Grupo Amigos dos Diabéticos de Campo Mourão realizará 1º movimento DM1

  • Reportagem atualizada às 11h26, para acréscimo de informações repassadas pela secretária municipal de Saúde, Camila Kravicz Corchak.

O grupo Amigos dos Diabéticos de Campo Mourão (Adicam) realizará, neste domingo (30), o primeiro Movimento Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1). Os integrantes se reunirão na praça São José, em frente ao chafariz, a partir das 9 horas, e convidam a todos que queiram apoiar a mobilização.

O objetivo do movimento é mostrar representatividade na luta pela causa das pessoas acometidas pelo DM1 e chamar a atenção da sociedade como um todo, sobretudo representantes políticos e governantes do município. A intenção da Adicam também é reivindicar a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2687/2022, que busca a classificação do DM1 como deficiência para todos os efeitos legais.

Atualmente, o projeto está na última instância, aguardando apreciação pelo Senado Federal. “Esse PL é muito importante para nós, porque, se não tivermos esse amparo legal, não podemos recorrer a muitas coisas”, desabafou Arsangela Vasselek, uma das fundadoras do grupo.

Arsangela é mãe de uma menina de 7 anos que desenvolveu diabetes com apenas 2. Ela fundou a Adicam, juntamente com Priscila de Moura Portela Bambini, que também tem uma criança com a doença.

Elas e outros familiares que fazem parte da comunidade enfrentam dificuldades no dia a dia para acompanharem os filhos nas escolas, conforme disse Arsangela, por falta de profissionais capacitados nas instituições de ensino para atuarem na aplicação de insulina nas crianças ou mesmo intervirem em alguma situação mais grave envolvendo a doença.

Em função dessa dificuldade, que impede muitos pais de trabalhar, por exemplo, como disse Arsangela, o grupo procurou a Secretaria Municipal de Educação no ano passado para ver o que poderia ser feito para auxiliar essas famílias que têm crianças com DM1, durante o período escolar. “Na escola, a gente não tem nenhum amparo legal para que possa ter uma pessoa lá para nos auxiliar”, falou.

Arsangela informou que uma das iniciativas da secretaria foi promover um treinamento para professores que têm em suas turmas alunos com a doença. A palestra foi ministrada por uma nutricionista, que tratou os assuntos principais relacionados ao DM1: o que é o diabetes, o que fazer para socorrer uma criança em caso de hipo ou hiperglicemia, entre outros.

Apesar de a ação ter sido vista com bons olhos pelo grupo, os integrantes consideram que apenas isso não é suficiente. “Ficou restrito a apenas algumas pessoas na escola. Então, quando elas faltam, a criança fica desamparada, ela corre risco de vida”, argumentou, acrescentando que, se não tiver uma pessoa preparada para socorrer uma criança com hipoglicemia, por exemplo, até o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegar, pode ser que não dê tempo de salvá-la.

A fundadora da Adicam também comentou que já foi tentado contato com a Secretaria Municipal de Saúde, pois, conforme identifica nesse tempo de diagnóstico da filha, poucos profissionais da área da saúde, além dos médicos, têm domínio sobre essa doença.

Por isso, a intenção era solicitar ajuda para serem feitas ações, pelo menos, uma vez ao mês ou a cada 15 dias, para que profissionais pudessem se reunir, fazer campanhas em postos de saúde, promovendo orientações sobre o DM1. “Mas nós não tivemos retorno”, disse.

A secretária municipal de Saúde, Camila Kravicz Corchak, informou à TRIBUNA que ela assumiu a responsabilidade pela secretaria em março de 2023 e que, desde então, a equipe não recebeu nenhum contato para tratar a respeito do assunto. “Desde que eu assumi, enquanto secretária de Saúde, nós não tivemos nenhum contato de associação, nem mãe, nem algum familiar de pacientes com diabetes tipo 1 para que a gente apoiasse em ações”, falou.

A secretária também ressaltou que o município, mediante a Secretaria de Saúde, oferta serviços para diabéticos. Por exemplo, realiza mensalmente o grupo de Hiperdia (voltado para pacientes em tratamento de hipertensão e diabetes), em todas as unidades de saúde do município.

Além disso, todos os pacientes que necessitam são encaminhados pelo médico clínico geral para os especialistas, como endocrinologistas. A população insulinodependente tem, ainda, à disposição lancetas e glicosímetros para fazerem o monitoramento e acompanhamento da doença.

Adicam

A Adicam é um grupo de pessoas de Campo Mourão e região que se interessam em compartilhar informações e conhecimentos relacionados ao DM1. Ainda não se trata de uma entidade formalizada. A maioria das trocas acontece, há cerca de 5 anos, via um grupo de WhatsApp, formado atualmente por 53 integrantes.

Entre eles, há crianças, adolescentes, adultos e idosos diabéticos, além de familiares, sobretudo quem tem filhos com a doença. Além da troca de informações, o espaço serve para doações de insumos, como insulina, por exemplo.

Muitas mães que têm filhos com diagnósticos recentes também acabam sendo amparadas por outras que já estão na ‘luta’ há mais tempo, como as fundadoras. O apoio é voltado tanto para aspectos psicológicos quanto para orientações básicas, como que alimentos podem ser fornecidos às crianças, como aplicar insulina, entre outras.

Há bastante tempo, o propósito é transformar o grupo em uma associação, reconhecida como uma entidade sem fins lucrativos. “A gente não conseguiu tirar ainda de forma burocrática do papel essa associação, mas sempre nos ajudamos e damos um apoio muito grande para as pessoas, inclusive aquelas que têm recém-diagnóstico”, comentou Arsangela.

O tratamento do DM1 exige o uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose no sangue. Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Sobre a doença no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, o Diabetes Mellitus é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose (açúcar) no sangue e garante energia para o organismo.

O diabetes pode levar ao aumento da glicemia, sendo que as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, a doença pode levar à morte.

Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Diabetes, com base no Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que há aproximadamente 20 milhões de pessoas vivendo com a doença no país, o que representa cerca de 10% da população.

O Ministério da Saúde define que o DM1, por exemplo, em geral, é uma doença crônica não transmissível, hereditária, que concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil.

O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue.

O tratamento exige o uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose no sangue. A causa desse tipo de diabetes ainda é desconhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas de vida saudáveis, cuidando da alimentação, praticando atividades físicas e evitando álcool, tabaco e outras drogas.

Serviço

Representantes da Adicam solicitam que os participantes do movimento se reúnam na praça São José de Campo Mourão neste domingo (30), a partir das 9 horas, usando camiseta azul, que representa as mobilizações de diabetes no Brasil, e balões pretos. Mais informações sobre a mobilização ou a Adicam podem ser coletadas diretamente com a Arsangela, pelo número: (44) 9766-7840.