograma planejado. Porém, conforme a diretora da Assistência Social do município, Tânia Mara da Silva Backschat, as rondas se intensificam conforme as temperaturas caem.

Além do serviço de abordagem, a Ação Social, por meio do Centro de Referência de Assistência Social (Creas) oferece a população em situação de rua atendimentos voltados a concessão de benefício eventual de passagem e encaminhamentos para a rede de serviços das demais políticas públicas e serviço de abordagem social para atendimento das denúncias.

“Em outubro de 2023 foi implantado junto ao Creas o projeto Creas Pop e, além de continuar com as atividades acima elencadas, ampliamos o atendimento oferecendo um espaço físico para convivência e atividades sistematizadas para a população em situação de rua. O serviço conta com uma equipe composta de coordenação com formação em Serviço Social, psicóloga e orientadores sociais”, destacou Tânia, ressaltando as ações do serviço de abordagem, para a oferta dos serviços socioassistenciais. “Quando necessário, o serviço de abordagem conta com apoio de parceiros como a secretaria de Saúde e Política Militar com o objetivo de ampliar o escopo das ações e encaminhamentos para a rede de serviços, tanto de saúde como para a Casa de Passagem”, explicou.

Além do Creas Pop, a secretaria de Ação Social mantém parceria com a Casa de Passagem para acolhimento temporário de pessoas em situação de rua, por um período que varia de uma pernoite até três meses, dependendo da condição apresentada e da avaliação da equipe técnica.

Para se ter ideia, somente este ano, o Creas Pop já atendeu 382 pessoas que demandaram diferentes tipos de atendimento, que variam desde a orientação, realização de atividades no Creas Pop além da concessão de 123 benefícios eventuais de passagem. “Porém, observa-se que a maioria dessas pessoas atendidas está em trânsito, ou seja, passando pela cidade. Atualmente, 23 pessoas que estão em situação de rua têm a família de origem em Campo Mourão”, informou a diretora.

Tânia comentou que há um fenômeno mundial só crescimento da população em situação de rua. “Este tipo de situação é complexa e deriva de fatores conjunturais da sociedade brasileira, como o desemprego, uso abusivo de álcool e outras drogas e a perda de moradia. É uma condição de vida que vem aumentando nas cidades brasileiras, especialmente de médio e grande porte, conforme estudos tais como do IPEA”, falou ela.

Para a diretora, a colaboração da população para a diminuição dos números é importante. Essa ajuda pode ser feita por meio de contribuições com os serviços que executam atendimentos voltados a população em situação de rua. Uma das principais orientações, é evitar esmolas a estas pessoas. “O Creas Pop tem executado atividades voltadas a elaboração de projetos de vida, como o retorno para o mercado de trabalho. A equipe por meio de atendimento psicossocial atua com o objetivo de resgate de vínculos familiares e comunitários, oferta de cursos e encaminhamentos para vagas de emprego”, explicou.

Conforme Tânia, somente em 2024, 18 pessoas foram encaminhadas para vagas de trabalho e quatro delas estão efetivadas. Ou seja, é importante a abertura de oportunidades para que essas pessoas possam reconstruir sua trajetória de vida longe das ruas.


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Pós-pandemia

Dados obtidos pela reportagem junto ao Creas, apontam que antes da pandemia, até meados de 2019, a cidade tinha apenas 10 moradores de rua ‘fixos’ – pessoas de Campo Mourão. Porém, até maio de 2023 eram 50. Em 2022, eram 56 vidas nesta situação. De lá para cá, o número reduziu bastante, para mais da metade, já que hoje são 23. Mas o ideal é que não houvesse morador nessa situação.

Outro dado que chama atenção é o perfil de idade desse público. Todos novos ou de meia idade. Atualmente, os moradores em situação de rua em Campo Mourão estão concentrados na faixa dos 18 a 30 anos e 40 a 59 anos. A maioria tem problema com algum vício – álcool ou algum tipo de droga ilícita-, ou então sofre de transtorno mental. “O problema é que a minoria aceita ajuda para deixar as ruas”, lamentou Tânia.